quinta-feira, 30 de abril de 2009

HAICAI 16

Penetrante atuar.
Um, dois, três.
Ménage à trois.

A DAMA E O VAGABUNDO

Só a dama viu que dentro do
vagabundo havia o cavalheiro.
Quis fazer dele seu príncipe.
Mas o cavalheiro, coitado,
não conseguiu ver a mulher
apaixonada dentro da dama –
só conseguiu ver nela a rainha.
Assim foi que dama e vagabundo
continuaram dama e vagabundo.
Ficou ela sem um príncipe.
Ficou ele sem um reino.

JOHNNY O. AND JIMMY Y.

Ontem, quarta-feira, tive o privilégio de conferir apresentação com Johnny O. num dos bares da cidade. Ele é vocalista, guitarrista e fundador do grupo Johnny O. Band. Na apresentação de ontem, Johnny O. foi acompanhado pelo baterista Jimmy Y., que já esteve em Patos de Minas anteriormente em três ocasiões.

Executaram principalmente clássicos do blues, bem como algumas canções compostas por Johnny O. Ambos músicos tarimbados, fizeram um show envolvente, técnico e bonito. Na ocasião, comprei um dos CDs da banda. Ainda não o escutei.

Do show, houve um instrumental que de cara me chamou atenção. Belíssimo. Assim que a música acabou, perguntei ao cantor o título: “Springtime”. Segundo Johnny O., vai estar no próximo CD da banda, que será lançado em breve. Caso queira mais informações sobre o grupo, você pode acessar o link para o site ou conferir o Myspace do pessoal.

domingo, 26 de abril de 2009

HAICAI 15

Busca sem fim.
Pelejo busco e acho
um brilhante sim.

CONTO 34

Quando o assunto é Deus, há em Daniel um lado racional que O concebe como matéria, podendo ser Ele explicado pela ciência. Mas há também em Daniel muito da educação católica que recebeu da mãe. Hoje, ele não mais se considera católico; largou igreja, ritos, mas a herança da mãe o faz pensar, entre outras coisas, em um Deus a escutar orações. Embora o lado racional de Daniel considere sem sentido tal concepção, há dois momentos em que ele não resiste e agradece a Deus – quando toma um banho bem quente e gostoso no inverno e, não importa a época do ano, quando vai se deitar e sente cheiro de roupa de cama limpa.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

FOTOPOEMA 76

AINDA BORGES

Há um pequeno poema de Borges que bem poderia ter sido usado como epígrafe do filme “Um sonho de liberdade” (“The Shawshank Redemption” – EUA, 1994), baseado numa história do Stephen King cujo título é “Rita Hayworth and The Shawshank Redemption”.

O filme é dirigido por Frank Darabont. Nos papéis principais, Tim Robbins e Morgan Freeman. E, pensando bem, a epígrafe poderia estar também na história criada por Stephen King. Diz o texto de Borges, intitulado “O prisioneiro”:

Uma lima.
A primeira das pesadas portas de ferro.
Um dia serei livre.

BORGES

Tertúlias literárias são um dos temperos mais bacanas que uma amizade pode ter. Num desses bate-papos literários, comentei recentemente com um amigo minha profunda admiração por Jorge Luis Borges. Depois da conversa, voltei, mais uma vez, a folhear os textos do argentino.

Borges é o escritor que mais me compele a escrever, quem mais acende minha imaginação. Não bastasse o texto dele em si, que acho admirável, bastam algumas páginas de Borges para que eu sinta uma imensa vontade de escrever meus textos. Não sei o motivo pelo qual isso ocorre. O que sei, é que Borges faz bem para a felicidade.

terça-feira, 21 de abril de 2009

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (50)

Hoje pela manhã, eu e meu amigo Diego Bueno Guimarães, competente enfermeiro e acupunturista, saímos para tirar algumas fotos, aproveitando o feriado e o dia bonito. No giro pelos arredores da cidade, fomos até o campo de futebol da AABB, onde há corujas. A da imagem acima estava do lado de dentro do alambrado do campo. Não estava sendo possível fotografá-la. Foi quando então Diego disse que se podia subir na mureta e colocar os braços por cima do alambrado, o que foi feito. Devo a ele esta foto. Não fosse a sugestão dele, não me teria ocorrido a ideia de que eu poderia sair do chão para tirar a foto. Além do mais, a atenção da coruja é dirigida a ele, que ficou chamando a atenção da ave para que os olhos aparecessem claramente na imagem.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

LUZIA

Luzia é procurada indiscriminadamente por todo tipo de homens. Há rico que chega em portentosos carros importados. Há pobre que longe caminha para ir ter com ela. Há casados que já largaram as esposas, foram à bancarrota. Há solteiros que vivem pedindo Luzia em casamento. Há gênios, há tolos...

Todos. Todos saem transidos de prazer e de loucura quando sentem na retesada e arrepiada pele o que Luzia sabe fazer. Saem sentindo no corpo a leveza do amor perfeitamente consumado e a certeza de que nunca mais poderão viver em paz se não tiverem novamente o dom com que Luzia os ensandece.

Luzia tem dinheiro. Cobra caro de quem pode pagar muito; cobra quase nada de quem não pode. Vive sem ostentação. Quando sai, não é daquelas que chamam a atenção. Não tem filhos, nunca foi casada. Com naturalidade, passa a ser a dona daqueles que recebem o que ela perfeitamente executa.

Não é a beleza de Luzia que deixa insanos aqueles que a procuram. Onde terá Luzia aprendido a arte que tem? O que a faz ser o que ela é? Será que alguém ensinou para ela a percorrer com assombrosa perfeição o corpo de quantos a procurarem?

Os dentes, a língua, os lábios, a saliva... Luzia faz com que todos os homens dela se tornem escravos sem que para eles entregue seu sexo – ela lhes entrega sua boca. Depois disso, nenhum homem jamais é o mesmo. Tornam-se servos, escravos, súditos, dependentes. Os que voltam para as parceiras depois de terem passado por Luzia passam a conviver com o fardo que é estar com uma mulher querendo outra.

Luzia, com seu feitiço oral e seus truques úmidos. As cavernas, os mundos antigos e animalescos em que os homens mergulham quando ávida e sofregamente procuram por ela. Eles a procuram em busca de possível felicidade terrena, ainda que fugaz, ainda que utópica, ainda que cara, ainda que louca. Eles a procuram porque são bichos, mas também porque sentem na carne o que é uma alma feliz e toda plena de prazer e gozo. Luzia, com suas idas e vindas, com sua gula, sua lascívia e seu profissionalismo. Luzia, que revigora os homens. Luzia, onde os homens querem ficar até que a vida os deixe, num epífano grito de prazer.

sábado, 18 de abril de 2009

FOTOPOEMA 75

(Para quem é daqui de Patos de Minas se localizar: o verde ao fundo é o campo de futebol da AABB. Para todos: a coruja não está em cativeiro.)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

CONTO 33

Sofia ficou realmente surpresa quando Marcos disse que o corte de cabelo dela havia ficado muito bom. Ela gostou demais do elogio. Marcos era louco para fazer amor com ela; por isso frequentava o restaurante há um ano e meio. Mesmo assim, não achava um jeito de se aproximar da mulher; mal trocava palavras com Sofia, que ficava no caixa. Ela se assustou com o comentário porque ele era um cliente lacônico, embora cortês. O que Marcos não soube é que seu elogio foi mais eficaz do que ele suspeitara: Sofia passaria o resto do dia concebendo em devaneios um atencioso Marcos, ao mesmo tempo em que os pensamentos dela repreendiam o marido, por ele nem ter reparado que ela tinha um novo corte de cabelo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

QUE TAL UMA RAPIDINHA?...

Há pouco, li curiosa matéria sobre um norueguês que foi preso porque estava transando com a namorada – enquanto ele dirigia o carro a 133 quilômetros por hora numa rodovia da Noruega (o limite de velocidade na rodovia é de 100 quilômetros).

Os nomes do casal não foram relevados. Ele tem 28 e ela tem 22. Segundo relatos das autoridades, a polícia logo percebeu que o motorista estava fazendo algo mais do que quebrando o limite de velocidade, pois o carro estava balançando de um lado para outro.

De acordo com a polícia, a mulher estava sentada sobre o homem, de costas para ele. Em função disso, a visão do motorista era debilitada. O casal foi seguido pela polícia por quase um quilômetro.

Para mais informações confira este link (em inglês).

terça-feira, 14 de abril de 2009

FOTOPOEMA 73

COMBINAÇÃO

Uma palavra sozinha não faz literatura.
Uma nota sozinha não faz música.
Uma cor sozinha não faz pintura.
Uma pessoa sozinha dá uma mão para o amor.

domingo, 12 de abril de 2009

FOTOPOEMA 72 / PAPARAZZO

FOTOPOEMA 71

EPITÁFIO

A vida é um sopro.
Hoje, o soprado fui eu.
_____

(Este texto me ocorreu enquanto eu pensava no mais recente blogue – Epitaphius – criado por Manoel Almeida, rara inteligência. A ideia do Epitaphius é publicar citações que possam funcionar como... epitáfios – mas sem que necessariamente tenham sido escritas com essa finalidade. Essa recontextualização das citações gera um efeito no mínimo curioso. Vale a pena conferir.)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

PRÁTICA DE AMOR

De que te amo não há dúvida.
Claro e vigoroso é meu amor.

Nada quero no ar, não quero dar a entender.
De meu amor, tenha tudo, menos dúvida.

Meu amor acontece no peito, bem sei.
Meu amor acontece em gestos, bem sabes.

Eu quero o concreto e o palpável.
Tenha em tuas mãos meu amor que é teu.

Menor eu seria se não soubesses de meu amor.
Gigante sou quando ação é meu amor.

Amo de um jeito prático e efetivo.
Não deixo de lado a poesia dos atos.

Meu amor, eu o penso e sinto.
Em gestos, eu o tenho e vivo.

LETRA DE MÚSICA (7)

Esperei por você o dia inteiro.
O dia se cansou; veio a noite.
Continuei esperando.
A noite se cansou; veio outro dia.
Continuei esperando.
Este dia se cansou; veio outra noite.
Continuei esperando.
Esta também se cansou.
Continuei esperando.
Eu te esperei.
Eu te esperei sem me cansar
até o dia em que dias e noites
se cansaram e me deixaram.