sábado, 22 de junho de 2013

CONTO 65

Amâncio deixara a Praça Bandeirantes; entrou na Marechal Floriano. À direita, perto do meio-fio, uma moça pelejava com uma moto, que não pegava. Ele passou, olhou... Seguiu o percurso, mesmo com algo na cabeça sussurrando que ele deveria voltar e ajudar a moça. Os segundos se passavam. Pelo retrovisor, observou que ela continuava parada, tentando fazer a moto pegar. Ele cruza a Barão do Rio Branco, indeciso: volta ou não? Sabe que se não voltar, vai se arrepender depois. Ao mesmo tempo, não age. Uma multidão de pensamentos se manifestam. Não pode continuar se afastando, na certeza de que se a próxima esquina vier, não voltará. Diminui drasticamente a velocidade, sem, contudo, dar meia-volta. Pensa em acelerar; não o faz. Pensa em voltar; não volta. Dá uma última olhada no retrovisor. Já não consegue divisar nem a moça nem a moto. Num gesto definitivo, volta.

LUAU

Ontem à noite, mal tendo a Lua surgido, tive vontade de fotografá-la. A intenção não era “simplesmente” fotografar o satélite: eu queria que algo mais compusesse o quadro — mas que fosse algo que não denotasse urbanidade, mesmo a foto sendo tirada nas ruas.

A pouco mais de uma esquina de distância daqui de casa vislumbrei a possibilidade de uma composição. Parei a moto, desci e comecei a fotografar, usando uma lente 100-400 e um “flash”.

A “névoa” que compõe as duas primeiras imagens é “desvendada” na terceira. Para realizar as fotos, usei o foco manual. Ao focar a Lua, a “névoa” era produzida. Na última foto, em vez de focar a Lua, foquei o que é de fato essa “névoa”.

Para conseguir o “efeito” verde sobre a Lua, a lente estava com o zum máximo. Além disso, usei também a máxima abertura, precisamente para conseguir o máximo desfoque possibilitado pela lente. O “flash” foi disparado.