De alguns anos para cá, as redes sociais e os comentários deixados em “sites” de notícias mostraram o quão despreparado o brasileiro está para o debate, seja ele qual for. Confirmou-se o tamanho gigante desse despreparo também na questão política, pois o que deixa de ser debatido é, precisamente, a política.
O teor desta postagem não é, em sentido estrito, político. Se fosse para adjetivar esse teor, eu diria que ele é sociológico; ou, talvez, psicológico. Mas não me importa agora adjetivar com exatidão o que escrevo. Este parágrafo aqui está como tentativa de esclarecer que esta postagem, em vez de se deter sobre questões políticas, parte do princípio simples de que antes de haver um profissional, há um ser humano. Qualquer um deve, antes de tudo, ser respeitado por isso. Sei que digo truísmos, mas os digo porque coisas básicas estão ausentes.
As redes sociais mostraram que muitos, ao se referirem a Dilma, deixaram de lado questões políticas e se detiveram em questões pessoais. Já quando da posse para o segundo mandato, escolheram falar mal do... vestido dela. À medida que o tempo ia passando, houve de tudo: disseram que ela é como é por falta de sexo; no dia internacional da mulher, mulheres postaram textos do tipo “feliz dia das mulheres para nós — menos para a Dilma, que não merece” (curiosamente, muitas delas não se rebelam contra o que um Bolsonaro diz sobre as mulheres); ela foi xingada de todas as ofensas que são dirigidas contra o sexo feminino; inseriram a imagem dela sendo queimada em fogueira...
Nos estádios, entoaram para ela “vai tomar no c*”; em adesivos de carro, pegaram a imagem dela e a colocaram, com as pernas abertas, no lugar em que a bomba é colocada no veículo quando se abastece. Foi uma constelação de indelicadezas, futilidades, falta de educação, grosserias, preconceitos, machismo, misoginia e ódio. Uma parte do Brasil mostrou a cara que tem.