domingo, 19 de maio de 2019

A renovação não virá

O Atlético Mineiro fez um péssimo negócio quando demitiu Thiago Larghi e contratou Levir Culpi. Não tendo ele feito trabalho bom na recente passagem pelo clube, foi demitido; no lugar dele, a equipe contratou Rodrigo Santana, enquanto o time partia em busca de novo técnico; flertou-se com Rogério Ceni; as negociações não foram para frente.

O técnico Jorge Jesus assistiu no estádio Independência ao jogo entre Atlético e Flamengo, ontem, o que foi o bastante para que se cogitasse que o português possa ser contratado pelo time de BH. Todavia, Rodrigo Santana (que já treinou a URT) tem feito um belo trabalho no Atlético, que está, com doze pontos, a apenas um do líder Palmeiras. Impossível prever, mas pode ser que em vez de efetivar um técnico que tem feito um belo trabalho, o Atlético se dê mal, investindo num técnico conhecido mas que pode não dar certo no clube, o que seria, em poucos meses, uma reedição do que ocorreu quando Larghi foi demitido e Culpi foi contratado.

Os chamados técnicos de grife, também conhecidos como medalhões, não têm mostrado desempenho à altura do nome ou da fama que têm. Mesmo Felipão, cuja equipe lidera o campeonato brasileiro, é criticado por não propor nada novo, por insistir num esquema de jogo anacrônico, mesmo a equipe sendo a líder do torneio.

Mano Menezes, outro dos técnicos graúdos, é questionado, estando no Cruzeiro há tempos e mesmo tendo conquistado títulos na equipe. Os que cobram mais de Mano alegam que, com o elenco que ele tem em mãos, era para o Cruzeiro estar jogando um futebol bem melhor do que o praticado atualmente. O campeonato brasileiro está no começo, de modo que não é hora ainda de ligar o sinal de alerta quanto à performance da equipe no que diz respeito a rebaixamento. Todavia, caso o time não avance na Libertadores, em que terá parada duríssima, contra o River Plate, e caso empenho e desempenho no campeonato brasileiro continuem ruins como estão, o trabalho de Mano talvez passe a ser questionado até por aqueles que ainda concordam com o que ele tem feito.

Vanderlei Luxemburgo, após hiato longe do futebol como técnico, estreou hoje no Vasco, que, em São Januário, empatou com o Avaí — 1 a 1. Luxemburgo é outro medalhão que há tempos, não só pelo tempo que ficou longe dos campos, não propõe nada novo. Tem a chance agora, no comando do Vasco. Será mais do mesmo ou vai apresentar alguma ousadia? Lembremos que o elenco do Vasco está longe de elencos poderosos, como os do Flamengo, do Grêmio ou do Cruzeiro.

Poder-se-ia argumentar que por isso mesmo seria difícil para Luxemburgo ousar, pois o elenco não daria ao técnico possibilidade de inovações. Todavia, a nova geração de técnicos tem o nome de Fernando Diniz, que está no Fluminense; mesmo tendo Ganso no elenco, o time não é estrelado como o de outras equipes brasileiras. Diniz não pode ser acusado de não buscar novos caminhos para o futebol praticado no Brasil. Sem elenco badalado, tem mostrado ímpeto e exibido um jeito de jogar que pode não agradar aos defensores do futebol proposto pelos medalhões, mas que é um alento na pasmaceira do futebol nacional. Não creio que os medalhões vão apresentar algo novo. Restaria torcer para que os dirigentes investissem em novos e ousados fôlegos. Mas duvido de que isso vá ocorrer. 

Fim do namoro?

Esta é a capa da piauí deste mês. Está aqui por duas razões: há dias, eu a postei em rede social, mas não consegui, na ocasião, descobrir de quem era a autoria do desenho; é de Nadia Khuzina. Eu já suspeitava de que fosse dela, por ela já ter feito outras capas para a revista, mas não tinha então a certeza. Crédito dado, pois. 

A outra razão pela qual publico a capa do periódico: Olavo de Carvalho anunciou que não mais se meteria no governo, o que foi interpretado como sendo ele mais um apoiador a ter pulado fora. Não sei se Carvalho já mudou de ideia quanto a não se meter no governo e se ele está mesmo pulando fora. Se estiver, o namoro da capa da piauí teria chegado ao fim. De qualquer modo, ainda que Carvalho pule fora do barco, o barco não vai pular fora de Carvalho. A não ser que o barco afunde de vez.

À parte Carvalho, recentemente, o cantor e compositor Lobão anunciou que pulou fora. O MBL também sido crítico contra o governo federal. Para o MBL, Carvalho é influência nefasta, com o que concorda a ala militar do governo. Todavia, o núcleo familiar de Bolsonaro obedece às ordens de Carvalho.

O que é fato: com apenas cinco meses de governo, já se fala em impeachment. Tanto que anteontem (ou, talvez, trasanteontem), no medidor de tendências do Google (Google trends), buscas como “impeachment inabilidade” e “impeachment de Bolsonaro entra no radar” aumentaram (captura de tela na postagem).

Ainda que o governo federal tenha se mostrado inábil para negociar na câmara dos deputados, não conseguindo se articular nem com os aliados, ainda que os setores que apoiaram Bolsonaro não consigam se entender, não vislumbro impeachment, no que posso estar errado. Se o governo cair, terá sido por outro(s) fator(es). Se.