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Segundo o Houaiss, possível definição para “genocídio”: “Extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade”. Outra definição para o termo: (...) “Submissão a condições insuportáveis de vida”. Quem realiza genocídio ou quem extermina coletivamente é genocida. Não é desarrazoado chamar de genocida quem diz de si mesmo “minha especialidade é matar”.
2
Há os que — não raro, com cinismo — lavam as mãos, preferem ignorar a palavra, como se ela pairasse independente ou fora de quem a utiliza, como se ela não fosse sintoma de quem dela se vale. Ora, a palavra está ligada a quem a profere, é expressão de quem a emite, mormente quando dita de modo deliberado ou reiterado. Não se deve desvincular a palavra daquele que a expressa. Os que votaram em Bolsonaro sabiam das palavras que ele proferira antes das eleições que fizeram dele o presidente. Votaram de modo consciente em quem há tempos defende tortura e ditadores, votaram em quem dissera, antes das eleições, “minha especialidade é matar”.
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Aquele que disser de si
“minha especialidade é dirigir”
pode ser chamado de motorista.
Aquele que disser de si
“minha especialidade é cuidar”
pode ser chamado de enfermeiro.
Aquele que disser de si
“minha especialidade é tocar”
pode ser chamado de instrumentista.
Aquele que disser de si
“minha especialidade é matar”
pode ser chamado de Bolsonaro.