sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CONTO 60

A porta estava quase se fechando, mas Alan conseguiu entrar no elevador. Além dele, um homem e uma mulher. Mal o elevador começa a subir, o casal se junta e começa a se beijar. Alan, a princípio, fica sem jeito, mas não consegue deixar de olhar. O homem aperta a mulher contra a parede; o beijo prossegue. Segurando com firmeza os cabelos dela, ele começa a passar a língua pelo pescoço; ela olha para Alan, que tem a impressão de estar sendo convidado. “Voyeur” involuntário, ele não sabe o que fazer, embora não consiga não olhar para o rosto dela. Então, o tranco: o elevador para. Aberta a porta, Alan sai quase correndo. Nunca comentou com ninguém, mas ficara com água na boca.

"FOGO DO CÉU"

O rastro de fogo que é produzido quando um objeto entra na atmosfera terrestre atiça a imaginação de nós, terráqueos. E, dependo do caso, o temor. Eu, por exemplo, ainda moleque, fiquei morrendo de medo do Skylab, uma estação espacial americana que passou pela atmosfera e se desintegrou, embora estilhaços tenham atingido trechos do oeste da Austrália. Isso foi em 1979. Eu, menino bobo de oito anos, pensei que o mundo fosse acabar.

A queda de um meteoro aqui, por si, já deixaria a imaginação ligadona. Contudo, como se não bastasse, um deles rasga o céu da Rússia bem no dia em que passa perto (em termos espaciais) da Terra um outro corpo, conhecido como 2012 DA14. 

Segundo cientistas, o 2012 DA14 tem quarenta e cinco metros de comprimento. Caísse na Terra, causaria muito dano. Mas, ainda segundo cientistas, o mais perto que ele chega daqui é a distância de uns 27.000 quilômetros. Pode-se dizer (sempre em termos espaciais) que o asteroide passou rente à Terra. Ele tirou um fino (por aqui se diz “tirar uma fina”) do planeta em que vivemos.

O que caiu na Rússia não tem relação com o 2012 DA14. Contudo, reacendem velhas superstições, medos e “teorias”, mesmo sabendo-se que a Terra é atingida por corpos vindos do espaço há tempos. O episódio de hoje, na Rússia, trouxe à mente o de Tunguska, na Sibéria, em 1908. O asteroide entrou na atmosfera e explodiu. Árvores foram derrubadas numa área de 1.000 quilômetros quadrados.

Certa vez, a CNN exibiu “Fire from the sky” [Fogo do céu]. É justamente sobre a possibilidade forte de a Terra ser atingida por um asteroide. De acordo com o documentário, pequenos deles chegam perto do planeta diariamente. Contudo, por serem pequenos, muitas vezes são dizimados na atmosfera. Mas segundo a produção da CNN, se um deles, do tamanho de um campo de futebol, atingir a Terra, o efeito será devastador... 

CONTO 59

Às vezes, Clever não tem a impressão, mas a certeza de que Susana está com saudade dele. É uma certeza tamanha que ele consegue retê-la entre seus dedos saudosos. Mas a seguir supõe que isso é resultado da saudade exata e palpável que ele sente de Susana. Nessas tantas ocasiões, mesmo depois de digitadas as palavras, ele deixa de enviar a mensagem.