segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Inefável

Há instantes,
afeito a buscar 
os deslimites de si mesmo,
o corpo explodiu 
para si e
para o outro.

Há pouco, 
lancinante e selvagem;
agora, malemolente,
descansa,
curtindo, 
íntimo do nirvana,
o amor gozado. 

Causa mortis

Meu amor, 
não me seduz,
esse negócio de
morrer de amor.
O que vale mesmo a pena 
é morrer amando. 

Sobre fotografar animais silvestres

Eu já disse em outras ocasiões que o fotógrafo de natureza acaba se tornando uma espécie de etólogo amador (a etologia estuda o comportamento dos animais). Alguns exemplos: onde se avista um anu (não se importa se branco ou se preto), mais anus certamente estão na área, pois são aves gregárias, convivem em bandos; os tucanos têm hábitos mais ou menos definidos, o que quer dizer que se num dia são avistados em determinada hora e em determinado lugar, por certo serão avistados no mesmo lugar e na mesma hora no dia seguinte; a coruja-buraqueira pode ser facilmente achada em descampados; na região de Patos de Minas, tesourinhas podem ser avistadas em setembro...

Mas, é claro, há muito de imprevisível nessa história toda. Foram diversas as vezes em que saí para fotografar determinada espécie, mas acabei fotografando outra. Conhecer os hábitos dos animais ajuda muito, mas não garante os registros. Com relação à sorte, eu não saberia dizer até que ponto ela influencia a fotografia de animais ao ar livre. Seria inconsequente eu dizer que a sorte nunca interfere; todavia, asseguro que na maioria das vezes, uma foto que, para o leigo, parece questão de sorte, é, na verdade, fruto de centenas de cliques e de muita paciência, além de um olhar atento para a natureza. Quando se trata de registros profissionais de seres silvestres ao ar livre, não há sorte de principiante. Se houver sorte, é sorte de quem tem na bagagem milhares de cliques.

Registros profissionais não ocorrem sem paciência nem sem técnica. É preciso saber esperar. As horas de toda a manhã podem não propiciar foto alguma, mas quando volto para casa nem que seja com pelo menos uma boa foto, a saída fotográfica terá valido a pena. E mesmo que não haja sequer um registro satisfatório, o fotógrafo de animas silvestres sabe que esse tipo de fotografia quase nunca oferece condições de fazer registros em profusão. Por isso mesmo, quando a oportunidade surge, é preciso pensar e agir rápido, pois não se pode contar com a colaboração dos modelos. 

Por música


Passarinhedo