Na quinta-feira, dia vinte e nove de março, o papa Francisco
lavou pés de detentos numa penitenciária em Roma. O chefe da igreja católica
alegou ser tão pecador quanto os que estão presos.
Assim que li a notícia, eu me lembrei do Doria, em São
Paulo, que contrata caminhão com mangueira para jogar água em mendigos, a fim
de que saiam do centro da cidade. A água do papa foi para lavar os pés dos
presos, em gesto pleno de simbolismo; a água de Doria foi para “limpar” São
Paulo, em gesto pleno de desumanidade.