domingo, 8 de junho de 2014

DE COR

Haja coração,
Aja, coração. 

FICANDO VELHO

Segundo Pablo Picasso, “leva-se muito tempo para ser jovem”. Há uma leveza, uma calma e um “descompromisso” que só a velhice pode trazer. A questão de que a velhice é necessariamente sábia é um mito — há velhos que são uns imbecis. Em contrapartida, para se chegar à sabedoria é preciso passar pelo tempo.

Dito de outro modo, tem-se então que a sabedoria é coisa de velhos, embora, é claro, não necessariamente de todos eles. A sabedoria não vem num clique: é preciso que ela seja buscada desde a juventude. É pouco provável que um jovem sem densidade se transforme num velho sábio. A juventude e o começo da maturidade já deixam entrever possível sábio.

A sabedoria é o prêmio da busca de toda uma vida. A velhice nem sempre pode dispor de um corpo saudável; ainda assim, uma saúde aceitável é uma grande aliada numa procura que deve ser diária, que leva tempo. Como coroação, quem sabe, ter-se-á a leveza e o espírito sugeridos na frase do Picasso. 

SEM BANDEIRAS

O fato de eu já ter escrito que sou contra a Copa por aqui (desde o anúncio de que o Brasil sediaria o torneio, fui contra) não me impede de prestar atenção no contexto. Tenho observado uma certa timidez com relação às manifestações a favor da Copa do Mundo. Até agora, poucas são as bandeiras, tanto nos carros quanto nas casas, mesmo a Copa sendo realizada em cidades brasileiras. Pode ser que esse cenário mude até a quinta-feira, quando começa o torneio; ou que mude caso o Brasil vá realizando um bom desempenho durante a competição.

Na cidade de São Paulo, alega-se que haveria o medo de se enfeitar um carro pela possibilidade de ele ser vandalizado por black blocs. Contudo, pelo que me consta, não há esse medo por aqui. Suponho que se mais pessoas não colocaram bandeira em seus carros, estando aqui em Patos de Minas, a razão seria outra. Em nome de um, vá lá, senso de pertencimento, estariam com vergonha de demonstrarem a paixão pelo futebol e serem consideradas alienadas? Estariam com medo de... darem bandeira? Não me parece ser o caso.

Ruas pintadas, igualmente, têm sido raridade. Uma creche aqui perto de casa pintou bolas de futebol e a bandeira do Brasil no asfalto; já vi escola com a fachada enfeitada. Se por um lado bem sei que enfeitar fachadas ou ruas não implica necessariamente patriotismo, por outro, paira uma atmosfera única: parece haver no ar um certo medo, bem como uma alegria contida.