quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O DESPERTAR DE BRUNO FONTOURA


É incrível como algumas canções conseguem nos capturar de imediato. Bastaram os primeiros acordes de “Despertar”, de Bruno Fontoura, para que me ocorresse: “Putz. Demais!”.

Quando me torno cativo de uma canção, eu a escuto inúmeras e inúmeras vezes — seguidamente. Já nem sei quantas vezes escutei “Despertar” hoje.

Um belo arranjo, uma bela melodia, uma bela letra (abaixo) do músico, cantor e psicólogo Bruno Fontoura. O artista foi o tecladista da banda O Gabba no CD “Alerta”, um discaço.

Quando ainda garoto, o Bruno vinha muito aqui em casa, pois ele era colega do Edgar, meu irmão caçula. Nesse tempo, os dois já estavam às voltas com os teclados. Mal o Bruno chegava e eu pedia a ele para “atacar” de “Electricity”, do OMD.

Ficamos sem contato por um bom tempo, quando novamente passei a conviver com ele, dessa vez como professor dele no antigo Colégio Objetivo, aqui em Patos. Tempos depois, quando a formação original de O Gabba já havia sido desfeita, tive a grata surpresa de conhecer o Bruno cantor.

Ele cria discretamente. A impressão que tenho, é a de que realiza seu trabalho sem pressa, do jeito que lhe agrada, no ritmo que lhe convém, sem ter de dar satisfação a nenhum tipo de pressão, o que é um baita privilégio.

“Despertar” tem uma atmosfera tranquila, pacificadora; é um alento musical. Tem um otimismo bonito, embalado pelo jeito comedido de o Bruno cantar. Quanto à letra, os versos “não há destino escuro aqui / que eu não possa clarear” são de uma beleza sublime e espantosa.
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Despertar - Bruno Fontoura (Bruno Fontoura)

Faça tudo cedo. 
Deixe todo enredo ficar pra trás.
O que se faz mais cedo 
é muito menos peso pra se deixar.
E tudo que lhe causa medo, 
será só mais algum brinquedo
e nunca mais vai causar.

Se o que lhe toca veio, 
sempre há um meio de se livrar.
Apague todo medo, 
se livre do receio de se entregar.
Sempre vai haver caminhos 
e nele trilhará sozinho;
nalgum lugar brilhará.

O sol. Nasceu a luz.
À noite lua clareia.
Não há estrada escura aqui 
que eu não possa caminhar.
O sol quem me conduz;
à noite, lua, fogueira.
Não há destino escuro aqui 
que eu não possa clarear.

VAI UM CAFEZINHO?...


Fazer esta foto não foi fácil. Não pela dificuldade técnica: é que eu estava sozinho. Tive de segurar a câmera, fazer o foco e despejar o café na xícara. 

Como não gosto de fotografar observando a composição no visor maior (o “live view”), mas, sim, “colando” a câmera no rosto, para maior firmeza, isso dificultou um pouco mais, pois eu tinha de olhar pelo visor menor e despejar o café — sem olhar para a garrafa; não olhei para ela porque para fotografar fecho o olho esquerdo.

Era minha intenção fazer com que a garrafa não aparecesse no quadro. Eu a aproximei da xícara, comecei a despejar o café e a afastei. Outro desejo antes mesmo de tirar a foto era desfocar bem o fundo. Para tal, usei f/1.8 (a abertura máxima da lente é f/1.4). 

O procedimento de segurar a câmera e despejar a bebida acabou fazendo com que eu “desperdiçasse” quatro xícaras, aprontando a maior lambança sobre a mesa. Mas, no fim das contas, valeu a pena: o café, que acabara de ser feito momentos antes da sessão de fotos, ficou o “bicho”. Aceita?...

PUBLICAÇÕES

A Piauí de janeiro tem uma tradução, feita por Mario Sergio Conti, daquele famoso trecho do Proust — o episódio da madalena, um bolinho que o narrador toma com chá. A experiência faz com que ele resgate o passado e, por consequência, escreva o texto.

Também na Piauí, um hilariante diário fictício de Dilma Rousseff. André Lara Resende escreve sobre o otimismo. Há ainda uma breve matéria sobre um concurso de cartas de amor que foi realizado em Belo Horizonte.

O jornal Le Monde Diplomatique Brasil deste mês tem um editorial sobre a corrupção no Brasil; um marco. Há texto que pergunta se as chamadas “commodities” [bens em estado bruto, de origem agropecuária ou de extração mineral ou vegetal] são o novo sigilo fiscal dos suíços.

A Alfa, também deste janeiro, tem um perfil de Nelson Piquet. Na edição, uma bela matéria e um belo ensaio fotográfico com a cantora Céu. Indico finalmente o texto sobre Daniel Day-Lewis.