terça-feira, 22 de março de 2016

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O que faremos
de nossas bocas
se a minha não beija a tua
e se a tua não percorre a minha?

O que faremos
de nossas mãos
se elas não se conduzem?

O que faremos
de nosso tesão
se o meu não causar o teu
e se o teu não provocar o meu?

O que faremos
de nossos corpos
se não estão juntos
de madrugada?

O que faremos
de nossa saudade,
de nossas risadas,
de nossos livros,
de nossos poemas?

O que faremos
do que queremos contar
um para o outro?

O que faremos
de nosso agora
sem um aqui nosso?

O que faremos
de nosso aqui
sem um agora nosso?

O que faremos
de nossos olhares
quando um procurar
pelo olhar do outro?

O que faremos
do bar se não estamos
à mesa?

O que faremos
do chão se ele não apoia
a urgência de nosso amor?

O que faremos
um do outro
se um está
longe do outro?

O que farás de ti?
O que farei de mim?
O que fazer deste texto? 

Clinton, Fidel, Márquez, Obama

García Márquez era amigo de Fidel Castro e de Bill Clinton. Era criticado tanto pela amizade com este quanto pela amizade com aquele. Dizia que muitas das desavenças entre Cuba e EUA desvaneceriam se Fidel e Clinton simplesmente se sentassem para conversar. Hoje, Obama em Havana. Suponho que o escritor teria gostado de assistir a isso.