Primeiro tempo
São vários os paralelos entre o futebol e a vida. Assistir a uma partida de futebol é como assistir ao desfile do espetáculo da vida. Assim como na vida, no futebol, nem sempre as expectativas se confirmam.
A expectativa era a de que Atlético/MG e Fluminense fizessem um jogão. O time carioca iniciou a partida realizando um jogo cadenciado, investindo na posse de bola. O Atlético, quando a tinha, partia logo para o ataque.
Não era de se esperar que fosse diferente. O Fluminense está com as duas mãos no título. A ameaça maior à conquista é justamente o Atlético, que ainda pode ser campeão. Num cenário assim, natural que o time mineiro, jogando em casa, tomasse a iniciativa.
Aos catorze minutos do primeiro tempo um impedimento foi marcado contra o Atlético. A TV não repetiu o lance. Inevitavelmente, fiquei com a pulga atrás da orelha, devido às conversas de que o Fluminense estaria sendo favorecido pela arbitragem.
Por que o lance do impedimento não foi repetido? Para se poupar a arbitragem (Jaílson Macedo Freitas foi o juiz)? Por causa de acordo entre CBF e Globo? Ou seria por causa de um outro ajuste espúrio?... Sei que isso está soando a teoria da conspiração, mas é que desconfio de tudo o que leva a chancela da Globo, não importa o meio.
Para piorar, aos vinte minutos, Ronaldinho cobrou falta e marcou. De acordo com o juiz, Leonardo Silva empurrou a barreira, o que de fato ocorreu. Não vale aqui o argumento de que ninguém marcaria uma falta assim. Ademais, a cobrança foi tão bem feita que, ainda que a falta não tivesse ocorrido, Cavalieri, o excelente goleiro do Fluminense, não alcançaria a bola.
A torcida protestou, gritando “vergonha, vergonha!”. Contudo, o ocorrido não afetou o desempenho do Atlético, que era muito superior à atuação do Fluminense. Aliás, foi uma superioridade acachapante diante de um acuado Fluminense. O Atlético teve chance aos oito, aos quinze, aos vinte e sete, aos trinta e aos quarenta e três.
Aos quarenta e quatro, o início das bolas na trave. Primeiro, com Bernard; aos quarenta e cinco, foi a vez de Jô. Chute mesmo, o Fluminense daria um, aos quarenta e nove, em cobrança de falta. Contudo, a rigor, o bombardeio do Atlético foi inócuo no primeiro tempo.
Segundo tempo
O Fluminense melhorou no segundo tempo. Aos dez minutos, Wellington Nem marca, após passe de Fred. Aos catorze, Vítor, o goleiro do Atlético, realiza defesa. Reagindo, o Atlético acertaria a trave novamente. Pressionando, empata aos vinte e três, em chute forte de Jô. Aos trinta e seis, o próprio Jô desempataria, escorando cruzamento de Bernard.
Mas o Fluminense tem Fred. O cara é o artilheiro do campeonato. Embora apagado até o fim da partida, ele empataria novamente o jogo, quase aos quarenta minutos. Levando-se em conta a tabela do torneio, o empate teria sido um baita resultado para o Flu.
Falar de senso de justiça ou de justeza no futebol é algo muito complicado. Mais complicado ainda se levarmos em conta as maracutaias que há em toda parte. Contudo, considerando-se o massacre realizado pelo Atlético, as bolas na trave que acertou e a superioridade apresentada o tempo todo, a vitória atleticana refletiria de modo mais “correto” o que foi o jogo.
Aos quarenta e sete minutos, num jogo previsto para terminar aos quarenta e oito, Leonardo Silva faz o terceiro gol do time mineiro, depois de cruzamento de Ronaldinho. O Independência “desabou”. O resultado fez com que o Atlético fique a seis pontos do líder do campeonato.
O futebol é como a vida, que nem sempre premia quem merece. Além do mais, critérios de merecimento são amplamente discutíveis — no futebol e na vida. Assim, terminada a partida, o Atlético é o vencedor. Se os critérios fossem os meus, eu diria que o resultado foi merecido. Por fim, numa partida assim (foi um jogaço) ganham aqueles que gostam de futebol.