Mãe 1
Eram mais ou menos sete e vinte da manhã. Eu começaria a dar aula às sete e meia. Ao lado de onde eu trabalhava, havia uma padaria; eu estava tomando café. Foi quando chegou um garoto de uns, suponho, treze, catorze anos; a mãe o acompanhava.
— Mãe, me dá uma Coca-Cola.
— Meu filho, já falei com você. O café da manhã é uma refeição importante: você precisa se alimentar melhor...
— Mãe, me dá uma Coca-Cola.
O garoto recebeu o refrigerante.
— Mãe, quero uma esfirra.
— Meu filho, não é hora de comer essas coisas. Café da manhã é hora de comer frutas, de tomar leite...
— Mãe, quero uma esfirra.
O garoto a recebeu.
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Mãe 2
Eu estava num supermercado. Próximo à seção de chocolates, havia um garoto de uns, presumo, cinco ou seis anos. Ele seguia ao lado da mãe.
— Mãe, quero um chocolate.
— Já falei que você não deve ficar comendo essas coisas com frequência. Você vai comer chocolate quando eu disser que você pode comer chocolate.
— Mãe, me dá um chocolate!
— Você não vai ganhar chocolate hoje. Pronto e acabou.
O garoto começa a chorar bem alto. Exalta-se. Dá birra. Deita-se no chão, gritando. A mãe, de olhos arregalados, olha para o menino. Mesmo diante da situação, ela conferiu um tom calmo à voz:
— Hum, então o senhor agora aprendeu a dar birra. Pois fique aí com seu chilique. Eu tenho mais o que fazer.
Dizendo isso, a mãe saiu empurrando o carrinho de compras. O menino, cujos berros já podiam ser escutados em todo o supermercado, gritou mais alto ainda. A mãe, conseguindo aparente impassibilidade, continuou se afastando do garoto. Tendo chegado ao fim de uma das prateleiras, virou à esquerda, sem olhar para o filho, que parou, súbito, de chorar. Esperou alguns segundos. Não tendo mais notícia da mãe, saiu correndo atrás dela.