É muito comum as pessoas fazerem menção à pegada que o outro tem. “Pegada” é uma dessas palavras imprecisas que sabemos o que é quando estamos com quem a tem. Nessa imprecisão, há algo de literalmente palpável quando as pessoas, cheias de... pegada, louvam o ato erótico.
A pegada não está ligada só a questões do corpo. Claro que ela é dependente dele, mas, ao mesmo tempo, tanto maior ela é quanto mais ela possa contar com a imaginação ou com a inteligência. Precisamente por não depender só do corpo, há um convite e uma vontade que vêm daquilo que em nós e no outro não é só corporal.
Nessa mistura cujos elementos não sabemos precisar, há corpo, inteligência, imaginação, senso artístico, modos de encarar o mundo. No encontro dos corpos que vão se unindo no desejo de possuir o que é do outro e de dar ao outro o que se é, aquilo que não é palpável vem à tona, louco para desaguar na pele e na alma do outro. Um gozo que é feito de corpo, de imaginação, de inteligência, de sons, de tatos, de fogos.
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