segunda-feira, 22 de setembro de 2014

"COMPRE! COMPRE! COMPRE!"

Sempre digo que o H.G. Wells foi o inventor da publicidade e da propaganda. Digo isso por causa do livro “Tono-Bungay”, que é de 1909. Nele, Wells narra maracutaias de um comerciante na divulgação de elixir que não passa de panaceia. Há diálogos do livro que poderiam estar na boca de qualquer publicitário dos dias de hoje.

Questões políticas são discutidas, bem como os hábitos da sociedade inglesa da época. Mesmo assim, principalmente no primeiro terço do livro, é muito bom acompanhar Edward Ponderevo, o fabricante do Tono-Bungay, expressando a falta de escrúpulos quando se trata de divulgar seu “remédio”.

É óbvio que a publicidade e a propaganda estavam, quando o livro foi publicado, longe dos recursos técnicos de que dispõem hoje; incipientes, não tinham ainda a nomenclatura atual. “Tono Bungay” é rico por mostrar que há cem anos a mentira e o dolo já estavam presentes na imagem que se divulgava de um produto. Não é de hoje que vendem para nós a ideia de que comprar é a redenção para as tragédias que continuam inventando para nós. A cura está sempre numa mercadoria ou num serviço.

A edição que tenho foi publicada pela Francisco Alves; é de 1990. A tradução é de Maria Elizabeth Padilha; Gian Calvi foi o responsável pela capa, que, em bela ideia, foi concebida como se ela, a capa, já fosse um anúncio do Tono-Bungay. 

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