segunda-feira, 8 de setembro de 2008

VIDA & ARTE

Terminei de ler recentemente “Na natureza selvagem” (“Into the wild”), de Jon Krakauer. O que me levou a ler o livro foi o filme homônimo, do diretor Sean Penn – que é também o roteirista (para os fãs do Pearl Jam, o filme tem canções e músicas de Eddie Vedder). Eu não sabia que o filme era baseado em livro. Aliás, eu nada sabia nem do filme nem do livro. O que me levou ao filme foi o título. Deixando-me levar pelo pôster do filme e pelo título, pensei se tratar de um documentário...

Há momentos em que o filme lembra de fato a linguagem dos documentários, linguagem essa que acaba sendo adequada ao modo de vida de Chris McCandless, interpretado pelo ator Emile Hirsch.

Krakauer mostra-se envolvido com a vida de McCandless. As páginas do escritor tentam reconstituir e compreender o exílio de Chris McCandless no interior de Alasca. Filho de família rica, aluno brilhante e cheio de talentos, ele larga tudo após terminar a faculdade e se torna um andarilho, inspirando-se em figuras como Tolstoi, Thoreau e Jack London. Mas o autor de “Natureza selvagem” não deixa de apontar as contradições da personalidade do jovem. Como exemplo disso, a parcialidade do julgamento de McCandless, rigoroso com os pais e “condescendente” com seus ídolos: “Chris (...) era capaz de perdoar, ou fazer vista grossa, para os defeitos de seus heróis literários: Jack London era um bêbado contumaz; Tolstoi, apesar de sua famosa defesa do celibato, fora um entusiasmado aventureiro sexual quando jovem e teve pelo menos trezes filhos, alguns dos quais foram concebidos na mesma época em que o censório conde trovejava em letras impressas contra os males do sexo.

“Como muita gente, Chris julgava os artistas e amigos próximos pelo trabalho deles, não pela vida que levavam, mas era incapaz de estender essa tolerância a seu pai” (tradução de Pedro Maia Soares).

Krakauer tinha uma poética e triste história em mãos. Tristeza e poesia estão nas páginas de “Na natureza selvagem”.

Leia o livro, assista ao filme. Preferencialmente nessa ordem...

Um comentário:

Eli Vieira disse...

Lívio, assisti a esse filme no sábado passado. Também não sabia que havia livro.

O filme me agradou, mas não muito. Não creio que seja a história o que me impediu de ser mais agradado, acho que foi o modo como o filme foi editado.

Já pensou se eu fizesse a mesma coisa? Sumisse lá para a Patagônia?

Thoreau eu já li... Tolstói já tem minha simpatia (por ser essa figura hilária - imagine alguém que prega o celibato e sai comendo todas por aí!).

Mas você sabe que eu não faria isso simplesmente porque não é maneira de se adquirir conhecimento. Eu não enterraria nunca os meus livros como fez McCandless.

Abraço! Seu blog ficou bem melhor aqui.