segunda-feira, 8 de setembro de 2008

SHAKESPEARE

Na primeira vez em que li “Macbeth”, de Shakespeare, chamou demais minha atenção o quão rápido ficamos sabendo de quem se trata Lady Macbeth logo na primeira fala dela. Bastaria a primeira intervenção da nobre para se ter um amplo e nítido retrato de sua personalidade. Não me lembro de ver na literatura uma personagem tão bem delineada e definida em tão poucas linhas. Com pensamentos voltados para o marido, reflete Lady Macbeth: (...) “Não confio em tua natureza. Está totalmente cheia do leite da ternura humana para que possa escolher o caminho mais curto. Gostarias de ser grande, pois não te falta ambição; mas falta-te o instinto do mal que deve secundá-la. (...) Vem aqui para que eu possa derramar minha coragem em teu ouvido e castigarei com a valentia de minhas palavras todos os obstáculos ao círculo de ouro com que parecem coroar-te o destino” (...).

Criador de personagens densos e convincentes, Shakespeare faz com que, páginas depois, a mesma Lady Macbeth nos dê o seguinte “conselho”: “Todas as coisas irremediáveis deveriam ser esquecidas”. (A tradução das citações é de F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes.)

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