segunda-feira, 8 de setembro de 2008

SELVAGEM

Desde quando comecei a fotografar de modo mais intenso tenho refletido sobre como a fotografia vem me modificando, em especial a fotografia de natureza, que é a que mais faço.

Fotografar na natureza tem sido bom não somente pelo contato com as belezas naturais dos lugares que visito. Não bastasse a exuberância de um gavião, o colorido de um pica-pau ou a braveza de uma tesourinha, a fotografia de natureza tem me propiciado o contato com algo em mim que é selvagem, primitivo, básico. Fotografar a natureza foi ter contato com o que há de animalesco e selvagem em mim. Quanto mais vou me afastando da cidade, mais gostoso é ir sentindo a pulsação de uma natureza e seus mecanismos. Delicioso sentir que sou parte disso. Sou vida como aquilo que fotografo. Selvagem como o que fotografo.

Atribuímos à natureza comportamentos que são nossos. Assim, dizemos que um gavião é cruel porque, para se alimentar, mata filhotes de outras aves nos ninhos. Dizemos que os urubus são imundos ou que as formigas são vorazes. Estando em meio a eles, definir ou adjetivar não me importa. Sou somente mais um deles. Quero apenas estar com eles, observar e registrar o ciclo de vida de uma natureza que luta tenaz e diariamente para sobreviver, vinte e quatro horas por dia.

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