sexta-feira, 30 de maio de 2014

BOM-DIA

Amanheço 
quando abro os olhos.
Quando abro os olhos, 
eu te amanheço em mim. 

PELÉ E RONALDO NUM MESMO TIME

Desde o anúncio da Copa aqui no Brasil, primeiro, foi Pelé, que vem dizendo bravatas reveladoras de quem está mal-informado ou está interessado no próprio bolso (ou as duas coisas). Mais recentemente, Ronaldo, que tem destilado bravatas de quem está interessado no próprio bolso ou está mal-informado (ou as duas coisas). 

Em 2009, Ronaldo disse que não se relacionaria com Ricardo Teixeira; na ocasião, o ex-jogador disse que Teixeira era uma pessoa de “duplo caráter”. Já em 2012, Ronaldo, referindo-se a Teixeira, disse: “Ele é meu amigo e estou com ele no que precisar”. Depois, Teixeira ver-se-ia obrigado a renunciar à CBF.

Obviamente, não é minha intenção neste texto fazer um daqueles rançosos discursos de quem é contra as pessoas ganharem dinheiro. A riqueza deles não me incomoda, e não vejo problema caso queiram aumentar a fortuna que já têm. O que desaprovo são os esquemas de que se valem. Por fim, nem todo jogador é um Tostão, que soube tratar bem a bola e sabe tratar bem a inteligência do leitor. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

APONTAMENTO 211

Exercer os talentos é o melhor modo de agradecer à vida pela existência deles. 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A SENHORA E O MÉDICO

Desde quando escrevi sobre o atendimento mal-educado e incompetente que parte dos médicos têm prestado, muitas pessoas têm me contado sobre o que têm passado nos hospitais de Patos de Minas. Há histórias para todos os gostos — de horripilantes erros médicos a históricas deselegâncias.

Há pouco, fiquei sabendo do caso de uma senhora que estava passando mal; não vislumbrando outro recurso, foi a um hospital da cidade, lá chegando por volta de 22h. O médico foi quem iniciou o diálogo entre os dois, dizendo: “Não sei se isso são horas de passar mal”.

Nesse caso, senhora, o médico está certo. É obrigação saber que qualquer ser humano sensato não passa mal às 22h, hora em que os médicos já não mais estão exercendo o ofício. Nessa hora, já estão em casa, descansando — o repouso, a propósito, é recomendado por qualquer profissional da saúde.

Numa próxima, tenha algum senso; escolha um horário mais apropriado quando for passar mal. Sugiro os seguintes: entre 10h e 11h ou entre 14h e 15h. O horário entre 10h e 11h poupa os médicos de terem de levantar muito cedo, permitindo a eles reporem a energia despendida no dia anterior; o horário entre 14h e 15h não atrapalha o almoço nem impede o lanche da tarde, de modo que os médicos possam repor a energia gasta nas horas anteriores. 

Além do mais, passando mal nos horários que recomendo, a senhora não vai fazer com que o médico tenha de sair do lar para atendê-la. É inconveniente para qualquer profissional ter de sair de casa para trabalhar fora do horário estipulado. Ainda que o médico esteja de plantão, digamos, à noite, procure não incomodá-lo. Afinal, é notório que a noite não foi feita para que passemos mal. É no mínimo falta de ética não seguir esse preceito.

A rigor, é um acinte passar mal às 22h, senhora. A medicina tenta aliviar os sofrimentos do homem. Ora, como um médico poderá exercer tão nobre tarefa se os pacientes não colaboram?! Para que um médico tente aliviar o sofrimento de alguém, ele, médico, precisa de alívio. Portanto, não seja um fardo para a medicina.

O mundo já está cheio de pessoas que se esqueceram da cordialidade, da gentileza. Se a senhora não pode ajudar, sendo mais compreensiva, mais recatada, mais solidária, tente pelo menos não atrapalhar quem está trabalhando — ou quem não está trabalhando. Tente não ser um fardo; tente ser menos molenga. 

CLÃ

Neta de João Havelange, filha de Ricardo Teixeira. A moça vem de estirpe “nobre”. O que tinha para ser dito já foi, Joana. 

terça-feira, 27 de maio de 2014

MARINHEIRO

O amor é mar:
envolve e cala fundo.

O amor é mar:
o tempero é sal.

O amor é mar:
navegar é tormenta.

Aprende a nadar. 

EFEITO

Preciso de muita coisa.
Você, então, surge.
Súbito, não preciso de mais nada. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

ELLUS

Abaixo esta Ellus atrasada.

METENDO A COLHER


SEM PALAVRAS

O Woody Allen escreveu (cito de memória): “Fiz um curso de leitura dinâmica e li ‘Guerra e paz’ em duas horas; sei que tem algo a ver com a Rússia”. A brincadeira dele, escrita num tempo em que não havia internet, ilustra bem o que tem havido desde que ela surgiu.

Tempos velozes não deveriam implicar leituras velozes. Ideias precisam ser ruminadas, digeridas; precisam de tempo para serem absorvidas pelo organismo. Um organismo sem ideias é um corpo sem inteligência.

Sem leitura e sem concentração, tratando ideias como se elas fossem uma roupa que está em voga numa estação, as pessoas não estão interessadas em se formarem, em se informarem. Em tempos apressados, as palavras são banidas. O banimento das palavras conduz à barbárie.

O Orwell, no distópico “1984”, mostrou o que a manipulação da palavra pode causar. Palavras abastecem o pensamento. É claro que uma pessoa que não se abasteça se torna marionete de quem queira disseminar um pensamento. A palavra é também ferramenta de poder.

Reflexo facilmente visível do descompromisso com as pessoas quanto à leitura e às palavras são os comentários postados em “sites” e em redes sociais. Incapazes de elaborar uma frase compreensiva, optam por comentários inoportunos. Às vezes, é pior: optam por publicarem ódios e preconceitos.

Quando confrontados, esses indivíduos erguem o bordão da democracia e da liberdade de expressão. Esquecem-se de que a liberdade de expressão não anula a responsabilidade que uma pessoa tem pelo que diz ou pelo que publica na internet. Não raro, assumem a atitude covarde de publicar ofensas no anonimato. 

Somos uma espécie que pode ser burilada. Parte da construção do que somos passa pela convivência com as palavras, seja de que modo for. Sem elas, a falta de tato, que se revela em gestos do cotidiano, desemboca na internet. Sem o mínimo de senso, comentários inconvenientes ou criminosos são publicados, postagens desinformadas são compartilhadas.

Inventando pretexto para a falta, pelo menos, de capricho com o que escrevem, muitos alegam que a linguagem coloquial é a apropriada para o mundo da internet. Só que a linguagem coloquial pode também atender a um discurso que seja legível. Coloquialidade é uma coisa; não conseguir escrever sequer uma frase com sentido, seja formal ou informalmente, é outra.

A falta de polidez também está na internet. Certa vez, numa palestra a que assisti, o orador disse que a gente percebe se o sujeito tem ética pelo modo como ele abre uma porta. Basta uma frase de alguns internautas para que percebamos o tipo de pessoa que a postou. 

domingo, 25 de maio de 2014

"SECRETÁRIA"

Mary Gaitskill é a autora de “Bad behavior” (que eu saiba, sem edição em português), livro de contos; um deles, “Secretary”, foi transformado em filme homônimo. A película é de 2002; dirigida por Steven Shainberg, é estrelada por James Spader e Maggie Gyllenhaal. O roteiro é de Shainberg e de Erin Cressida Wilson. O título em português do filme é tradução literal de “Secretary” .

Gaitskill concedeu entrevista para a revista Elle em 2013, ano em que se comemoraram os vinte e cinco anos de lançamento de “Bad behavior”. Na ocasião, disse que o filme de Shainberg é a versão “Uma linda mulher” do conto “Secretary”.

Primeiro, assisti ao filme; depois, li a entrevista com Gaitskill; posteriormente, pedi o livro. Hoje, li o conto em que o filme de Shainberg se baseia. Quando li o comentário dela de que o filme era a versão “Uma linda mulher” do conto, pensei que era pela razão de o filme suavizar o sadomasoquismo, presente no trabalho de Shainberg e no conto de Gaitskill.

Tendo acabado há pouco de ler o conto, entendo o motivo pelo qual a escritora considera o filme uma versão suavizada de seu texto. “Secretária”, o filme, acaba sendo uma história de amor; o conto, não. Se considerado apenas o aspecto do sadomasoquismo, tal prática sexual é mais intensa no filme do que no conto.

A história de Gaitskill tem dezesseis páginas. Antes mesmo de a ler, fiquei curioso para saber de que desdobramentos os roteiristas teriam se valido para realizar todo um filme a partir de uma breve história. A leitura do conto termina por esclarecer que o filme tem “apenas” a seguinte moldura do conto: a secretária de um advogado acaba sentindo na pele (literalmente) o comportamento sádico de seu chefe.

No filme, os destinos do advogado e da secretária são diferentes dos destinos a eles atribuídos no livro. Ainda assim, isso não faz com que o trabalho de Shainberg seja algo ruim. Ademais, o tratamento que direção e roteiro deram ao filme faz com que o sadomasoquismo não impeça o amor. Os dois podem coexistir, podem se complementar.

Li há algum tempo que vão transformar em filme a trilogia de E.L. James. O personagem criado por ela tem o nome de Grey. Este é também o nome do advogado sádico no filme “Secretária”. Não sei dizer se a escritora inspirou-se no filme de Steven Shainberg para criar o Christian Grey dela. 

sábado, 24 de maio de 2014

REAL CAMPEÃO

Torci pelo Atlético. Não por acompanhar de perto ou com fervor o futebol europeu: foi muito mais no astral de quem torce pelo time supostamente mais fraco. O empate do Real, já nos acréscimos do segundo tempo, foi uma hecatombe para o Atlético, que se desfez emocionalmente. No fim da prorrogação, também estava fisicamente moído. 

A-HA!

Tenho a impressão de que o A-Ha será ainda reconhecido como o que é: uma das grandes bandas do pop. Parece-me que às vezes são encarados como mais uma daquelas “boy bands” que assolam as FMs de vez em quando; não me parece ser o caso. O trio norueguês grudava, sim, nas rádios, mas suas canções mostravam que a música feita para tocar no rádio e render turnês pode ser deliciosa e se manter pulsante; não os vejo como modismo de estação. Com canções leves, melodiosas e interpretadas por um estupendo vocalista, o A-HA merece estar no panteão do pop. 

A LITERATURA SERVE PARA QUÊ?

Há aproximadamente quatro anos, Flavia Wagner foi sequestrada e mantida refém no Sudão por cento e cinco dias. Nesses momentos de angústia, ela conta, em emocionante relato, que um livro de García Márquez foi o que a manteve esperançosa. O texto, em inglês, está aqui

O VINIL DA PLEBE

Nunca fui dos que acham que o passado era melhor do que o presente. Ainda assim, ontem à noite, num bar, assim que recebi o cardápio, senti saudade: é que ele imitava um disco de vinil. De imediato, foi como se tivessem vindo à tona os milhares de vinis que manejei.

Com o cardápio em mãos, o que tomou conta de mim foi uma memória tátil. Revivi com exatidão o prazer que era pegar o LP, retirar com esmero o disco, segurá-lo, reparar nos sulcos, colocá-lo no prato e fazer com que a agulha despertasse a música. Depois, retirá-lo, inseri-lo novamente no fino plástico de proteção e guardá-lo para uma próxima audição. 

Enquanto eu manejava o cardápio do bar, ocorreu-me que algumas pessoas têm convivência tátil muito forte com livros. É que, segurando o cardápio, o que eu tive mesmo foi saudade de acariciar um vinil. Estou em casa agora. Ao mesmo tempo em que digito, tenho em mãos o LP “Nunca fomos tão brasileiros”, do Plebe Rude. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

APONTAMENTO 210

Segundo artigo escrito por Michael Pollan, publicado na edição deste maio da revista Piauí, no romance “A informação”, de Martin Amis, há um personagem que “almeja escrever ‘A história da humilhação crescente’, um tratado que narra o destronamento gradual da humanidade de sua posição como centro do universo”. Desconheço o livro; Copérnico e Darwin são mencionados no artigo de Pollan.

A temática do personagem de Amis é sedutora. A ciência pode solapar dogmas ou crenças. A questão é que isso não implica a diminuição do homem; trata-se da busca de algo racional, o que é bonito, ainda que se alegue que se pode apenas estar trocando uma ilusão pela outra. A busca de uma verdade racional nunca é humilhante, nunca diminui o homem.

Tenho a crença de que o Universo é de uma indiferença absoluta quanto ao que a humanidade é. Mas assim é com tudo o mais. Paradoxalmente, o Universo é indiferente com relação a tudo o que ele abarca, com relação a tudo o que dele faz parte.

Não consigo acreditar que sejamos os eleitos, que ao fim e ao cabo seremos poupados de algo que nos aniquilaria; não acredito em hierarquias do Universo. Não sou de cogitar sobre um suposto pós-vida. Estou aqui, estamos aqui: essa é a ventura, esse é o privilégio.

Não fico meditando acerca de um pós-vida: a natureza já nos presentou com o sermos. Ainda encaro a vida como um presente que recebemos, a despeito do que a humanidade fizemos com esse presente. O que nos aflige, o que nos acontece de ruim, seja criado por nós, seja vindo de fora, não vejo como punição de algum deus ou como maquinação de algum demônio. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

SAUDADE!

Que gosto tem tua saudade?
Qual o cheiro?
Como se chama tua saudade?
Que número ela calça?

A que lugares tua saudade vai?
Que palavras usa com frequência?
O que ela gosta de comer?
Ela prefere rock ou Saramago?

Tua saudade é medida em horas ou em quilômetros?
Que cor ela tem?
De saudade tu morres?
Ou saudade tu matas?... 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

DOIS LADOS...


APONTAMENTO 209

A TV Revolta, popular no Facebook, é sem graça e tem a habilidade para analisar de um ácaro. Algo assim só tem um destino — o sucesso. 

domingo, 18 de maio de 2014

CASA

Ela demorou-se no abraço.
No abraço, ela foi ficando.
Foi ficando e foi gostando.
Foi gostando e se mudou. 

NÚMEROS E PALPITE

ITAQUERINHO

A transmissão do Sportv ficou o tempo todo divulgando os números e as tecnologias do Itaquerão, o estádio do Corinthians, cuja inauguração oficial foi hoje. Para o torcedor corintiano, o número que mais importava, que é o de gols, não houve: jogando contra o fraco Figueirense, o Corinthians foi derrotado por um a zero.

PALPITEIRO 

São Paulo tem a fauna Ganso, Pato e Luis Fabiano. Fluminense tem Conca, Fred e Walter. Em teoria, dois excelentes times. Há equipes que são animadoras no papel, mas que acabam decepcionando em campo. Ainda assim, levando-se em conta o elenco dos dois times, arrisco um palpite: esta edição do campeonato brasileiro será vencida ou pelo São Paulo ou pelo Fluminense. 

SINTONIA FINA — EDIÇÃO 25


No ar, mais uma edição do Sintonia Fina, programa musical que apresento. Esta edição tem as seguintes faixas:

Angus and Julia Stone – Babylon
Zeca Baleiro – Babylon
Keane – Disconnected
Legião Urbana – “Índios”
Moby – The perfect life
Agridoce – Dançando
U2 – Invisible
Secos e Molhados – Que fim levaram todas as flores
Foreigner – I want to know what love is (versão ao vivo) 

BANDA BENDZ EM PATOS DE MINAS

A banda Bendz se apresentou ontem aqui em Patos de Minas. O show foi um tributo à cantora Alanis Morissette. Infelizmente, demoraram para acertar o som. Ainda assim, o carisma da vocalista, Lorena Bendz, sobrepujou qualquer dificuldade técnica. No fim do tributo a Alanis Morissette, o som foi melhorado.

Acabado esse tributo, pensei que o show terminaria. Entretanto, a cantora perguntou à plateia o que gostaríamos de escutar. A partir daí, a banda, mandando ver de modo visceral, executou clássicos do rock. A performance de Lorena Bendz então se agigantou, tendo ela trazido à tona a cantora com formidável presença de palco que ela é.

A banda é de Araxá. Os integrantes são Lorena Bendz, Gabriel Duarte (guitarra), Renato Nolli (baixo) e Breno César Oliveira (bateria). Segundo o que informam na página deles no Facebook, começaram como uma banda acústica, mas esse formato não refletia a pegada de que a banda é capaz. Ótimo para nós, pois o que não faltou no show de ontem foi pegada; que voltem em breve.

(A foto que utilizo nesta postagem está no perfil da banda Bendz no Facebook; não sei quem é o autor do registro.) 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

MUJICA

Esse Mujica faz a minha cabeça. Matéria aqui

APONTAMENTO 208

Acredito em tudo o que une: multidão cantando junto, coral cantando, comunidade de leitores. Estou interessado no que une. O que separa é circunstancial, o que separa está na superfície. O que une não tem tempo, o que une está nas raízes. Quero é pertencer: nada que me separe de meu vizinho, de meu bairro, de minha cidade, de meu estado, de meu país, de meu continente, da Terra, do sistema solar, da Via Láctea, do Universo. Há quem queira fatiar. Eu quero unir, eu quero estar cantar junto. Acredito em pontos em comum, acredito em comunhões, acredito em comunhão. Quero a beleza e a imponência de pertencer a algo que é uma coisa só, a beleza e a imponência de ser uma coisa só, feito de tantas outras coisas que são uma coisa só. Quero vozes, quero muitas vozes, quero todas as vozes. Cantemos. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

CRUZEIRO FORA DA LIBERTADORES

Contando mais com a sorte do que com o futebol jogado, o Cruzeiro vinha se arrastando na Libertadores. Em jogo terminado há instantes, no Mineirão, o San Lorenzo, marcando na intermediária cruzeirense, anulou possíveis jogadas criativas da equipe mineira.

Dedé, que não tem jogado bem, continuou jogando mal, estando aparentemente pouco à vontade. A despeito de maior posse de bola, o Cruzeiro não conseguia ameaçar o San Lorenzo. A equipe argentina abriu o placar; não fosse, como é usual, o goleiro Fábio, o San Lorenzo poderia ter fechado o primeiro tempo tendo marcado dois gols.

No último lance do primeiro tempo, uma bola escorada pelo Marcelo Moreno tocou uma das traves, passeou rente à linha do gol, tocou a outra trave e não entrou. Muito pouco para uma equipe que precisava vencer por dois gols de diferença. Nervoso e ineficaz, o Cruzeiro foi adversário um tanto fácil para o San Lorenzo, que marcou de modo competente. 

Desde o começo do torneio eu ficava me perguntando quando o Cruzeiro deixaria a Libertadores; não houve momento em que a equipe causou esperança mais consistente. A crença no time era muito mais em função da paixão dos torcedores do que em função do que a equipe vinha jogando.

Afobado, precipitado e sem criatividade, o Cruzeiro foi inferior ao San Lorenzo, mesmo tendo o time azul empatado a partida; um jogador do time argentino foi expulso. Com a saída do Cruzeiro, uma pequena hegemonia brasileira na Libertadores tem fim: Atlético/MG, Corinthians, Santos e Internacional foram os últimos campeões da competição. 

A COPA É DELES

Nizan Guanaes, em forjado, interesseiro e marqueteiro ufanismo, menciona Abilio Diniz no texto “Enchendo a bola do Brasil”, publicado pela Folha de S.Paulo. Guanaes diz concordar com Diniz; de acordo com aquele, ambos são da opinião de que realizar protestos durante a Copa seria um papelão. Guanaes, publicitário que é, escreve em seu texto o “mantra” “a Copa é nossa”.

A Copa não é minha. É de gente como ele, Guanaes, que é publicitário, e que está lucrando muito com o torneio. A Copa é de gente como ele e de gente como o pessoal da Fifa. A Copa não é minha; é deles. O que é meu, se tanto, será o protesto. Não coletivo, não nas ruas, mas em um texto ou outro. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VEJA SÓ

As pessoas com quem convivo sabem que considero a revista Veja uma excrescência, uma degeneração do jornalismo; a Veja é deplorável, asquerosa, afetada. O meio é uma das piores expressões da imprensa brasileira — se não for a pior.

Entusiastas do periódico acreditam que ele faz jornalismo. É que, à primeira vista, a publicação se parece mesmo com uma revista semanal de informações. Contudo, basta a leitura de matéria qualquer ou de qualquer um de seus articulistas para se perceber que a Veja não está nem um pouco preocupada com jornalismo. Ademais, o tom da revista é uma das coisas mais abjetas que já li.

Obviamente, sei do poder que ela tem para influenciar a população. Além disso, não deixo de reconhecer quando ela faz um trabalho bom — o que é muito raro. Ainda assim, a capa da edição de 14 de maio de 2014 evidencia o poder da leitura; em especial, segundo a capa, a leitura de ficção. Ainda não li a matéria. Embora otimista com ela, não me surpreenderei se houver o usual tom "blasé" e pedante da publicação. Também não será surpresa se o texto for apenas uma propaganda sobre o John Green travestida de jornalismo. 

domingo, 11 de maio de 2014

VIRTUAL

Ave!
A gente inventa siglas, 
adivinha abreviações, 
compartilha códigos.
O pensamento voa. 
Ave! 

1984

Fazer do que degrada 
o que agrada. 

sábado, 10 de maio de 2014

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (75)


Já há algum tempo era minha intenção fotografar esta árvore. Contudo, hoje, quando vi algumas vacas perto dela, pensei que elas seriam um “bônus” e tanto para a foto.

Não pense você que tive coragem o bastante para me aproximar das vacas, abaixar-me e tirar a foto. Entre mim e elas havia uma cerca de arame farpado. Para fotografar, eu me vali do “live view” da câmera; como ela tem monitor articulado, eu a posicionei bem rente ao chão, esticando os braços um pouco além da cerca, e fiz o registro. 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

CANON OU NIKON?

Há alguns dias, tendo saído para fotografar com amigos, escutei o seguinte diálogo:
— Você já fotografou com Nikon?
— Não: eu não uso droga.
A risadaria dentro do carro foi geral.
A conversa prosseguiu mais ou menos assim:
— As cores da Canon são mais vívidas.
— Ué, mas eu já ouvi dizer exatamente o contrário.

Há quem não consiga levar na esportiva diálogos em que um usuário de Nikon brinca com um usuário de Canon ou vice-versa. Pela internet, já acompanhei brigas tolas entre “canonianos” e “nikonianos”, ofendendo-se como torcedores de futebol imbecis. 

Desde o advento das digitais, sempre tive câmera Canon. A primeira foi uma Powershot A300. Depois, comprei uma Canon Powershot Pro1. Para usar nesta, passei a comprar acessórios; alguns, uso até hoje. A seguir, comprei uma EOS 20D... Em virtude dos acessórios que comprei a partir da Pro1, a escolha por outras câmeras Canon, nos quais esses acessórios poderiam ser usados, era a escolha mais viável, levando-se em conta a grana.

Conheço gente que fotografou por muito tempo com Canon e depois passou a fotografar com Nikon, bem como gente que começou a fotografar com Nikon e depois migrou para Canon. Há fotógrafos geniais que fotografam com Nikon; há fotógrafos geniais que fotografam com Canon. Costumo brincar, dizendo que se eu tivesse dinheiro, eu fotografia com Canon, com Nikon, com Leica e com Hasselblad.

Se me debruço sobre uma foto estupenda, não sei dizer a marca da câmera com que ela foi tirada. Considerando-se as marcas populares — Nikon e Canon —, as diferenças que pode haver são diluídas quando as fotos são editadas. Digamos, por exemplo, que a Nikon gere cores mais saturadas do que a Canon; isso pode ser modificado na edição, diminuindo-se ou aumentando-se a saturação. O mesmo vale para qualquer outra suposta característica das câmeras Canon em relação às Nikon.

Não é raro, quando querem incrementar seu potencial fotográfico, as pessoas me perguntarem se devem comprar Canon ou se Nikon. O que digo? Que estou satisfeito em fotografar com Canon. Isso, todavia, não quer dizer muito, pois conheço inúmeros fotógrafos que estão satisfeitos em fotografar com Nikon... 

ALADA

A imaginação nasceu para voar — 
a cabeça da gente 
não pode ser gaiola. 

À LUZ

Nasce o dia.
O Sol corteja a flor.
Ela abre a porta; ele entra.
Ainda pela manhã, ela dá à luz. 

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O TEMPO E A FOTOGRAFIA

Ainda que sem edição, ainda que não retocada, a fotografia não é a realidade. É um simulacro dela. Além do mais, mesmo em seus primórdios, a fotografia já era manipulada, “maquiada”, o que, por assim dizer, já a distanciava da realidade. Hoje, graças às técnicas e aos recursos de captura na hora do clique, e graças aos programas de edição de imagens, a fotografia pode ficar ainda mais longe daquilo que o fotógrafo enquadrou.

O que há é um certo desejo de perenidade. Em última instância, mesmo que tudo venha a acabar, a fotografia é um registro que pode durar enquanto durar a humanidade (ou durar um pouco mais depois desse seu fim conjectural). O passado vai embora, mas numa fotografia ele é simulacro daquilo que um dia houve; é como se o passado, aparentemente impossível de ser vivido outra vez, assumisse uma forma, um contorno. 

É como se um pedaço da vida que houve se tornasse visível. Ainda que o objetivo do fotógrafo seja, digamos, criar a beleza, ao tirar uma foto ele terá criado algo que se parece com o passado, mas que passado não é. Cria-se um saboroso jogo: o clique é no presente, mas o resultado (ainda que visto milésimos de segundos depois, no visor da câmera) é no futuro; quando esse resultado é visto, o que se vê já é um simulacro do passado. Fotografar é brincar com o tempo. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

APONTAMENTO 207

Não acredito numa temática superior a outra. Um poema sobre uma revolução social não vale nem menos nem mais do que um sobre a possibilidade de transcendência do espírito humano ou um sobre uma menina que brinca com uma bola num parque. Nesse fio condutor, o que vale é haver ou não uma boa literatura. Também descreio da ideia de que a literatura engajada seja necessariamente datada e de que a literatura voltada para as coisas do espírito seja consequentemente atemporal. O que faz com que um texto permaneça não é a temática.

Borges foi um brincalhão erudito. Elevou o lúdico a dimensões grandiosas, passou ao largo, em seus livros, das questões políticas de seu tempo. Neruda e Galeano, para ficar em dois sul-americanos, não. O grande tema da literatura de Borges é a própria literatura. É com ela que ele brinca. Por alguns, é criticado precisamente por não ter se engajado.

Ele é pleno em referências, em alusões, reais ou inventadas. Faz da literatura um jogo com que muito parecia se divertir, divertindo a inteligência do leitor, desde que esse leitor não atrele a literatura exclusivamente a um compromisso ideológico, político. O compromisso de Borges era com a literatura e, suspeito, com a diversão. 

TIMBRE

Durmo cheio de idéias.
Acordo cheio de ideias.
Durmo sabendo.
Acordo ortográfico.

ACÉFALO

Solitário e mulambento, 
um chapéu na calçada: 
perdeu a cabeça.

"DEIXA PRA LÁ"

A contextualização é algo que me instiga. Em meu caso isso equivale a dizer que tirar do contexto também me atrai. Na década de 1980, a Martin Claret publicou a coleção “O pensamento vivo”. Eu me lembrei, hoje pela manhã, do volume dedicado ao Jorge Luis Borges.

Na diagramação que faziam, havia máximas destacadas em algumas das páginas. No volume da coleção dedicado ao argentino, havia a seguinte: “Minha sepultura será o ar insondável”. Era algo que eu gostava de ler pela sonoridade (ainda que se trate de uma tradução), pela sensação que as palavras despertavam. Era um prazer que não passava por processos analíticos.

Em meus catorze ou quinze anos, eu achava a frase bonita, sonora; ainda acho. Eu não me preocupava em entendê-la; ainda não me preocupo. Bastavam-me os sons, a beleza etérea do que a frase me passava; compreender não era necessário. Mesmo hoje, existe essa não preocupação em analisar o trecho.

Anos depois, lendo a obra de Borges, eu me deparo com “minha sepultura será o ar insondável”. O trecho está no conto “A biblioteca de Babel”, do livro “Ficções”. Retiro o trecho de seu contexto e o cito abaixo, valendo-me de parte do parágrafo em que ele está. A tradução é de Carlos Nejar; a revisão da tradução, de Maria Carolina de Araujo:

“Como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, talvez do catálogo de catálogos; agora que meus olhos quase não podem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer, a poucas léguas do hexágono em que nasci. Morto, não faltarão mãos piedosas que me joguem pela balaustrada; minha sepultura será o ar insondável; meu corpo cairá demoradamente e se corromperá e dissolverá no vento gerado pela queda, que é infinita”.

Quando lia o “minha sepultura será o ar insondável” na edição da Marin Claret, eu pensava se tratar de um ensaio ou de um apontamento. Trata-se de ficção, de um conto; logo, há um narrador, que pode, ou não, concordar com Borges. Eu atribuía o trecho ao pensamento do poeta e contista, não ao pensamento de um narrador, mesmo ciente, é claro, de que o trecho pode ser um pensamento do Borges enunciado por um narrador inventado pelo contista.

Ter descoberto que o trecho é de um conto, de um narrador, e não de um apontamento ou de um ensaio, fez com que a citação se tornasse ainda mais magnética. No livro da Martin Claret, o trecho não estava no contexto original; saber que ele vem de uma ficção, e não de um texto referencial, torna atraente a decisão de atribuir ao Borges um enunciado que é de um de seus narradores.

Tiro do contexto mais um trecho borgiano, do conto “O jardim de veredas que se bifurcam”, também do livro “Ficções”. O trecho, retirado de seu contexto, passaria por opinião de articulista de algum jornal; tradutor e revisora são os profissionais mencionados acima: “Prevejo que o homem se resignará a cada dia a tarefas mais atrozes; breve só haverá guerreiros e bandidos”.

Saber do contexto pode fazer com que algo seja empobrecido ou enriquecido. Salvo engano foi durante o conflito em Kosovo (sinto que já contei essa história em algum outro texto; mas não estou certo disso): um superior disse a um soldado: “Deixa pra lá”. O soldado, momentos antes, encostando uma arma na cabeça de um prisioneiro, perguntara algo assim: “Posso atirar, comandante?”. 

terça-feira, 6 de maio de 2014

APONTAMENTO 206

Já escrevi por aqui sobre o tema da tal “justiça” com as próprias mãos; nesta breve nota, digo: o linchamento de Fabiane Maria de Jesus, em Guarujá, é uma prova triste de que ideias incentivadas por gente como a Rachel Sheherazade podem ter consequências funestas. Todo mundo sabe que o Estado falha ao fazer justiça. Ainda assim, quando “justiceiros” se arvoram, o resultado pode ser o que ocorreu com Fabiane. 

domingo, 4 de maio de 2014

SINTONIA FINA — EDIÇÃO 24

APONTAMENTO 205

O fantasioso é tão revelador do que somos quanto o mais agudo realismo. 

FOTOGRAFAR

Quem fotografa ao ar livre não pode se tornar “refém” de belas cachoeiras, de admiráveis céus azuis, de horários em que a luz está supostamente melhor. Se você gosta desse tipo de foto, saia para fotografar, não importa a hora, não importa a cor do céu, não importa se a temperatura está baixa ou alta, não importa a estação. Tente fazer o melhor do que estiver a seu dispor.

Além disso, fotografe de tudo; fotografe gente, pedra, árvore, bicho... Se a fotografia é “hobby”, não há pretexto para que não sejam experimentadas diferentes temáticas e abordagens; se da fotografia vem sua grana, mesmo assim, não deixe de tentar achar um tempo para fotos tiradas sem compromisso financeiro.

Brinque com diferentes técnicas: faça “zooming”; “panning”, “light painting”, fotos com “flash”, fotos sem “flash”, fotos com exposição longa, com exposição mínima... Busque novas composições, desafie-se, procure pelo inédito em você. É natural que desenvolvamos preferências por técnicas ou por temáticas, mas ecletismo não implica inconstância. Ademais, a versatilidade, esteja certo, pode incrementar o tipo de foto que você mais gosta de fazer. 

APONTAMENTO 204

A pegada mais forte não anula a ternura. Podem prescindir do amor, mas se vêm como sintoma de amor, às vezes é até difícil separar a pegada da ternura. Acabam se tornando uma só coisa num só momento num só amor. 

sábado, 3 de maio de 2014

FOTOPOEMA 352

"PARAGLIDER"





Ontem, no fim da tarde, saí para comprar pães; voltando para casa, reparei no céu: as nuvens e as cores estavam belíssimas. Já havia tomado a decisão de pegar a câmera para fotografar o entardecer quando, ainda olhando para o alto, vi uma pessoa lá no céu.

Nem preciso dizer que vim ainda mais rápido para casa. Cheguei, peguei câmera e lente; fui a um local bem em frente à escola Frei Leopoldo, aqui em Patos de Minas. Terminado o voo, reparei que a pessoa aterrissou nas imediações do Bairro Copacabana. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

SAÍDA FOTOGRÁFICA

Ontem à tarde, participei da segunda edição do Saída Fotográfica, evento arregimentado pelo Bonna Morais. Embora convidado para a primeira edição do “safári”, não pude participar dele. Ontem, foi possível.

Não tenho memória das melhores, mas, salvo engano, é a primeira vez que saio para fotografar com um grupo. Fomos a Areado, no município de Patos de Minas. A seguir, fomos a uma fazenda perto de Areado. Nessa fazenda, estava havendo folia de reis. 

















LIBERTADORES: ATLÉTICO FORA; CRUZEIRO AVANÇA

Anteontem, pensei que a coisa ficaria feia para o Cruzeiro; ontem, que a coisa ficaria feia para o Atlético — da Colômbia. Terminada a rodada, A Raposa segue em frente; o Galo está fora. Quem não desligou a TV nem mudou de canal após o jogo dos Atléticos pôde acompanhar os desdobramentos do jogo realizado ontem no Independência.

Tardelli deixou nítido que não gostara de ter sido substituído; depois do jogo, criticou o técnico Levir Culpi. Este, na entrevista coletiva, disse que “se ele [Tardelli] não tiver número, ele sai”. Entre a declaração de Tardelli e a entrevista de Levir Culpi, Alexandre Kalil, presidente do Atlético, lacônico, também na entrevista coletiva, disse que ele era o único culpado pela eliminação do Atlético/MG.

Erraram Diego Tardelli e Levir Culpi; aquele, pela reação nada profissional que teve; este, por ser muito burocrático, atribuindo apenas números ao desempenho de um jogador. Se por um lado, esses números podem ampliar uma análise, por outro, o futebol (como a vida) é mais complexo e multifacetado do que uma análise de dados.

A equipe do Fox Sports bem que tentou fazer com que Kalil, nos bastidores do estádio, precisasse qual seria o erro do dirigente, chegando a perguntar se tal erro teria sido a contração do Autuori. Kalil desconversou e reiterou que o culpado único era ele. Pareceu-me que o presidente da equipe, num lance astuto, deu a entrevista já com a intenção de preservar a coesão da equipe.

Pelo menos para quem assistia de fora ao Atlético/MG que foi campeão da Libertadores, parecia haver simbiose entre Cuca, jogadores e torcida, o que pareceu não ocorrer enquanto Autuori esteve no comando do time. Somente essa suposta simbiose não explica o êxito da equipe no ano passado, embora possa ser ingrediente eficaz; ausente no curto período em que Autuori estive no time, Kalil tenta resgatá-la, a fim de evitar um racha no time.

Já o Cruzeiro, na sequência da Libertadores, vai enfrentar o San Lorenzo, no dia sete de maio. O caminho da Raposa tem sido sinuoso: quase não se classifica na fase de grupos; na sequência do torneio, um gol no fim do jogo, contra o Cerro Porteño, no Mineirão, deu alento para a equipe. Em trilha tortuosa, mas eficiente até agora, o Cruzeiro é o único time do Brasil a continuar na Libertadores. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A HISTÓRIA DE DEMÓSTENES E JUSSARA

Demóstenes jurou que amaria Jussara.
Jussara jurou que seria de Demóstenes.
Os dois então se amavam às escondidas.
Em baldeações, lábios eram sofreguidão.

Demóstenes um dia propôs que fugissem.
Jussara teve medo, os dois conversaram.
Combinaram de ele passar na casa dela.
O vaso de planta na janela seria um “sim”.

No outro dia, Demóstenes arreou o cavalo.
Guiou em trote amoroso um vultoso alazão.
O coração, disparado, viu ao longe a fazenda.
O peito, acelerado, só quer saber da janela.

Chegando, nem vaso nem flor nem Jussara.
Pelo buraco da janela, ela amou o cavaleiro.
No depois, Jussara nunca mais saiu de casa.
Sem desapear, Demóstenes vaga pelo mundo.