sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FOTOPOEMA 211


(Este texto já havia sido publicado neste blogue, com o título de Poema malcriado. Mas quando vi a foto acima, a pose "desafiadora" do nosso amigo fez com que eu me lembrasse do texto. Decidi, então, uni-los.)

DEGUSTAÇÃO

Ela oferece para ele o pão de queijo novinho; na primeira mordida, a guloseima exala palatável fumaça. 
Ele diz:
— Isto está me cheirando a cantada...
Ela diz:
— Fique à vontade para saboreá-la...

FOTOPOEMA 210

LIVRO DE HAICAIS

Recentemente, comentei com um amigo que tudo o que eu havia escrito estava publicado em meios eletrônicos, e que os endereços de acesso aos textos estão no cabeçalho deste blogue.

Como o amigo já leu tudo o que escrevi, ele começou a fazer uma lista dos títulos. Quando mencionou o livro que continha haicais, é que me dei conta de que eu havia me esquecido de publicá-lo.

Não fosse pela conversa, creio que eu não me lembraria tão cedo de que eu havia escrito alguns haicais. Por isso, agradeço ao amigo pelo involuntário lembrete.

Caso queiram conferir o livro, gentileza clicar aqui.

Valeu.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

APONTAMENTO 126

Estou lendo “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. — pretendo voltar a falar sobre o livro, publicado pela Geração Editorial.

Enquanto eu percorria ainda as primeiras trinta páginas, um pensamento me ocorreu: é incrível como conseguimos sobreviver, apesar dos políticos, das autoridades e dos meios de comunicação que temos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

SEIS DA MANHÃ

— Cadê o sono que estava aqui?
— Cachorro latiu...

domingo, 25 de dezembro de 2011

CAIU NA REDE (88)

Pessoas, está no ar a edição 88 do Caiu na Rede.

Valeu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FOTOPOEMA 207

CAIU NA REDE (87)

Pessoas, está no ar a edição 87 do Caiu na Rede. Além de poder escutá-lo do modo tradicional, abaixo, há o vídeo da atração.

Valeu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NO RITMO

“Um ‘tuquim’ de gente”. Antigamente, era essa a expressão que se usava quando as pessoas se referiam a uma criança; em especial, crianças pequenas e mirradinhas. Quando entrei na sala de aula, havia um “toquinho” me aguardando.

Eu estava lá de modo improvisado, pois eu nunca havia sido professor dele. Requisitado para assumir, emergencialmente, a vaga deixada por uma professora, eu teria de aplicar a recuperação para os alunos do ensino fundamental, ensinando para eles a matéria da prova, que já havia sido elaborada pela professora que deixara as aulas.

Não sei se o garoto já estava ciente de que eu daria a aula de recuperação. Estando ou não, pareceu não estranhar quando cheguei. Perguntei a ele seu nome e expliquei que eu daria a aula de recuperação e corrigiria a prova.

Como o conteúdo era pouco, a explicação ocorreu rapidamente. Para me certificar de que ele entendera, apliquei breve exercício, que foi resolvido sem dificuldade. Terminada essa etapa, havia ainda alguns minutinhos disponíveis antes do término da aula.

Foi quando o garoto, distraidamente, começou a batucar sobre a mesa. Era a cadência do samba fluindo naturalmente das pequenas mãos. Sem que ele reparasse, continuei escutando. Depois que ele parou, comentei que ele é bom de ritmo. Ele riu levemente.

Perguntei então se ele toca algum instrumento. Disse que está fazendo aulas de cavaquinho. Fiquei surpreso. Perguntei a seguir o motivo pelo qual ele faz aulas de cavaquinho. “Porque eu gosto”, foi a resposta. Parei de fazer perguntas; alguns segundos depois, ele, absorto, voltou a batucar, dessa vez segurando duas canetas.

Quando ele parou, perguntei há quanto tempo ele está fazendo aulas de cavaquinho. “Seis meses”, disse ele; e completou: “Também estou aprendendo pandeiro”. Pensei comigo que o fato de ele estar aprendendo a manejar o pandeiro explica em parte os batuques distraídos em sala de aula.

Prosseguindo, eu disse a ele que no ano que vem serei professor dele. Adiantei que no futuro vou pedir a ele que leve o cavaquinho para a sala de aula, assegurando-lhe que levarei meu bongô, a fim de acompanhar o cavaquinho. Depois, perguntei para ele se ele conhecia bongô. Ele fez involuntário gesto percussivo, como se estivesse batucando num. Rindo, disse: “Conheço. O Jô Soares usa um”.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

JORNADA NOITE ADENTRO


É verdade: somos aquele pobre cachorro que atravessa a rua alheio ao movimento dos carros que não se importariam se o vira-lata fosse atropelado. Quem poderia se importar é gente, pois carros não se importam. Portanto, no fim das contas, nem nada nem ninguém vai se importar com o alheamento ingênuo do cachorro. Carros não se importam com ninguém, e as pessoas estão preocupadas demais em chegar a lugar nenhum.

Mas somos como aquele pobre cachorro que não sabe do perigo que corre enquanto atravessa a rua cheia. Enquanto seguimos um caminho qualquer, podemos até acreditar de verdade que sabemos para onde estamos indo, mas a verdade é que entre mim, entre você e entre aquele cachorro que atravessa a rua existe algo em comum: nem eu nem você nem aquele cachorro temos noção do tamanho do risco que estamos correndo.

A gente caminha, a gente viaja, faz filho, trabalha, compra lote, escova os dentes, vai a shows, tem decepções, xinga o GPS, folheia a revista no consultório, finge que estuda para a prova, enfrenta fila no banco, baixa música, pragueja contra o domingo, estoura o limite do cartão, perde a paciência, chega atrasado para a cerimônia de encerramento do ano letivo da filha, que a gente nem sabe bem ao certo em que série está, tamanha a mudança na nomenclatura.

Mas, apesar da nossa pachorra, vida é movimento. E a gente se move, ainda que morrendo de preguiça. Vida é movimento, mesmo quando a gente leva tiro, mesmo quando a gente leva fora, mesmo quando a cerveja está quente. Ora a gente desafina, ora a gente cai no tom, sempre sem saber ao certo para onde o movimento está nos levando. Tal qual aquele cachorro.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

APONTAMENTO 125

A tecnologia é tanta que estão miniaturizando também a inteligência...

AO RIO

Eu rio de janeiro
a dezembro.

FOTOPOEMA 206


POEMA MALCRIADO

O que você cria quando está à mesa?
O que você cria quando está triste?
O que você cria quando está no banho?
O que você cria quando está cansado?
O que você cria quando está na boate?

O que você cria na multidão?
E na guerra?
E no sonho?
E na escola?
E na cozinha?

O que você cria na tela?
O que você cria no escuro?
O que você cria na raiva?
O que você cria na viagem?
O que você cria sem grana?

O que você cria quando Elis Regina canta?
O que você cria diante da simplicidade?
O que você cria ao voltar para casa?
O que você cria quando foge?
O que você cria para chamar a atenção dela?

O que você cria quando é de graça?
O que você cria quando é carnaval?
O que você cria quando é amor?
O que você cria quando é câncer?
O que você cria quando é frio?

O dia amanhece.
O dia acaba.
O dia começa.
O dia termina.
O que você cria?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

CAIU NA REDE (86)

Pessoas, está no ar a edição 86 do Caiu na Rede.

Valeu.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BELICOSO

Em discurso pomposo,
alegando o bem do país,
o governo anunciou 
que os soldados irão para a guerra. 
A namorada, triste e alheia, 
pensa é no bem do rapaz.

FOTOPOEMA 203

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CAIU NA REDE (85)

Pessoas, está no ar uma edição atípica do Caiu na Rede: além do áudio, que pode ser conferido do modo usual, há, abaixo, o vídeo da atração.

Tudo é muito amador. Ainda assim, eu me diverti, apesar do quanto demorei para editar o material com as imagens. E se para mim foi divertido, que divertido seja para vocês.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

CRUZEIRO X ATLÉTICO

Para quem gosta de futebol, o jogo entre Cruzeiro e Atlético/MG chama a atenção pela rivalidade e pelo contexto: é a última rodada do campeonato, e o Atlético pode rebaixar o Cruzeiro.

Se o Ceará perder para o Bahia e se o Atlético/PR perder para o Coritiba, a Raposa permaneceria na primeira divisão ainda que perdesse para o Galo. Nesse caso, curiosamente, os dois estariam no “lucro” – o Cruzeiro, por não cair, e o Atlético, por derrotar o grande rival, embora o “lucro” do Cruzeiro seja maior nesse hipotético caso.

Para os atleticanos contumazes, um mundo ideal traria a vitória do Atlético e o rebaixamento do Cruzeiro. Já os torcedores deste, entre o fervor por derrotar o Galo e o alívio de se livrar do rebaixamento, penso que sentiriam mais alívio do que fervor, caso o time não vá mesmo dar uma voltinha na segunda divisão.

O que sobra é a pífia campanha dos mineiros no campeonato. Numa gradação que vai do pior até o menos ruim, tem-se o América já rebaixado, o Cruzeiro dependendo do último jogo para não cair e  o Atlético tendo se recuperado nas últimas rodadas.

O atleticano empedernido esquecerá a campanha fraca do time se o Cruzeiro for rebaixado. À parte isso, a classificação do campeonato deixa claro que o futebol das Gerais foi o ponto fraco do torneio (a queda dos três chegou a ser cogitada).

Quem sai ganhando mesmo nessa história toda são os Perrella. No todo, lucraram mais do que o Cruzeiro. Ainda que aleguem que houve títulos, serão lembrados pela lambança atual, que é consequência de uma longa e prejudicial gestão. 

Além do mais, caso o rebaixamento se confirme, o torcedor, tanto do Galo quanto da Raposa, sabe: o primeiro rebaixamento é o que fica.

FOTOPOEMA 200


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

APONTAMENTO 124

“Mestre é quem de repente aprende”, conforme Guimarães Rosa. O que sempre me deixou com a pulga atrás da orelha é a expressão “de repente”. Se a frase fosse “simplesmente” mestre é quem aprende, beleza. Mas há o “de repente”.

Estaria a expressão de repente “apenas” dando um toque literário ou “misterioso” à frase? Em suma: seria o segmento de repente um “mero” truque literário? O que me escapa?

Ou seria o de-repente expressão de um “insight”, de uma “intravisão”, de uma “revelação” ou do que se colhe depois de muitas e insistentes tentativas? Se assim for, o aprendizado não veio de repente, mas, sim, como resultado bonito de um longo e dedicado processo.

Se cogito, é porque o entendimento não se completou. 

Mestre é quem por fim aprende.

sábado, 19 de novembro de 2011

CURSO DE FOTOGRAFIA

Pessoas, vou ministrar outro curso básico de fotografia. Será de 8 a 15 de dezembro. Para informações, basta que deixem comentário nesta postagem. No comentário, escrevam e-mail ou telefone (que não serão divulgados).

Ou, caso prefiram, enviem e-mail para contato@liviosoares.com.

Valeu.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

APONTAMENTO 123

Futebol é tentativa e erro, tentativa e erro, tentativa e erro, tentativa e erro... Ao grande acerto, dá-se o nome de gol.

domingo, 13 de novembro de 2011

MARILYN E MOLLY


Sim, é ela: Marilyn Monroe, clicada por Eve Arnold. Monroe está lendo “Ulisses”, do James Joyce. Se repararmos, perceberemos que ela está na parte final do livro; a julgar pelo volume de páginas que ela tinha pela frente, Monroe parece estar lendo o solilóquio de Molly Bloom. Caso sim, imagem por demais sugestiva... Marilyn e Molly – dois ícones. Teria a atriz se deliciado com o solilóquio de Molly?...

(Estive lendo sobre a foto na internete. Cogita-se que a imagem seria forjada, no sentido de que Marilyn não estaria de fato lendo o livro, mas teria simplesmente aberto uma página qualquer da obra. Houve também quem tenha dito que ela estaria lendo algum texto ou posfácio ou índice impresso depois do término do livro. Por fim, útil lembrar que a foto foi publicada na edição de 7 de novembro de 2011 da revista Época. A foto ilustra uma matéria sobre “Fragmentos”, livro que reúne poemas, anotações íntimas e cartas de Marilyn Monroe.)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

APONTAMENTO 122

Na gente, o que realmente importa tem a mesma cor. Ou não tem cor.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CAIU NA REDE (84)

Pessoas, há uma nova edição do Caiu na Rede no ar (edição 84). Para escutar, é só dar “play” aí no alto, à direita, onde está escrito “dê ‘play’ e escute o Caiu na Rede”.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

GOL DE ROMÁRIO

Não tenho meios de dizer se Romário (PSB-RJ), craque do futebol brasileiro, é um político honesto. Passa a impressão de que é. À parte isso, foi ótimo saber que ele não poupou Ricardo Teixeira, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e Jerôme Valcke, secretário-geral da Fifa, ao abordá-los em encontro para discussão da Lei Geral para a Copa do Mundo de 2014.

Teixeira é desafeto de Romário. Ao colocar contra a parede o comandante do futebol brasileiro, não é possível saber até que ponto Romário estava motivado por causas estritamente pessoais ou até que ponto estava efetivamente defendo o interesse público. À parte isso, se encantoou Teixeira, deve ter sido por estar plenamente convicto de que este não tem cartas na manga que possam descreditar a imagem de Romário.

Não estou aqui fazendo uma espécie de propaganda política para o deputado, e ainda que estivesse, tal propaganda seria inócua. Contudo, a atuação de Romário foi a que todo político genuíno deveria ter em tais situações, partindo-se do simples princípio de que, a rigor, o político está ali para defender o povo, não para, às custas desse mesmo povo, locupletar-se.

Romário perguntou a Teixeira sobre acordo na Justiça suíça; a questão envolvia dirigentes da Fifa que teriam recebido suborno e posteriormente devolvido o dinheiro para que seus nomes não fossem divulgados. Romário disparou: “Se o senhor for um deles, renuncia à presidência da CBF?”. Teixeira não respondeu, socorrido por Renan Filho (PMDB-AL), para quem havia a necessidade de falarem somente da Lei Geral para a Copa.

Para Valcke, perguntou: “Como ter como parceiro uma pessoa tão suspeita?”. E continuou acuando o funcionário da Fifa: “Tenho uma carta do seu presidente, Joseph Blatter, que chama o senhor de chantagista”. Valcke disse que “não entrariam [supostamente ele e Teixeira] em uma discussão com um ídolo do futebol como Romário”, segundo o UOL.

Por colegas, Romário foi acusado de tumultuar a sessão. Essa atitude me soou a puxa-saquismo, subserviência e interesses particulares sendo defendidos. Mas o deputado Romário não poupou os pares: “Eu sou novo aqui e não quero citar ninguém. Mas eu não recebo dinheiro de Fifa, CBF nem da AmBev. Só quero dizer isso”.

Romário está simplesmente cumprindo com sua obrigação. Mas em função dos terríveis descaso e omissão de boa parte dos políticos, é preciso, vejam só, lembrar que de vez em quando algum deles ainda cumpre seu papel, que é o de fazer justiça aos votos que tiveram.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ÁFRICA

A África é a matéria-prima
que corre em minhas veias.
Antigamente, sou da África,
e a imensidão de água
que dela me separa
só aumenta a saudade da terra-mãe.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

PLACAR

Finalmente me cansei do passado.
Quero um presente com sabor
de perspectiva e ousadia.

Apostar todas as fichas,
parar de guardar possibilidades.
Hora de bater o pênalti.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

APONTAMENTO 121

A beleza é passageira. Ainda assim, que nós a busquemos, pois passageira também é a viagem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DEPOIS DO FURACÃO

Veio o furacão, que levou tudo o que era uma vez.
É tempo de começar de novo, a partir do zero,
mas com uma outra matemática toda diferente.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

LONTRA E PACA

Lontra — Beleza, Paca?
Paca — E aí, doido? Beleza, Lontra?
Lontra — Beleza.
Paca — E a sua mãe? Tá melhor?
Lontra — Ela tá melhor. Sabe como é... Doença complicada...
Paca — Sei como é... Mas ainda bem que ela teve escolha. Ainda bem que não foi atendida pelo ZUZ.
Lontra — Ainda bem mesmo. Imagina se ela não tivesse grana... E essa doença logo agora... A loja dela tá indo tão bem... Ela disse que nunca ganhou tanto dinheiro... Tava até pensando em abrir uma segunda loja.
Paca — Pois é... Não é bom nem pensar se ela não tivesse grana... Sua mãe é uma figura. Graças a Deus foi beleza.
Lontra — Graças a Deus mesmo. Mas quem tinha que se ferrar é o barbudão...
Paca — Ah, vão fazer de tudo pra ele não se ferrar. Queria ver se ele fosse atendido pelo ZUZ.
Lontra — Eu também queria. Aí ele ia ver o que é bom pra tosse.
Paca — Mas aí a garganta dele ia melhorar...
Lontra — Você não perde uma... Eu tinha falado da tosse sem pensar no problema dele.
Paca — Eu sei. Mas pelo menos a gente vai ficar um tempo sem ouvir aquela voz horrorosa.
Lontra — É, menos mal. Mas acho que não adianta. Com esse monte de pobre rezando, vai que ele melhora.
Paca — Pior é que é. Esse povo lá de cima gosta muito dele.
Lontra — É, mas dessa vez acho que não tem pra ele não...

sábado, 29 de outubro de 2011

APONTAMENTO 120

Loco Abreu bate bem da cabeça: usando-a, fez o gol que deu a vitória ao Botafogo contra o Cruzeiro, há pouco, no Engenhão.

CAIU NA REDE (83)

Pessoas, há uma nova edição do Caiu na Rede no ar. Para escutar, é só dar “play” aí no alto, à direita, onde está escrito “dê ‘play’ e escute o Caiu na Rede”.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ANACRÔNICO

Pessoas, conforme anunciado há alguns dias, torno também disponível em meio eletrônico meu livro de crônicas, intitulado Anacrônico.

De alguns dias para cá, tornei público na internete Leve poesia, Algo de sempre, Amor de palavra e Movimentos.

Curiosamente, depois que postei o Anacrônico, senti uma pontada de orgulho. Bobagem sentir isso, mas senti. Orgulho não pela qualidade dos trabalhos que tenho postado, com os quais sou impiedoso, mas orgulho por, na pior hipótese, ter produzido um legado, independentemente de sua qualidade.

Tudo há de acabar um dia, mas foi bom ter criado algo. Se por um lado eu poderia ter feito muitas outras coisas de minha vida, por outro, quando olho para trás e penso nos escritos, resta pelo menos o conforto de que não vivi num ceticismo absolutamente infrutífero.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

DICIONÁRIO (28)

cerrado. Foi serrado.

WISŁAWA SZYMBORSKA EM PORTUGUÊS


Meus amigos sabem da admiração que tenho pela escritora polonesa Wisława Szymborska. Neste blogue, já a mencionei numa das postagens do Caiu na Rede, bem como já li poema dela na atração.

Recentemente, a Companhia das Letras lançou coletânea com poemas de Szymborska, praticamente inédita em português. Eles dão uma bela ideia do quanto ela é espirituosa, irônica e plena de senso de humor; ela é lúdica e filosófica. O livro tem tradução, seleção e prefácio de Regina Przybycien.

A capa do livro é um barato à parte (caso queira vê-la ampliada, clique na imagem acima). Os patrulheiros do (chato) politicamente correto certamente não vão gostar. A foto é de Joanna Helander. (Na xícara, será que se trata de café? O relógio marca meio-dia e vinte e dois. Ou seria meia-noite e vinte e dois? A luz que incide sobre o braço que segura o cigarro faz com que eu pense em meio-dia e vinte e dois. Ao fundo, livros numa estante.)

Szymborska foi Nobel de Literatura em 1996. Foi nessa época que li o primeiro texto dela – “Vietnã”. A partir desse poema, passei a nutrir interesse pela autora. Li alguns poemas na internete, no próprio sítio da Fundação Nobel. Pedi uma coletânea em inglês, intitulada “Sounds, Feelings, Thoughts”. Boa parte desses textos estão na seleção de Regina Przybycien.

A obra de Szymborska é curta. Przybycien diz em seu prefácio que a polonesa publicou “algumas centenas de poemas” em doze pequenos livros. Há também dois livros de crônicas. Contudo, a poesia dela tem aquela densidade dos textos curtos. A simplicidade deles não significa deixar de lado os famosos grandes temas. Sempre com inteligência, com argúcia, com engenho; o espírito puro, o wit.

domingo, 23 de outubro de 2011

CAIU NA REDE (82)

Pessoas, há uma nova edição do Caiu na Rede no ar. Para escutar, é só dar “play” aí no alto, à direita, onde está escrito “dê ‘play’ e escute o Caiu na Rede”.

sábado, 22 de outubro de 2011

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (67)


Se existem um Sol e uma janela, existe a possibilidade de uma foto. Sol e janela geralmente permitem que se brinque com o jogo luz/sombra, e esse jogo compõe uma das importantes facetas da fotografia.

A foto acima foi tirada anteontem (20/10). Eram 8h da manhã. Já de saída, vi a projeção sobre a parede da sala, causada pela luz matinal que passava pela janela e chegava até a parede, não sem “desenhar” as formas que se veem.
_____

Ficha técnica

Câmera: Canon EOS 30D
F/4.5; 1/50 (exposição manual)
ISO: 100
Extensão focal: 39 mm

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DUAS METADES

Já vivi mais ou menos
metade da vida.
Eu a passei teorizando.
Portanto, estou pronto:
a segunda metade,
eu a passarei
envelhecendo.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

AMOR DE PALAVRA

Pessoas, continuo na onda de publicar textos meus que estavam engavetados. Agora, publico Amor de palavra, coleção de poemas que também não estava disponível eletronicamente. Alguns textos são recentes; outros, não. O que têm em comum é a temática – o amor.

Nessa história de criar blogues para textos antigos, tornou-se nítido para mim, ontem, o quanto este blogue que você agora lê é "frankensteiniano", no sentido de quem não tem uma unidade; em vez disso, é composto de várias peças – uma bagunça só.

Tivesse eu pensado anteriormente, faria o que estou fazendo agora: para cada tipo de texto ou temática, um blogue. Mas o que está feito, escrito está.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

MOVIMENTOS

Pessoas, prossigo publicando na internete textos meus que não estavam disponíveis eletronicamente. Dessa vez, o livro Movimentos. Todos os poemas dele têm uma só temática: a dança. Os escritos são inéditos, pois não haviam sido publicados em nenhum meio.

Tenho a intenção de brevemente publicar, também via internete, mais inéditos.

DICIONÁRIO (27)

machado. Não tem culpa pela queda da árvore.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

LEVE POESIA E ALGO DE SEMPRE

Pessoas, a partir de agora, também disponível na internete, meus dois livros de poemas – Leve poesia, publicado em 2000, e Algo de sempre, publicado em 2003.

Como não é raro ocorrer, o tempo faz com que a gente se arrependa de muita coisa que escreveu. Eu me arrependo de ter publicado alguns dos poemas de ambos os livros. Ainda assim, estão na íntegra, tais quais foram lançados.

Não fiz uma revisão quanto ao novo acordo ortográfico; assim, caso confiram, sintam-se totalmente à vontade para apontar vocábulos que precisam ser atualizados – ou para apontar quaisquer outros tipos de erro.

O que me levou a publicar os livros em blogues foi minha decisão de deixar na internete tudo o que fragmentadamente tenho produzido. Agora, disponível para leitura em qualquer computador, dispositivo ou algo que o valha, o Leve poesia, o Algo de sempre e este blogue.

Ainda não há um blogue para as crônicas, embora algumas delas possam ser conferidas em meu “site”. Mas tenho a intenção de criar um blogue para elas também.

Valeu.

domingo, 16 de outubro de 2011

DICIONÁRIO (26)

desbaratar. Êxito ao se tentar matar uma barata.

DICIONÁRIO (25)

malbaratar. Malogro ao se tentar matar uma barata.

sábado, 15 de outubro de 2011

CAIU NA REDE (81)

Pessoas, está no ar a edição 81 do Caiu na Rede. Para escutar, é só dar “play” aí no alto, à direita, onde está escrito “dê ‘play’ e escute o Caiu na Rede”.

"NAMORADOS PARA SEMPRE"

É difícil ficar indiferente a “Namorados para sempre” (Blue Valentine, EUA, 2010), dirigido por Derek Cianfrance. Mas antes de eu comentar sobre possíveis razões dessa dificuldade em se ficar indiferente ao filme, útil lembrar que a versão em português do título não condiz com o original.

Os americanos comemoram o dia dos namorados em 14 de fevereiro, dia de São Valentim. O dia dos namorados, eles o chamam de Valentine’s Day. Já a palavra “valentine” pode ser a mensagem ou cartão que se manda no dia dos namorados; também tem o sentido de o namorado ou namorada escolhido no Dia de São Valentim; por fim, “valentine” pode ser também um trabalho artístico que expressa afeto por algo ou alguém. Assim, pode-se dizer: “His photos are a valentine to Rio de Janeiro”.

Ainda sobre o título, há a palavra “blue”, que, além de dar nome à cor, é também um adjetivo que pode ser entendido como “tristonho”, “melancólico”. De modo que a versão em português – “Namorados para sempre” – está distante da ideia transmitida pelo título original. Fosse eu dar palpite, sugeriria algo como Namoro triste. Até entendo a busca por um título chamativo, que contenha apelo comercial, mas é ruim quando há o desvirtuamento ou desafino em relação à obra original.

O filme não nos deixa indiferentes. Pode-se até não gostar, mas não imagino que haverá indiferença: Cindy Heller (Michelle Williams) é casada com Dean Pereira (Ryan Gosling). No presente, ele trabalha como pintor e ela é enfermeira num hospital.  As famílias de ambos não são o que chamaríamos de famílias felizes. À parte isso, Dean, que outrora pensava em não ter ele mesmo sua família, apaixona-se por Cindy; casam-se. Antes disso, um dos relacionamentos de Cindy havia sido com Bobby Ontario (Mike Vogel); a convivência de Cindy e Bobby acabaria tendo profundas consequências no relacionamento entre ela e Dean.

O filme ora narra o presente ora narra o passado. É assim que, iniciada a trama, vemos como está hoje o casal Cindy e Dean. Nas cenas seguintes, sempre havendo esse ir e vir entre o presente e o passado, compreendemos como se conheceram e a vida que levavam nessa época.

Os retornos ao passado vão contextualizando a debacle que é o casamento de Cindy e Dean. Incomoda, incomoda muito o absoluto fastio mostrado por ela, enquanto ele ainda tenta salvar o relacionamento. Há uma cena em que ele quer fazer amor; ela, a contragosto, permite. Mal ele começa, a expressão de Cindy é um esgar de repulsa e infelicidade.

O vigor do passado e o fracasso no presente. À medida que o filme vai avançando, a gente quer entender o motivo pelo qual Cindy está tão entediada, irascível e infeliz. No todo, fiquei com a impressão de que ela se casou com Dean sem, a rigor, amá-lo – ainda que possa ter pensado que amava.

O filme nos leva a refletir sobre o que as escolhas da juventude podem acarretar quando vem a maturidade. Leva-nos a refletir sobre o que um dia foi amor (ou pelo menos parecia ser) e o que ele pode se tornar à medida que os anos vão se passando.

É um retrato triste – blue – do que pode se tornar um casamento quando não há mais amor e quando se perde até a admiração que se tinha. Há um momento em que Cindy cobra de Dean que ele exerça os potenciais que tem; ele, por sua vez, está satisfeito com o trabalho de pintor, que o permite, por exemplo, tomar uma cervejinha às 8 horas da manhã.

Há cenas em que Cianfrance, o diretor, prefere o close, o corte rápido, o movimento rápido – o que acaba sendo uma bela saída para mostrar o estado de confusão e de agitação por que passam Cindy e Dean no presente. O final mantém o tom de todo o filme: inquietante.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ENSAIO (4)

Sempre gostei de fotografar teatro. Abaixo, algumas fotos.





























UBIQUIDADE

O belo pode ser simples – 
nem toda simplicidade é bela.
O belo pode ser complicado –
nem toda complicação é bela.

Não basta ser simples para ser belo.
Não basta ser complicado para ser belo.
A erudição pode ser bela.
O folclore pode ser belo.

A preta é bela.
A loira é bela.
Belo é o número.
Bela é a palavra.

Aqui ou aí, o belo – 
beleza que não sei definir.
Quando você passa, 
sei o que é o belo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DICIONÁRIO (24)

paço. Nada como um após o outro.

APONTAMENTO 119

Sempre gostei sobremaneira de canções executadas por corais. É que, além da música em si, num coral há várias pessoas voltadas para um só fim. Essa ideia de várias pessoas se voltarem para um objetivo sempre me atraiu. Nesse sentido, não fosse a tolice de alguns torcedores, os estádios de futebol poderiam ser um belo espetáculo.

Quando não há estupidez, um estádio de futebol também proporciona a energia de vários seres que se voltam para um fim. Se uma pessoa torce para o Zebra Vermelha e a outra torce para o Frango Verde, isso deveria ser motivo de empatia, não de burrice. Quando os dois torcedores se encontrassem, poderia pairar algo como “eu gosto de futebol, você gosta de futebol; isso é apenas uma das coisas que nos une”.

Mas bem sabemos que não é assim. Somente me permiti um devaneio utópico por lamentar o fato de que poderia haver concordância em vez de ignorância.

O pensamento da unicidade também me ocorre quando, num show, as vozes cantam determinada canção. Não bastasse a consagração que isso é para um artista, é algo que reafirma de modo forte a possível sintonia.

A ideia de haver comunhão tanto me atrai, que estendo o conceito. É que, a rigor, somos os mesmos e estamos todos aqui numa mesma viagem, a que damos o nome de vida.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CONTO 44

Bastava que Luís Flávio mexesse na tranca do portão para que Teo, o cachorro, ficasse louco: começava a pular e ia correndo para o portão. Para Teo, barulho no portão significava hora do passeio, ver gente nova... Mas o cachorro envelheceu, ficou doente. Luís Flávio aprendeu para o resto da vida o que é perder o entusiasmo quando, ao mexer no portão, viu que Teo pesarosamente levantou a cabeça e voltou a descansar o corpo fenecido.

sábado, 8 de outubro de 2011

CAIU NA REDE (80)

Pessoas, está no ar a edição 80 do programa Caiu na Rede.

domingo, 2 de outubro de 2011

CAIU NA REDE (79)

Pessoas, está no ar a edição 79 do Caiu na Rede. Para escutar, é só dar “play” aí no alto, à direita, onde está escrito “dê ‘play’ e escute o Caiu na Rede”.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FOTOPOEMA 195

STEVIE WONDERFUL

Pela TV, acabei de assistir ao show de Stevie Wonder no Rock in Rio. De “Garota de Ipanema”, cantada em inglês por uma das cantoras do vocal de apoio e em português pela plateia (Wonder ainda arriscou as primeiras palavras de “Você abusou”, que o público tratou de completar) à participação de Janelle Monáe (que mais cedo se apresentara no festival), o show foi estupendo. Logo no início do espetáculo, só para se ter uma ideia, Wonder deitou-se no chão enquanto tocava teclado.

Um grande artista, um grande show. O repertório havia sido divulgado antes da apresentação, mas houve improviso – “Garota de Ipanema” e “Você abusou” não constavam da lista de canções a serem executadas; em “Overjoyed”, já feita a introdução, ele pediu à banda que aguardasse, e executou boa parte do sucesso sozinho, ao piano.

Talento, improvisação, carisma e um time de músicos à altura de Stevie Wonder. A alma agradece.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SUSAN BOYLE

Quando li pela primeira vez o nome de Susan Boyle na tela do computador, não me interessei, por achar que se tratava de mais uma dessas inúmeras bobagens divulgadas diariamente nos grandes portais de internete.

Contudo, há mais ou menos um mês, enquanto eu procurava algum texto para uma aula de inglês, eu me deparei com um trecho no sítio do jornal The Guardian que me chamou a atenção: “A Susan Boyle é feia? Ou nós é que somos?”.

Atraído pela frase, li o texto (escrito por Tanya Gold), de que gostei. Mas somente ontem é que conferi o vídeo que tornou Susan Boyle conhecida. Mesmo já ciente da história, por ter lido o artigo veiculado em The Guardian, foi emocionante ter assistido à apresentação dela no “Britain’s Got Talent”, programa exibido por uma TV na Grã-Bretanha.

Britain’s Got Talent” é uma daquelas atrações sádicas em que jurados pagos para serem empafiados detonam quem não se apresenta bem. Quando Boyle entrou no coliseu, houve risos, escárnio e reprovação no ambiente.

Ela foi espontânea, foi sincera, aberta. Foi sem armadura, portando um quê de inocência, de ingenuidade. Pareceu não ter ressentimento algum contra a plateia, que a recebera com ar zombeteiro. Boyle fez o que sempre quis fazer – cantar. Ela passou por complicações durante o nascimento. As sequelas a teriam deixado com um leve dano cerebral. A despeito disso, sempre quis ser cantora profissional. 

Mesmo sem querer, Boyle desestruturou a pasmaceira. No espetáculo tolamente midiático por que somos assolados, ela deu uma porrada no maldoso, deletério e perigoso circo criado por imprensa e meios de comunicação.

A turba fez pilhéria quando Boyle chegou ao palco. Mas turbas se esbaldam em rir do que não tem graça. E ainda que tivesse, é bom que nos lembremos de Melville, que, em seu monumental “Moby Dick”, escreveu: “O homem que tenha alguma coisa de abundantemente risível a seu propósito, estai certos, há nele mais do que supondes” (tradução de Pericles Eugênio da Silva Ramos).

Susan Boyle é linda. Feios somos nós.