É verdade: somos aquele pobre cachorro que atravessa a rua alheio ao movimento dos carros que não se importariam se o vira-lata fosse atropelado. Quem poderia se importar é gente, pois carros não se importam. Portanto, no fim das contas, nem nada nem ninguém vai se importar com o alheamento ingênuo do cachorro. Carros não se importam com ninguém, e as pessoas estão preocupadas demais em chegar a lugar nenhum.
Mas somos como aquele pobre cachorro que não sabe do perigo que corre enquanto atravessa a rua cheia. Enquanto seguimos um caminho qualquer, podemos até acreditar de verdade que sabemos para onde estamos indo, mas a verdade é que entre mim, entre você e entre aquele cachorro que atravessa a rua existe algo em comum: nem eu nem você nem aquele cachorro temos noção do tamanho do risco que estamos correndo.
A gente caminha, a gente viaja, faz filho, trabalha, compra lote, escova os dentes, vai a shows, tem decepções, xinga o GPS, folheia a revista no consultório, finge que estuda para a prova, enfrenta fila no banco, baixa música, pragueja contra o domingo, estoura o limite do cartão, perde a paciência, chega atrasado para a cerimônia de encerramento do ano letivo da filha, que a gente nem sabe bem ao certo em que série está, tamanha a mudança na nomenclatura.
Mas, apesar da nossa pachorra, vida é movimento. E a gente se move, ainda que morrendo de preguiça. Vida é movimento, mesmo quando a gente leva tiro, mesmo quando a gente leva fora, mesmo quando a cerveja está quente. Ora a gente desafina, ora a gente cai no tom, sempre sem saber ao certo para onde o movimento está nos levando. Tal qual aquele cachorro.
Mas somos como aquele pobre cachorro que não sabe do perigo que corre enquanto atravessa a rua cheia. Enquanto seguimos um caminho qualquer, podemos até acreditar de verdade que sabemos para onde estamos indo, mas a verdade é que entre mim, entre você e entre aquele cachorro que atravessa a rua existe algo em comum: nem eu nem você nem aquele cachorro temos noção do tamanho do risco que estamos correndo.
A gente caminha, a gente viaja, faz filho, trabalha, compra lote, escova os dentes, vai a shows, tem decepções, xinga o GPS, folheia a revista no consultório, finge que estuda para a prova, enfrenta fila no banco, baixa música, pragueja contra o domingo, estoura o limite do cartão, perde a paciência, chega atrasado para a cerimônia de encerramento do ano letivo da filha, que a gente nem sabe bem ao certo em que série está, tamanha a mudança na nomenclatura.
Mas, apesar da nossa pachorra, vida é movimento. E a gente se move, ainda que morrendo de preguiça. Vida é movimento, mesmo quando a gente leva tiro, mesmo quando a gente leva fora, mesmo quando a cerveja está quente. Ora a gente desafina, ora a gente cai no tom, sempre sem saber ao certo para onde o movimento está nos levando. Tal qual aquele cachorro.
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