quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SUSAN BOYLE

Quando li pela primeira vez o nome de Susan Boyle na tela do computador, não me interessei, por achar que se tratava de mais uma dessas inúmeras bobagens divulgadas diariamente nos grandes portais de internete.

Contudo, há mais ou menos um mês, enquanto eu procurava algum texto para uma aula de inglês, eu me deparei com um trecho no sítio do jornal The Guardian que me chamou a atenção: “A Susan Boyle é feia? Ou nós é que somos?”.

Atraído pela frase, li o texto (escrito por Tanya Gold), de que gostei. Mas somente ontem é que conferi o vídeo que tornou Susan Boyle conhecida. Mesmo já ciente da história, por ter lido o artigo veiculado em The Guardian, foi emocionante ter assistido à apresentação dela no “Britain’s Got Talent”, programa exibido por uma TV na Grã-Bretanha.

Britain’s Got Talent” é uma daquelas atrações sádicas em que jurados pagos para serem empafiados detonam quem não se apresenta bem. Quando Boyle entrou no coliseu, houve risos, escárnio e reprovação no ambiente.

Ela foi espontânea, foi sincera, aberta. Foi sem armadura, portando um quê de inocência, de ingenuidade. Pareceu não ter ressentimento algum contra a plateia, que a recebera com ar zombeteiro. Boyle fez o que sempre quis fazer – cantar. Ela passou por complicações durante o nascimento. As sequelas a teriam deixado com um leve dano cerebral. A despeito disso, sempre quis ser cantora profissional. 

Mesmo sem querer, Boyle desestruturou a pasmaceira. No espetáculo tolamente midiático por que somos assolados, ela deu uma porrada no maldoso, deletério e perigoso circo criado por imprensa e meios de comunicação.

A turba fez pilhéria quando Boyle chegou ao palco. Mas turbas se esbaldam em rir do que não tem graça. E ainda que tivesse, é bom que nos lembremos de Melville, que, em seu monumental “Moby Dick”, escreveu: “O homem que tenha alguma coisa de abundantemente risível a seu propósito, estai certos, há nele mais do que supondes” (tradução de Pericles Eugênio da Silva Ramos).

Susan Boyle é linda. Feios somos nós.

6 comentários:

Lizandro Júnior disse...

Eu assisti a apresentação dela e também fiquei admirado não só pela sua performance mas pela simplicidade e a vontade de cantar que ela possui.

Fantástico texto.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Valeu pela força, Lizandro.

Bruna Caixeta disse...

Lívio, igualmente bem descrita a caracterização que você fez da postura da imprensa e da cantora. Sim, cantora. Quão bela é a voz dela!

Gostei de ter conhecido a Susan Boyle por meio do seu olhar honestamente humano sobre ela. E não deixou de ser um belo tributo à Susan este seu texto.

Um grande abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Bruna, de fato, gostei demais de assistir à apresentação dela. Foi catártico.

Grato por conferir.

Manoel Almeida disse...

Lívio, não menos dignas de registro é presença de espírito e a beleza interior de Amanda Holden, a garota de verde. Quanta ternura, inteligência e imaginação irradiam daqueles olhos sonhadores. Fiquei profundamente emocionado e quando a ouvi falar quase fui às lágrimas. Definitivamente: feios somos nós.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Obrigado por conferir, Manoel.