terça-feira, 30 de junho de 2015
FOTOPOEMA 374
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BANDA JANELA VERDE EM EVENTO DOMINICAL
No domingo (28/06), na casa do fotógrafo Gabriel CZ, ocorreu evento com a participação da banda Janela Verde. CZ e os integrantes do grupo, após conversas, decidiram realizar algo em horário incomum: pela manhã. Na ocasião, a banda executou canções de autoria própria.
De acordo com CZ e com a banda, a intenção do evento, além de promover o ajuntamento de pessoas que, seja produzindo música, seja apreciando-a, participam do momento musical vivido na cidade, era divulgar o trabalho do Janela Verde; o EP deles pode ser conferido no Youtube. A intenção da banda é fazer show de lançamento desse EP.
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DERROTAS E VITÓRIAS
Assistindo a Argentina e Paraguai. No futebol atual, melhor perder como o Paraguai do que ganhar como o Brasil.
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segunda-feira, 29 de junho de 2015
O PAÍS DO FUTEBOLZINHO
Relevem o truísmo: o tempo passa, as coisas mudam. Não importa se melhoram nem se pioram. Elas mudam. Fiquemos, por ora, assim. O futebol mudou. Se melhorou ou se piorou, não é o que argumento. O que afirmo é mais um truísmo: o futebol de hoje não é o mesmo, por exemplo, de há vinte anos.
Não me refiro às maracutaias. A prisão de alguns figurões da Fifa não é dedetização forte o bastante para que haja limpeza na entidade e em seus tentáculos. Contudo, sejamos esperançosos; que sejam as prisões realizadas recentemente o chute inicial para se banir a podridão.
Apesar dos esquemas escusos dos que comandam o futebol, o esporte mudou dentro de campo. O fiasco do ludopédio praticado aqui é consequência de um jeito de praticar o esporte que se tornou obsoleto dentro de campo. O futebol europeu também é corrupto. A diferença entre o futebol deles e o nosso é a de que a corrupção deles não os impediu de, em campo, modificarem o modo como vinham jogando ao longo das décadas. O estrago da corrupção, em campo, é maior aqui.
Os sete gols da Alemanha no ano passado e a recente desclassificação na Copa América são sintomas visíveis de bastidores torpes. Isso não é ainda o que pode haver de pior. Chegará o dia em que a seleção da CBF não vai se classificar para uma Copa do Mundo. Chegará o dia em que os grandes clubes brasileiros vão apresentar um futebol mais chinfrim do que o que temos presenciado.
Ao lamaçal da Fifa e da CBF, junte-se nossa congênita falta de disciplina. Depois de não ter mais como piorar, o futebol brasileiro terá de assumir que não mais basta a genialidade de um ou de outro para que haja conquistas. Ainda que exista, no futuro, uma limpeza na corrupção da CBF, dentro de campo não haverá mudança se técnicos e jogadores não perceberem que futebol também se estuda, que futebol exige concentração e disciplina.
Além do mais, alguns jogadores têm na seleção brasileira uma apatia que não têm em clubes europeus. Não me deparo com isso quando assisto a jogos de outras seleções sul-americanas. Aliás, salvo estarem fazendo um teatrinho, o que confiro são seleções se doando em campo, a despeito da corrupção que existe também nas federações futebolísticas desses países. Não há nelas a preguiça e o tipo arrogante que caracteriza o time da CBF.
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sábado, 27 de junho de 2015
VÍRUS NO FUTEBOL
Segundo o Dunga, alguns jogadores tiveram virose. O nome do vírus é CBF.
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sexta-feira, 26 de junho de 2015
EXEMPLOS
Argentina e Colômbia estão jogando pela Copa América. Partida aguerrida, disputada com raça, com alma, com entrega... Esses atributos que a seleção da CBF não tem.
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quinta-feira, 25 de junho de 2015
JOICE HASSELMANN E AS PALAVRAS ALHEIAS
A Joice Hasselmann foi acusada de plagiar sessenta e cinco (!) reportagens. Ela negou; em nota publicada no Facebook, esbravejou contra aqueles que a estão acusando, mas... apagou, do blogue em que escreve, as postagens que estão sendo acusadas de serem plágio. Ora, se ela garante que os textos são dela, se ela está certa disso, por que apagá-los?...
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FAÇA NEGÓCIO COMIGO E SE DÊ BEM
O assunto de hoje é um dos mais importantes de que vou
tratar desde quando cheguei a este planeta, há cinco mil e três anos. Eu
poderia estar em qualquer lugar do Universo. Se estou aqui, é por querer o bem
de vocês. Guardem no coração as palavras que direi. Quando eu terminar, sigam
as instruções de meus colaboradores.
Caso você receba um salário mínimo, dê-me cinquenta por
cento do que você ganha. Se recebe dois, dê-me quarenta por cento; se três,
trinta por cento; se quatro, vinte por cento; se mais de quatro, bastam dez por
cento.
Se você estiver desempregado, não há problema; caso receba
ajuda financeira de algum parente ou de algum amigo, dê-me sessenta por cento
desse valor. Caso você esteja sendo bancado pelo cônjuge, dê-me setenta por
cento do que seu parceiro ou parceira lhe der.
Pode ser o caso de você, embora desempregado, fazer alguns
bicos. Se você estiver nessa situação, dê-me oitenta por cento do que você
arrecada com seus trabalhos. Se você ganhar na lotofácil, mega-sena, timemania
ou afins, dê-me noventa por cento do que você ganhar. Caso receba dinheiro de
aluguel, dê-me cem por cento do valor.
Vocês já conhecem meu trabalho. Sabem que não sou desses
charlatões que prometem mundos e fundos caso vocês deem seu dinheiro para eles.
Não sou mundano. Doando seu dinheiro para mim, vocês terão acesso, depois de mortos,
a deleites inefáveis. A linguagem de que vocês dispõem é chinfrim demais para
alcançar a grandeza das delícias que sei que vocês terão, desde que sigam
minhas ordens.
Sou um enviado. Estou aqui para interceder por vocês. Sou a
ponte entre vocês e o reino das delícias eternas. Sem mim, haverá para vocês
danação pelo resto da morte; comigo, garantem entrada para mananciais de
bonanças imorredouras.
Vou me valer de uma parábola, de uma analogia, de uma
metáfora. Fazendo negócio comigo, é como se vocês comprassem ingresso para
assistir a uma partida de futebol num estádio. Só que nesse jogo vocês estarão
em campo, marcando com minha intercessão golaços que lhe garantirão passeio
fecundo e cheio de regozijo em campos verdejantes, pródigos e eternos.
Existem muitos que dizem ser como eu sou. Não se deixe levar
por eles. Eu — e somente eu — sou o único e legítimo enviado das estrelas. Não
jogue nas mãos de safados aproveitadores tudo o que você é em vida nem jogue
fora tudo o que você poderá ser depois de ter morrido. Eu não vendo ilusões —
eu garanto sua felicidade eterna. Siga agora as instruções de meus
colaboradores.
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quarta-feira, 24 de junho de 2015
APONTAMENTO 266
Tem uma leveza bonita. Acho que é o jeito de se movimentar. Não é malemolente nem acelerado. Não há arrancos, não há lentidão. É como se fosse um movimento sutil (por isso marcante) e contínuo. Um meio termo que também está na voz, que, se não grita, também, sem afetação, não sussurra. Um modo de existir que não é apagado, mas que está longe de querer ofuscar. Uma existência que flui, que parece se esgueirar. Sem esforço aparente, destaca-se. É como se existir fosse a mais espontânea das ações.
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CONTO 78
Era o primeiro jantar que Ana Cláudia e Celso compartilhavam depois da briga. Estavam à mesa mais por insistência dele que por desejo dela, que ainda assim aquiesceu. O encontro foi na casa de Ana Cláudia, que preparou pato com laranja. Foi essa a primeira vez na qual ele achou que a comida dela não estava gostosa. Secretamente, ela teve a mesma opinião dele, ciente de que a refeição estava insossa por ela não ter seguido preceito que ela mesma criara — o de que se for para temperar com rancor, melhor não cozinhar.
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IMAGINAÇÃO E LEITURA
O engano daquele que tem imaginação é mais rico do que a platitude daquele que é mediano. A imaginação fértil precisa de solo fértil. Se não o acha no ambiente em que está, acha-o nos livros de que se vale. A leitura tonifica a imaginação; não bastasse, é escudo contra a mediocridade, seja a própria, seja a alheia.
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terça-feira, 23 de junho de 2015
SOBRE CAVALOS E ÉGUAS
Depois de prestar atenção danada em conversa de adultos, menino pergunta:
— Pai, por que estão chamando aquele cavalo ali de égua?
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FOTOPOEMA 373
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segunda-feira, 22 de junho de 2015
ROLA (2)
Sobre a frase do Boechat, Lenine aderiu... ao rolo: disse, no sábado, o mesmo que o jornalista dissera na sexta. A plateia gostou, repetiu: houve revoada.
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EM MÃOS
As atitudes que deixou de tomar:
a vida que poderia ter sido.
Os sonhos de que abriu mão:
a vida que poderia ter tido.
As viagens que acabou não fazendo:
a vida que poderia ter ido.
Resta-lhe uma vida na palma da mão:
já começou a deslizar pelos dedos.
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O CHARME DA ETIMOLOGIA
Tinha comigo que a palavra “glamour” já havia sido aportuguesada. Na dúvida, dicionário. Conferi. Não há em português o termo “glamur”. Ainda insistindo, fui ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras. Nele, também não há “glamur”.
De volta ao Houaiss, o dicionário que consultei, digitei “glamour”. Lendo a etimologia da palavra, revelação: “Ing. glamour (1715) ‘feitiço, encantamento, magia’, este do escocês glamour, glamer, alt. do ing. grammar ‘gramática’, pela associação que se fazia entre a erudição e as práticas ocultas”.
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Etimologia
QUEM QUER SER MODELO?
Recentemente, Pedro Andrade, por intermédio de rede de TV americana para a qual trabalha, exibiu breve documentário em que o universo dos modelos masculinos é destrinchado. Ao desnudar esse mundo, a produção destaca que o encantamento associado à profissão de modelo é, na maioria dos casos, ilusório. Na prática, o dia a dia da maioria desse pessoal não tem charme nem grana.
O auge da carreira é fazer sucesso em Nova Iorque. Poucos são os que conseguem estar lá. Só que conseguir estar lá não é ainda garantia de êxito. Muitos dos que vão para a cidade ou voltam para o lugar de onde saíram depois de pouco tempo ou levam uma vida com menos grana do que se supõe. A rigor, somente um dos modelos apresentados no documentário tem carreira longa e dinheiro sendo modelo. Ele é uma espécie de versão masculina de Gisele Bündchen. Chama-se Alex Lundqvist.
Depois de assistir ao documentário, a conclusão fácil é a de que, no ambiente dos modelos masculinos, o sucesso não é a regra, diferentemente da ideia que se pode ter. Mas, a rigor, o sucesso, pelo menos tal qual está presente no imaginário, é exceção não somente no mundo dos modelos masculinos.
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Pedro Andrade
APONTAMENTO 265
A erudição pode trazer elegância, mas arrotar erudição é deselegante, seja na fala, seja na escrita.
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domingo, 21 de junho de 2015
APONTAMENTO 264
Valeu a pena estudar inglês: a revista The New Yorker existe.
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Revista The New Yorker
sábado, 20 de junho de 2015
APONTAMENTO 263
O grande escritor não foge dos grandes temas.
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APONTAMENTO 262
Luiz Carlos Jr., narrador do Sportv, informou que Messi deixou a Argentina com treze anos. Ele tinha problema de crescimento; o tratamento custava novecentos dólares por mês. Nenhum time argentino quis bancá-lo; o Barcelona quis. Ao querer, não só resolveu o problema de Messi, mas também criou um gigante do futebol.
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sexta-feira, 19 de junho de 2015
ROLA
O “vai procurar uma rola”, do Boechat, foi o assunto do dia. Mas, também dele, fico com o “tomador de grana de fiel”.
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"A LEITURA PODE TORNAR VOCÊ MAIS FELIZ?"
A revista The New Yorker publicou mais um elegante artigo, intitulado “A leitura pode tornar você mais feliz?” [Can reading make you happier?]. O texto foi escrito por Ceridwen Dovey. Dentre outras vantagens, Dovey elenca os benefícios neurológicos advindos da leitura de ficção.
À parte tais benefícios, num trecho, ela escreve: “Numa era secular, eu suspeito de que ler ficção seja um dos poucos caminhos remanescentes para a transcendência, aquele elusivo estado em que a distância entre o eu e o universo encolhe”.
O texto de Dovey é sobre as serventias da leitura; percorrê-lo é vivenciá-las. Borges, numa penada, resumiu o que o texto da revista The New Yorker advoga — e o que todo leitor de ficção ou de poesia sabe: “A leitura é um forma de felicidade”.
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quinta-feira, 18 de junho de 2015
OS NOMES DOS LUGARES
Tenho certo fascínio por nomes de lugares. Mogadíscio é um nome de que gosto muito. Num dos caminhos que dão acesso a Belo Horizonte, há a região conhecida como Serra da Saudade. O lugar é perigoso, exige muito de quem esteja dirigindo por lá. Mas o nome é muito bonito. Um dos mais bonitos que já vi. Talvez só não seja mais belo do que Vila das Almas, nome de lugarejo que divisei à beira da rodovia, certa vez, indo para Diamantina. Vila das Almas... É um fabuloso nome para um romance.
AMARELINHA
Ontem, a Colômbia venceu o Brasil por um a zero, em jogo pela Copa América. “É preciso respeitar a amarelinha”. Houve um tempo em que essa frase era referência à cor da camisa da seleção brasileira.
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terça-feira, 16 de junho de 2015
APONTAMENTO 261
O futebol uruguaio é mais aguerrido do que técnico; o argentino, aguerrido e técnico; o brasileiro, técnico, imbele e indisciplinado.
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APONTAMENTO 260
Nos grandes escritores, cada palavra é importante.
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É...
Vai dar pé:
ela tem fé,
ela tem sé,
ela tem Zé.
ela tem fé,
ela tem sé,
ela tem Zé.
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Poesia
CONTO 77
Há algum tempo, Zenon vinha flertando com Marta, que trabalhava num restaurante que ele passara a frequentar. A aliança na mão esquerda dela o fazia desistir de abordagem contundente. Além do mais, terminado o almoço, ele nem pensava nela. Numa noite insone, contudo, pensou. Nesse exato instante, Marta, que jamais havia pensado em Zenon, nele pensou. No outro dia, quando os olhares dos dois se encontraram, houve fagulha que denunciou a latência do fogo. O tempo passou. Não deixaram brotar o incêndio.
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segunda-feira, 15 de junho de 2015
APONTAMENTO 259
Escrever letra de música é uma habilidade diferente da habilidade de escrever poesia. Uma letra de música pode ser poética, mas um conto também pode. Dito com outras palavras: nem todo letrista tem habilidade para escrever poesia; nem todo poeta tem habilidade para escrever letra de música. É claro que uma pessoa pode ter as duas habilidades.
Como a poesia ou como a prosa, a letra de música pode condensar a complexa e multifacetada existência humana. Como gênero literário (encaro a letra de música como gênero), ela pode ser tão rica quanto qualquer outro texto em prosa ou em verso. Não que a letra de música precise soar como grande literatura, mas grande literatura ela pode ser.
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FUSÃO
Em toda manhã,
que fique algo
da noite:
a lembrança
de um sonho,
a presença
de um corpo.
Em toda tarde,
que fique algo
da manhã:
a lembrança
de um café,
a presença
de uma voz.
Em toda noite,
que fique algo
da tarde:
a lembrança
de um livro,
a presença
de um flerte.
Seja
meu agora
legado
que recebo
e herança
que deixo.
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domingo, 14 de junho de 2015
"VAGÃO"
Eu me emociono quando a simplicidade se transforma em arte. Quando em arte é transformada, a simplicidade tem, paradoxalmente, o poder de mostrar o quanto a vida pode ser complicada. É um paradoxo triste e bonito. O drama da vida pode estar em qualquer um, em qualquer lugar.
De nossas vidas, até que ponto somos autores, até que ponto somos escritos? Escolhemos ou somos escolhidos? Ou há uma mistura dos dois? Qual o papel do acaso? Qual nosso papel? Somos todos os autores dessa história ou somos personagens? Se personagens, quem está nos escrevendo?
Essas ideias esparsas me ocorreram enquanto eu assistia a “The lunchbox” [“Dabba”, 2013], do diretor Ritesh Batra, também autor do roteiro. Salvo engano, o filme não tem título em português, o que é uma pena. Se tivesse, e se tivesse havido tradução literal, o filme chamar-se-ia, segundo pesquisa que fiz (não sei se correta), “Vagão” (tradução de “Dabba”); em inglês, recebeu o título de “The lunchbox (“A Marmita”).
O sistema de entregas de marmitas na gigantesca Bombaim é conhecido como sendo um dos mais eficientes do mundo. Todavia, “The lunchbox” conta a história de uma entrega incorreta. Saajan Fernandes (interpretado por Irrfan Khan), certo dia, recebe seu almoço no escritório. Mas a refeição era para ter ido para o marido de Ila (interpretada por Nimrat Kaur). Ila mesma preparara a comida, numa tentativa de reaquecer seu casamento, que ia mal.
A partir daí, Ila e Saajan começam a se corresponder; as cartas ou os bilhetes eram acondicionados nas marmitas. Sem se conhecerem pessoalmente, eles, contudo, passam a saber um do outro por intermédio das correspondências. Num toque de humor do roteiro, os dois chegam a “brigar”, como se fossem namorados. Também engraçada é a participação de Auntie — voz de Bharati Achrekar. É que de Auntie, somente temos acesso à voz. Os diálogos entre ela e Ila conferem leveza ao filme.
“The lunchbox” é poético, lírico; é um filme sobre encontros e sobre desencontros; uma história feita de coincidências e do que parece prestes a acontecer. É um daqueles raros filmes construídos a partir de uma densa simplicidade, a partir de ricos detalhes. “The lunchbox” tem o poder de tornar melhor quem o assiste. E se você gosta de cozinhar, delicie-se.
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METADE
Tito, o cachorro aqui de casa, ainda não se acostumou de todo com meu equipamento fotográfico. Ora fica à vontade, ora fica ressabiado. Num desses momentos de desconfiança, escondeu-se parcialmente por detrás da parede que separa a cozinha do quintal. Não haveria como não tirar a foto.
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Tito (meu cachorro)
SEDENTO
“Mais do mesmo”: eles visitam essa torneira com frequência. Se a câmera está por perto, faço a foto.
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PRESCRIÇÃO
Ontem, narrador do SporTV, de que não sei o nome, resumindo a trajetória do jogador Allano, do Cruzeiro, diz que o jovem já estava desistindo de ser jogador de futebol, tendo procurado emprego numa farmácia. Hoje, tem oportunidade de ser titular de um grande time. A vida tem... remédio...
sábado, 13 de junho de 2015
CASA
Haverá o dia em que
não terei mais de habitar meu corpo.
Quando esse dia chegar,
não importa o que venha depois,
se danação,
se bênção,
se escuridão silente e perene,
terá início uma era de paz.
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quinta-feira, 11 de junho de 2015
APONTAMENTO 258
Entre o rio e os afluentes não há hierarquia: tudo são águas.
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quarta-feira, 10 de junho de 2015
ROXETTE E A VELHICE
Sinal inequívoco de velhice: durante aula, estava eu explicando o quanto o inglês é um idioma onomatopaico. De passagem, como exemplo, citei o duo sueco Roxette, que tem um CD intitulado “Crash! Boom! Bang!”. Uma aluna logo disse: “Ah, Lívio, minha mãe adora escutar as músicas desse povo aí”. Quando esse povo surgiu para o pop, eu já trabalhava em rádio...
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Roxette
APONTAMENTO 257
Do lirismo derramado, fujo mais do que foge — dizem — da cruz o diabo. Pareço me sair melhor na contenção do que no estilo caudaloso. Com este, eu não saberia me virar; com aquela, arrisco o que fazer.
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APONTAMENTO 256
Ronaldo Fenômeno criticando a CBF. Quando a poeira baixar, ele volta a ser amiguinho deles.
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APONTAMENTO 255
O povo brasileiro é melhor do que a chamada grande imprensa e do que os chamados grandes meios de comunicação do Brasil.
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CONTO 76
Adamastor estava se sentindo muito mal por ganhar menos do que a esposa. A princípio, fingiu ignorar. Depois, não resistindo, desquitou-se. Num rompante, decidiu que ficaria sem mulher. Isso durou dois anos e quatro meses. Hoje, é gigolô.
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terça-feira, 9 de junho de 2015
APONTAMENTO 254
Simplesmente não sei do que falam algumas letras do Zé Ramalho. “Beira--mar”, por exemplo, é sobre o quê? Não sei. Mas nem a poesia nem a música precisam ser entendidas pela lógica. Não dou a mínima se não entendo a letra de “Beira-mar”; quero mais, agora, é esgoelar “há peixes milagrosos, insetos nocivos / Paisagens abertas, desertos medonhos / Léguas cansativas, caminhos tristonhos / Que fazem o homem se desenganar”.
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HAICAI 35
Folhas, o vento leva.
Folhas em branco,
a caneta não releva.
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HAICAI 34
Em mim estão
o problema e
a solução.
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segunda-feira, 8 de junho de 2015
"RUSH"
Quando o esporte é levado para as páginas de um livro ou para o enquadramento das câmeras, não raro há criações belíssimas. Jamais assisti a uma partida de beisebol, mas “Por amor” [For love of the game] é um belo filme; nunca assisti a uma partida de futebol americano, mas “Um sonho possível” [The blind side] conta uma tocante história. Não importa se a abordagem é ficcional ou não: qualquer esporte é pleno de grandes histórias.
Por pensar assim, é que fiz questão de conferir “Rush: no limite da emoção” [Rush, 2013], do diretor Ron Howard; o roteiro é de Peter Morgan. O filme relata a temporada de 1976 da fórmula 1, quando James Hunt (interpretado por Chris Hemsworth) foi o campeão. Nesse tempo, a disputa era acirrada entre ele e Niki Lauda (vivido por Daniel Brühl), que sofreu um acidente durante uma corrida, quase tendo morrido. Na batida, Lauda teve queimaduras severas; mesmo assim, pouco mais de um mês depois, voltou às pistas.
“Rush” revela a relação especular que havia entre os dois pilotos. Lauda era o cerebral; Hunt, o emocional. Lauda, comedido fora das pistas; Hunt, envolvido com farras. Em comum, o talento incomum ao dirigir um carro. À medida que eu ia assistindo ao filme, eu ficava me perguntando o que nele seria biográfico e o que seria ficcional. Conferindo uma entrevista com Niki Lauda no YouTube, ele disse ter gostado muito de “Rush”, o que leva a crer que os elementos de realidade ficcionada não comprometeram a acuidade do trabalho. O próprio Lauda, no vídeo que assisti, usou o adjetivo “accurate” (acurado) para se referir ao trabalho de Ron Howard.
Gostando ou não de fórmula 1, assista a “Rush”. O filme exibe duas pessoas díspares, mas que tinham em comum o talento para dirigir e a força para causar uma grande rivalidade no automobilismo. Ainda que fosse pura ficção, “Rush” já convenceria como um excelente filme de ação com um primoroso enredo. Só que o filme não é pura ficção. Lauda e Hunt, que morreu em 1993, são a força... motriz da obra. Uma coisa é ter uma boa história para contar; outra é saber o que fazer com ela. Ron Howard e Peter Morgan souberam.
APONTAMENTO 253
A fênix mudou de nome em agosto de 1976: passou a se chamar Niki Lauda.
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domingo, 7 de junho de 2015
APONTAMENTO 252
A excelência é exceção, mas nem por isso a mediocridade deveria se tornar regra.
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ATENÇÃO
Para conseguir do Tito essa “pose”, fiz um trinado com a língua atrás dos dentes superiores. Ele achou tudo muito esquisito.
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"GRAVIDADE"
Quando “Gravidade” (Gravity, 2013), do diretor Alfonso Cuarón, foi lançado, a CNN teve a ideia de perguntar para um astronauta (não me lembro do nome dele) sobre a verossimilhança da produção. De acordo com o astronauta, o filme, no aspecto científico, não se sustenta. Ressaltou, contudo, que a produção de Cuarón é excelente entretenimento. O roteiro foi escrito por ele (Alfonso Cuarón) e por Jonás Cuarón.
Com o atraso de sempre, somente ontem é que conferi o filme, que tem no elenco Sandra Bullock (no papel de Ryan Stone) e George Clooney (no papel de Matt Kowalski). Ryan e Matt passam aperto quando a nave em que estão é atingida por estilhaços de satélites.
A partir desse momento, começam os problemas deles. São tantos que a partir de certo trecho do filme o espectador já passa a se perguntar qual encrenca virá a seguir. O próximo percalço passa a ser aguardado — e ele invariavelmente surge.
Dito assim, pode-se ter a impressão de que o enredo seria mera sucessão de tribulações vividas no espaço por astronautas. Isso não ocorre graças ao elemento humano que o filme tem. Trata-se, em última instância, de um enredo sobre a luta pela vida. Se falta ao filme verossimilhança científica, ele tem o mérito de ter verossimilhança quanto ao caráter e à dimensão humana dos personagens, mesmo às vezes sendo estranho Ryan estar em missão tão arriscada sem saber os rudimentos de como operar as engenhocas com que tem de lidar.
Os roteiristas acertaram em salpicar o filme com pitadas de humor aqui e ali, o que impediu que o drama de Ryan e de Matt se tornasse melodramático e monótono. Um dado curioso é o de que embora o filme se passe na órbita da Terra, ele é minimalista, a despeito de o cenário ser a vastidão do espaço. Na versão do título em português, mantiveram o original, o que foi decisão acertada, já que em inglês a palavra “gravidade” também tem duplo sentido.
O tempo é relativo, tanto na física quanto em nós. Com tão poucos personagens num cenário, paradoxalmente, tão limitado, terminados os noventa minutos do filme, fica-se com a impressão de que menos minutos de passaram. Sintoma de que assisti-lo não é perder tempo.
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sábado, 6 de junho de 2015
ATLÉTICO/MG 1 x 3 CRUZEIRO
Numa boa partida, o Cruzeiro derrotou o Atlético no Independência. Levando-se em conta as circunstâncias, a vitória cruzeirense é um feito. O Atlético está em melhor fase, vinha jogando melhor do que o Cruzeiro, que tem padecido depois do desmanche por que passou, terminada a temporada passada.
O Atlético era o favorito. Quando joga no Independência, é forte. Além do mais, não havia torcedor do Cruzeiro nem do Atlético que não tivesse em mente o dado de que o dono da casa estava a onze jogos sem perder para o Cruzeiro. Começada a partida, ainda que se argumente que Leonardo Silva estava impedido (estava mesmo) no lance que originaria o gol do Atlético, marcado por Luan, aos treze minutos do primeiro tempo, isso não anula o melhor momento vivido pelo Galo.
Com um a zero para o Atlético, pensei que o recente tabu seria mantido: a configuração conduzia a mais uma vitória atleticana, embora o Cruzeiro estivesse mais aguerrido do que esteve em partidas que disputou recentemente. O time do Atlético, veloz e melhor taticamente, foi melhor no primeiro tempo, o que não impediu o Cruzeiro de empatar, aos quarenta e seis, com gol contra de Gemerson.
No intervalo, Wallison é substituído por Gabriel Xavier. Com trinta e um segundos de bola rolando no segundo tempo, Xavier desempata. Depois, deixaria o jogo, com dores na coxa; foi substituído por Alano. Aos vinte e seis, depois de cruzamento de Damião, Marquinhos pegou de primeira, marcando o terceiro gol do Cruzeiro. (Assistindo ao jogo, quando me dei conta de que ele chutaria de primeira, cheguei a dizer “não” em voz alta, considerando que ele erraria; com a bola na rede, meu não se transformou em “sim”.) No segundo tempo, melhor foi a Raposa, mesmo considerando-se as excelentes defesas do Fábio.
Fui contra a demissão de Marcelo Oliveira. Não sou a favor de Luxemburgo no Cruzeiro. É claro que me lembro daquele formidável time de 2003, que era treinado por ele, Luxemburgo; eu estava lá no Mineirão quando da partida contra o Paysandu (jogo que decretou o título do Cruzeiro). Sei reconhecer a importância que o técnico teve para o Cruzeiro, mas não o vejo como sendo ideal para o time neste momento.
Os defensores de Luxemburgo têm dados convincentes para me refutar: no meio de semana, o Cruzeiro derrotou o Flamengo; hoje, no Independência, a Raposa quebrou escrita recente, em que o elenco atleticano vinha saindo vitorioso. Obviamente, estou satisfeito com a vitória cruzeirense, conseguida há pouco. Ainda assim, não sinto firmeza no que Luxemburgo possa vir a fazer no Cruzeiro neste 2015. Que eu esteja errado.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (84)
Devo esta foto a meus alunos do IFTM: hoje à tarde, com paciência, predispuseram-se a chutar esta bola diversas vezes, para que eu a fotografasse enquanto ela estivesse viajando. Quando tive tal ideia, pensei que a execução seria fácil, por eu estar acostumado a fotografar aves durante o voo.
Todavia, na prática, logo percebi que seria difícil capturar a bola depois de ela ter sido chutada, pois o tempo que ela permanecia no ar era breve, de modo que estava difícil achá-la durante o trajeto; depois de achá-la, a dificuldade seguinte era conseguir uma imagem focada. Após algumas tentativas — e contando com os chutes dos alunos —, pude conseguir um registro satisfatório.
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(DES)APONTAMENTO 30
Decidiu comprar perfume no concorrente da loja que frequentava. Nem se deu conta de que o cheiro do preconceito não sai.
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APONTAMENTO 251
Dá-me algumas horas de leitura e dir-te-ei quem sou.
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terça-feira, 2 de junho de 2015
ROUPAGEM
Para oferecer, tenho versos.
São eles o que eu consigo.
A poesia não está na moda.
Isso não tem importância.
Tentar a melhor roupa tem.
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CAMPANHA DE O BOTICÁRIO É ATACADA
Preconceituosos se insurgiram contra a campanha de O Boticário para o dia dos namorados. A música de fundo é um trecho, em versão instrumental, de “Toda forma de amor”, do Lulu Santos. Vão atacá-lo também?
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PONDO-SE
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segunda-feira, 1 de junho de 2015
(DES)APONTAMENTO 29
Cláusula de contrato se eu fosse dirigente: goleiro que leva cartão por cera recebe metade do salário no mês.
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