segunda-feira, 8 de junho de 2015

"RUSH"

Quando o esporte é levado para as páginas de um livro ou para o enquadramento das câmeras, não raro há criações belíssimas. Jamais assisti a uma partida de beisebol, mas “Por amor” [For love of the game] é um belo filme; nunca assisti a uma partida de futebol americano, mas “Um sonho possível” [The blind side] conta uma tocante história. Não importa se a abordagem é ficcional ou não: qualquer esporte é pleno de grandes histórias.

Por pensar assim, é que fiz questão de conferir “Rush: no limite da emoção” [Rush, 2013], do diretor Ron Howard; o roteiro é de Peter Morgan. O filme relata a temporada de 1976 da fórmula 1, quando James Hunt (interpretado por Chris Hemsworth) foi o campeão. Nesse tempo, a disputa era acirrada entre ele e Niki Lauda (vivido por Daniel Brühl), que sofreu um acidente durante uma corrida, quase tendo morrido. Na batida, Lauda teve queimaduras severas; mesmo assim, pouco mais de um mês depois, voltou às pistas.

“Rush” revela a relação especular que havia entre os dois pilotos. Lauda era o cerebral; Hunt, o emocional. Lauda, comedido fora das pistas; Hunt, envolvido com farras. Em comum, o talento incomum ao dirigir um carro. À medida que eu ia assistindo ao filme, eu ficava me perguntando o que nele seria biográfico e o que seria ficcional. Conferindo uma entrevista com Niki Lauda no YouTube, ele disse ter gostado muito de “Rush”, o que leva a crer que os elementos de realidade ficcionada não comprometeram a acuidade do trabalho. O próprio Lauda, no vídeo que assisti, usou o adjetivo “accurate” (acurado) para se referir ao trabalho de Ron Howard.

Gostando ou não de fórmula 1, assista a “Rush”. O filme exibe duas pessoas díspares, mas que tinham em comum o talento para dirigir e a força para causar uma grande rivalidade no automobilismo. Ainda que fosse pura ficção, “Rush” já convenceria como um excelente filme de ação com um primoroso enredo. Só que o filme não é pura ficção. Lauda e Hunt, que morreu em 1993, são a força... motriz da obra. Uma coisa é ter uma boa história para contar; outra é saber o que fazer com ela. Ron Howard e Peter Morgan souberam. 

2 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Ei, Lívio,
não há muito tempo, também conferi "Rush". Gostei muito, sobretudo da forma como os diretores souberam direcionar - ou associar - a questão das vitórias e do sucesso nas pistas, com as qualidades morais de Niki Lauda. O personagem Lauda das telas é encantador e cheio de ensinamentos, a partir daquele de valorização da vida (como algo a ser vivido com responsabilidade, e não desdém) dado ao adversário James Hunt. Bela película. Ainda espero rever.
A sua resenha fez muito jus ao filme, ambos em mesma altura.
Grande abraço.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Oi, Bruna.

Para mim, cada um a seu modo, ambos têm personalidades fascinantes. É que, para mim, há algo que atrai no jeito inconsequente de James Hunt levar a vida.

Muito obrigado.

Grande abraço.