domingo, 7 de junho de 2015

"GRAVIDADE"

Quando “Gravidade” (Gravity, 2013), do diretor Alfonso Cuarón, foi lançado, a CNN teve a ideia de perguntar para um astronauta (não me lembro do nome dele) sobre a verossimilhança da produção. De acordo com o astronauta, o filme, no aspecto científico, não se sustenta. Ressaltou, contudo, que a produção de Cuarón é excelente entretenimento. O roteiro foi escrito por ele (Alfonso Cuarón) e por Jonás Cuarón.

Com o atraso de sempre, somente ontem é que conferi o filme, que tem no elenco Sandra Bullock (no papel de Ryan Stone) e George Clooney (no papel de Matt Kowalski). Ryan e Matt passam aperto quando a nave em que estão é atingida por estilhaços de satélites.

A partir desse momento, começam os problemas deles. São tantos que a partir de certo trecho do filme o espectador já passa a se perguntar qual encrenca virá a seguir. O próximo percalço passa a ser aguardado — e ele invariavelmente surge.

Dito assim, pode-se ter a impressão de que o enredo seria mera sucessão de tribulações vividas no espaço por astronautas. Isso não ocorre graças ao elemento humano que o filme tem. Trata-se, em última instância, de um enredo sobre a luta pela vida. Se falta ao filme verossimilhança científica, ele tem o mérito de ter verossimilhança quanto ao caráter e à dimensão humana dos personagens, mesmo às vezes sendo estranho Ryan estar em missão tão arriscada sem saber os rudimentos de como operar as engenhocas com que tem de lidar.

Os roteiristas acertaram em salpicar o filme com pitadas de humor aqui e ali, o que impediu que o drama de Ryan e de Matt se tornasse melodramático e monótono. Um dado curioso é o de que embora o filme se passe na órbita da Terra, ele é minimalista, a despeito de o cenário ser a vastidão do espaço. Na versão do título em português, mantiveram o original, o que foi decisão acertada, já que em inglês a palavra “gravidade” também tem duplo sentido.

O tempo é relativo, tanto na física quanto em nós. Com tão poucos personagens num cenário, paradoxalmente, tão limitado, terminados os noventa minutos do filme, fica-se com a impressão de que menos minutos de passaram. Sintoma de que assisti-lo não é perder tempo. 

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