quarta-feira, 29 de maio de 2019

O amor musical de Lizandra

Graças a financiamento coletivo, a cantora Lizandra está lançando o EP Guia prático para amar de novo — Parte 1. O trabalho vai estar disponível em todas as plataformas digitais daqui a algumas horas, à meia-noite.

São quatro, as faixas, todas acústicas: “Te Amo Tanto”, “Só por Você”, “Varanda” e “Entardeceu”. Emerge delas a tradição lírico-amorosa da MPB; cenas do cotidiano são o cenário para as afetuosas letras das canções. “Logo de manhã cedinho / Eu paro pra te ver acordar”, diz a letra de “Te Amo Tanto”; já a de “Varanda” tem o seguinte trecho: “Eu largaria tudo por você / Uma rede, uma varanda / Amor simples de viver”.

Tem-se então que Lizandra celebra o amor, o amor do dia a dia, um amor prático, palpável. Um amor que não vem carregado de tintas melancólicas, seja pela delicadeza das interpretações, seja pelas letras em si. Fosse eu definir de modo muito breve o EP de Lizandra, eu diria se tratar de um trabalho terno e delicado. Nas quatro canções, a expressão de uma cantora que se entrega ao pop, com melodias agradavelmente cantáveis, sem deixar de fazer MPB. Longe de querer delimitar e longe de querer esgotar o trabalho da artista num gênero ou num rótulo, Lizandra faz MPB.

O Artur da Távola escreveu, salvo engano, em Do Amor, Ensaio de Enigma, que uma pessoa pronta para o amor é perigosa para qualquer “status quo”. Nesse sentido, Lizandra é muito perigosa, pois se lança mais uma vez em público e ao público para falar de amor ou do amor em forma de canções. Num Brasil em que parte da população, adoecida, orgulha-se da ignorância, Lizandra oferta para nós canções com roupagem simples e que têm a coragem e a rebeldia de cantarem o amor.

Sim, falar de amor é um ato de coragem e um ato de rebeldia num contexto em que coisas como ternura, delicadeza e conhecimento se ausentam. Em tempos assim, falar de amor é compor um libelo; o de Lizandra tem essa audácia de falar de amor em meio a gritos de ódio e atos de desrespeito. Guia prático para amar de novo — Parte 1 é alento por nos lembrar de que há uma humanidade bonita e viável.

Nas quatro faixas, a cantora tem interpretações delicadas, que estão em sintonia com a temática das letras e que evidenciam uma faceta que me soa nova: uma interpretação mais intimista e ao mesmo tempo mais à vontade, em que o lirismo se mistura com uma pitada de terna malícia. Em entrevista que realizei ontem com a cantora e compositora, ela disse estar mais madura como pessoa e como artista do que há cinco anos, quando lançou seu primeiro trabalho musical. Agora, com Guia prático para amar de novo — Parte 1 (em breve, haverá a Parte 2), Lizandra dá mais um passo a fim de mergulhar de vez em sua arte, corajosa para falar de amor, artista para nos tornar melhores. 

sábado, 25 de maio de 2019

“O que há num nome?” ou O fetiche onomástico

A pergunta do título está na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A digressão de Julieta me veio à tona recentemente por eu ter feito, a princípio, sem querer — e depois, de propósito —, um “experimento” em minhas postagens no Facebook, que nem sempre são postadas neste blogue. Desde quando Bolsonaro surgiu como possível candidato a presidente da república, eu o tenho criticado. Nessas críticas, tenho percebido o seguinte padrão: se o nome dele é diretamente mencionado, os que apoiam o governo dele reservam um tempo para comentar as postagens; se não menciono o nome dele, geralmente não reservam esse tempo.

Esse padrão não é regra absoluta, mas é uma tendência que venho percebendo. Sem eu saber o motivo pelo qual isso ocorre, os que defendem o atual governo parecem não encarar a crítica contra ministros, por exemplo, como metonímia em que o criticado é, em última análise, o chefe do executivo federal. Isso me fez cunhar a expressão fetiche onomástico. A menção ao nome de Jair Bolsonaro desengatilha algo nos apoiadores dele que os leva a interagir com minhas publicações; a menção a ministros, no todo, não aciona esse gatilho. (Essa tendência, seja por que motivo for, pode mudar. Minhas postagens no Facebook não são públicas; junte-se a isso o fato de serem pouco lidas; esse contexto, suponho, anularia ou quase anularia a atuação de “robôs” comentando o que escrevo.)

Não há pretensão de análise sociológica nisso que afirmo. Sou apenas um sujeito incrustado no cerrado, que mora no interior, numa cidade desconhecida no cenário nacional. Eu poderia morar aqui e ter grande influência Brasil afora, mas, é evidente, não é esse o caso; poucos me conhecem, poucos leem o que escrevo. Não sou famoso, não sou lido por milhares de pessoas, não influencio centenas com o que publico. Além do mais, pode ser apenas coincidência o fato de o nome do presidente levar os apoiadores a se posicionarem; pode ser que essas pessoas nem tenham lido as postagens em que ministros ou políticas governamentais sejam criticados. Mesmo assim, não deixa de ser curioso o fato de que, coincidência ou não, defensores do atual governo, em minhas postagens, no geral, não saem em defesa de Bolsonaro quando o nome dele não é mencionado diretamente.

Que não haja dúvida: estou apenas constatando tendência que ocorre no que publico; não estou advogando a favor de números absolutos nem a favor de estudo sociológico-comportamental. Não faço a menor ideia de como se dá com outras pessoas que produzem textos próprios contra o atual governo. Não postulo conclusões nem generalizações, não estou adentrando o reino de suposições baseadas apenas no que ocorre em minhas postagens. Isso seria leviano, nada científico. O que relato não passa de curiosidade com que me deparei.

Outro padrão que tenho percebido nos comentários discordantes do que penso é a negação e o desmerecimento das fontes e das pesquisas que divulgo. Sejam pesquisas, sejam fontes, o que predomina dentre os que discordam é a asseveração de que tudo é mentira, tudo é notícia falsa, tudo é complô para que o presidente seja derrubado. Mesmo aqueles que já divulgaram pesquisas em suas postagens já se mostraram, em minhas publicações, contra... pesquisas, sugerindo que só têm valor as pesquisas divulgadas por eles. Já publiquei pesquisas de pelo menos quatro diferentes fontes; foram taxadas de mentirosas ou de falsas ou de interesseiras. Já mencionei fontes diversas; foram colocadas em xeque. Assim como não faz sentido confiar de modo pleno em tudo o que é divulgado, também não faz o menor sentido só confiar no que está de acordo com nossa opinião.

Tivesse eu tempo e fosse eu sociólogo, usaria, dentre outros, meus próprios textos a fim de concluir algo científico a partir de como os apoiadores de Bolsonaro reagem às (minhas) postagens contra ele, também analisando com cuidado publicações alheias. Como não tenho tempo para uma pesquisa dessa, como eu nem saberia como realizá-la, além do que ela demandaria um fôlego que não tenho, e como não sou sociólogo, que fique o registro de algo que julgo curioso. No mais, uma paródia: what’s in a name? that which we call a Bolsonaro / By any other name would not smell as sweet. 

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Comentário sobre meus livros e sobre fotos recentes de minha autoria

Abaixo, transmissão ao vivo que fiz pelo Youtube. No vídeo, comento sobre meus livros e sobre algumas fotos que tirei recentemente.

domingo, 19 de maio de 2019

A renovação não virá

O Atlético Mineiro fez um péssimo negócio quando demitiu Thiago Larghi e contratou Levir Culpi. Não tendo ele feito trabalho bom na recente passagem pelo clube, foi demitido; no lugar dele, a equipe contratou Rodrigo Santana, enquanto o time partia em busca de novo técnico; flertou-se com Rogério Ceni; as negociações não foram para frente.

O técnico Jorge Jesus assistiu no estádio Independência ao jogo entre Atlético e Flamengo, ontem, o que foi o bastante para que se cogitasse que o português possa ser contratado pelo time de BH. Todavia, Rodrigo Santana (que já treinou a URT) tem feito um belo trabalho no Atlético, que está, com doze pontos, a apenas um do líder Palmeiras. Impossível prever, mas pode ser que em vez de efetivar um técnico que tem feito um belo trabalho, o Atlético se dê mal, investindo num técnico conhecido mas que pode não dar certo no clube, o que seria, em poucos meses, uma reedição do que ocorreu quando Larghi foi demitido e Culpi foi contratado.

Os chamados técnicos de grife, também conhecidos como medalhões, não têm mostrado desempenho à altura do nome ou da fama que têm. Mesmo Felipão, cuja equipe lidera o campeonato brasileiro, é criticado por não propor nada novo, por insistir num esquema de jogo anacrônico, mesmo a equipe sendo a líder do torneio.

Mano Menezes, outro dos técnicos graúdos, é questionado, estando no Cruzeiro há tempos e mesmo tendo conquistado títulos na equipe. Os que cobram mais de Mano alegam que, com o elenco que ele tem em mãos, era para o Cruzeiro estar jogando um futebol bem melhor do que o praticado atualmente. O campeonato brasileiro está no começo, de modo que não é hora ainda de ligar o sinal de alerta quanto à performance da equipe no que diz respeito a rebaixamento. Todavia, caso o time não avance na Libertadores, em que terá parada duríssima, contra o River Plate, e caso empenho e desempenho no campeonato brasileiro continuem ruins como estão, o trabalho de Mano talvez passe a ser questionado até por aqueles que ainda concordam com o que ele tem feito.

Vanderlei Luxemburgo, após hiato longe do futebol como técnico, estreou hoje no Vasco, que, em São Januário, empatou com o Avaí — 1 a 1. Luxemburgo é outro medalhão que há tempos, não só pelo tempo que ficou longe dos campos, não propõe nada novo. Tem a chance agora, no comando do Vasco. Será mais do mesmo ou vai apresentar alguma ousadia? Lembremos que o elenco do Vasco está longe de elencos poderosos, como os do Flamengo, do Grêmio ou do Cruzeiro.

Poder-se-ia argumentar que por isso mesmo seria difícil para Luxemburgo ousar, pois o elenco não daria ao técnico possibilidade de inovações. Todavia, a nova geração de técnicos tem o nome de Fernando Diniz, que está no Fluminense; mesmo tendo Ganso no elenco, o time não é estrelado como o de outras equipes brasileiras. Diniz não pode ser acusado de não buscar novos caminhos para o futebol praticado no Brasil. Sem elenco badalado, tem mostrado ímpeto e exibido um jeito de jogar que pode não agradar aos defensores do futebol proposto pelos medalhões, mas que é um alento na pasmaceira do futebol nacional. Não creio que os medalhões vão apresentar algo novo. Restaria torcer para que os dirigentes investissem em novos e ousados fôlegos. Mas duvido de que isso vá ocorrer. 

Fim do namoro?

Esta é a capa da piauí deste mês. Está aqui por duas razões: há dias, eu a postei em rede social, mas não consegui, na ocasião, descobrir de quem era a autoria do desenho; é de Nadia Khuzina. Eu já suspeitava de que fosse dela, por ela já ter feito outras capas para a revista, mas não tinha então a certeza. Crédito dado, pois. 

A outra razão pela qual publico a capa do periódico: Olavo de Carvalho anunciou que não mais se meteria no governo, o que foi interpretado como sendo ele mais um apoiador a ter pulado fora. Não sei se Carvalho já mudou de ideia quanto a não se meter no governo e se ele está mesmo pulando fora. Se estiver, o namoro da capa da piauí teria chegado ao fim. De qualquer modo, ainda que Carvalho pule fora do barco, o barco não vai pular fora de Carvalho. A não ser que o barco afunde de vez.

À parte Carvalho, recentemente, o cantor e compositor Lobão anunciou que pulou fora. O MBL também sido crítico contra o governo federal. Para o MBL, Carvalho é influência nefasta, com o que concorda a ala militar do governo. Todavia, o núcleo familiar de Bolsonaro obedece às ordens de Carvalho.

O que é fato: com apenas cinco meses de governo, já se fala em impeachment. Tanto que anteontem (ou, talvez, trasanteontem), no medidor de tendências do Google (Google trends), buscas como “impeachment inabilidade” e “impeachment de Bolsonaro entra no radar” aumentaram (captura de tela na postagem).

Ainda que o governo federal tenha se mostrado inábil para negociar na câmara dos deputados, não conseguindo se articular nem com os aliados, ainda que os setores que apoiaram Bolsonaro não consigam se entender, não vislumbro impeachment, no que posso estar errado. Se o governo cair, terá sido por outro(s) fator(es). Se.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Pequeno é quem votou; pequena é a Globo

A Globo, ao entregar a Sidão, goleiro do Vasco, o “prêmio” de “melhor” jogador da partida realizada ontem, contra o Santos, tentou fazer novamente o que a emissora insiste em realizar: entretenimento em vez de jornalismo. Só que no caso da entrega do “prêmio”, não houve entretenimento, ainda que ruim, mas sarcasmo, ironia e desrespeito contra um profissional. Se alguém jogar mal, que seja criticado, que seja cobrado, mas partir para uma zombaria impensada e cruel é história bem diferente de exercer uma crítica que pode até ajudar o profissional a melhorar.

O goleiro do Vasco foi submetido a uma humilhação. Segundo o que li, os profissionais da emissora que estavam no estádio trabalhando durante a partida teriam sido contra a entrega do “prêmio”. A ordem para que ele fosse dado a Sidão teria partido de algum diretor de esporte, cujo nome não consegui apurar.

O que não tem sido dito até então é o quanto é preciso criticar o comportamento do torcedor, dos que escolheram Sidão como o “melhor” da partida, levando-se em conta que a votação tenha de fato sido como a Globo anuncia, ou seja, por intermédio de escolha dos internautas. Não se mencionou que as pessoas, não somente no futebol, não têm senso o bastante para separar o que é gracejo ou humor inteligente do que é ofensa e desrespeito contra alguém que estava exercendo sua profissão.

O que os torcedores fizeram é a expressão de uma sociedade que não tem pudor de achincalhar alguém que estava trabalhando. Não satisfeita com o achincalhamento, ficou colada na tela da TV para conferir ao vivo a materialização de uma atitude pequena, atroz, levada a cabo por uma emissora que nunca se preocupou em tratar o futebol com abordagem jornalística, fazendo, em vez disso, um espetáculo acrítico e dedicado a uma turba mais preocupada em ver sangue do que sensatez. A Globo deve ser — e foi — criticada pelo que fez com o Sidão, mas não pode ser acusada de não ser reflexo de parte dos que a assistem. Ela não deveria abonar a burrice e a maldade de parte dos telespectadores; entretanto, a história do canal é a prova de que respeito nunca foi moeda corrente nas ondas globais.

Neste ano, a Globo não transmite na totalidade, via Premiere, nem jogos do Palmeiras nem do Athletico Paranaense no campeonato brasileiro. Isso não quer dizer que o império esteja abalado (além do mais, no ano que vem, a emissora pode recuperar direitos de transmissão dessas duas equipes no torneio), mas que os times percebam que há alternativas fora das galhofas sem graça da Globo. Do que ainda não sabemos, é se as galhofas dos concorrentes serão tão cretinas quanto as da emissora carioca. 

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Todos os números do presidente

Havia sido divulgado que o exército dera oitenta tiros e matou Evaldo Rosa dos Santos, no dia sete de abril deste ano, no Rio de Janeiro. Evaldo morreu no mesmo dia; Luciano Macedo morreria onze dias depois, em decorrência dos tiros dados pelo exército. Oitenta e três disparos acertaram o carro em que Evaldo e Luciano estavam.

Todavia, laudo divulgado anteontem revela que houve mais de duzentos disparos contra o carro em que os assassinados estavam. “Mais de duzentos” é um número muito impreciso; o laudo, ou pelo menos o que foi divulgado dele, dirime um pouco dessa imprecisão:

• um tenente disparou 77 vezes (há registros de mais 11 tiros dados pela arma dele no mesmo dia, mas não há confirmação de que teriam sido dados na ação que matou Evaldo Rosa dos Santos e Luciano Macedo);
• outro militar disparou 54 vezes;
• três soldados atiraram 20 vezes cada um;
• outro disparou 14 vezes;
• os demais atiraram de 1 a 9 vezes.

A despeito dos dados acima, a imprecisão permanece no trecho “os demais atiraram de 1 a 9 vezes”. Desconsiderada essa imprecisão, tem-se a seguinte conta:

77 + 54 + 60 + 14 = 205

Sem se levar em conta “os demais”, que atiraram de 1 a 9 vezes, houve 205 disparos. Para efeitos matemáticos e históricos, caso se faça um contingenciamento no número de disparos, tem-se que, por exemplo, 30% de 205 equivalem a 61,5, o que já é um número exorbitante, levando-se em conta que o assunto são disparos contra um carro de civis que estavam indo a uma festa.

Ainda assim, bem sabemos que não haveria problema para o ministro da educação, se fosse o caso, transformar 61,5 em 6,15, valendo-se de barras de chocolate. Também sabemos que, para o presidente, não importa o número de disparos, “o exército não matou ninguém”. 

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Vai que...

Há dias, o presidente exibiu cicatriz na barriga causada pela facada e o ministro da educação exibiu cicatriz no ombro causada por acidente. Se a onda pega, que ninguém no governo passe por circuncisão. 

sábado, 4 de maio de 2019

Poema republicano

“O erro da ditadura foi torturar e não matar. 
“Eu sou favorável à tortura.
“Eu acho que essa polícia militar do Brasil tinha que matar é mais.
“Policial que não mata não é policial”.
“O exército não matou ninguém”.
“Ustra é um herói.
“Eu sonego tudo o que for possível.
“Espero que saia; infartada, com câncer, de qualquer jeito. 
“Só não te estupro porque você não merece.
“Sou homofóbico, sim, com muito orgulho.
“Prefiro ter um filho viciado do que [sic] um filho homossexual.
“Temos famílias (...): quem quiser vir fazer sexo com mulher, fique à vontade”.

Fim.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Classe

Não é só parcela da classe média que gostaria de ser rica. Há parcela de pobres que também gostaria. A diferença é que os pobres não pensam que são. 

Dísticos familiares

“Temos famílias”:
se o exército der oitenta tiros, não terá matado ninguém.

“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”:
“Temos famílias”. 

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Por si

Não temo a escuridão.
Temo as criaturas que nela pode haver.
Não criaturas sobrenaturais —
nelas, não creio.

Eu temeria a escuridão
a depender das criaturas naturais
que nela estivessem comigo.
São elas o que eu temeria
no escuro ou no claro.

Sozinho, eu vagaria sem medo
pelas trevas ou pelas luzes.
Mas há seres à espreita
quando falta claridade
ou quando falta escuridão.