Umberto Scandelari é o nome do policial que passou tinta no corpo, simulando sangue, a fim de fazer com que se acreditasse que ele havia sido ferido durante a manifestação no Paraná. A própria PM assumiu a tentativa de engodo de Scandelari. O sangue dos manifestantes é de verdade.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
SANGUE FALSO
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Umberto Scandelari
PARANÁ
Richa está tranquilo: tem à disposição policial que se tinge com uma substância vermelha querendo passar a mensagem de que o vermelho no corpo dele seria sangue, pit bull da Polícia Militar e pessoas no Palácio do Piratini que acharam bom enquanto os servidores eram atacados por policiais (áudio de vídeo captou vozes celebrando à medida que a polícia atacava os manifestantes).
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CEGUEIRAS
Dos olhos que tem,
um se recusa a
enxergar o passado;
o outro, o presente.
Dos olhos que tem,
um está cego de ranço;
o outro, de raiva.
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quarta-feira, 29 de abril de 2015
PESSOA
Fernando
Pessoa ilumina tudo com a razão. A poesia dele é raciocínio. Por vezes, o texto
dele deixa de ser poesia (ou se mantém poesia “apenas” na forma), mas nunca
deixa de ser belo. Fernando Pessoa enxerga à da razão. Lirismo racional.
Racionalidade lírica.
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terça-feira, 28 de abril de 2015
NO BOTECO COM LÍVIO SOARES DE MEDEIROS — EDIÇÃO 5
No ar, mais uma edição de No Boteco com Lívio Soares de Medeiros. O entrevistado é o cantor e compositor Hebreu.
APONTAMENTO 245
Tem insônia quem sabe o poder que podem assumir gotas de torneira a pingar em intervalos regulares madrugada adentro.
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O TAMANHO DO DOCUMENTO
Se por um lado preciso escrever, por outro, padeço de medo mórbido de cansar o leitor — esse temor não merece perdão. Suspeito de que esse receio seja reflexo do que sou como pessoa. É que se eu pudesse escolher, eu percorreria as ruas e os ambientes sem que ninguém desse conta de minha presença; pudesse eu escolher, eu seria invisível.
A invisibilidade é impossível; ficar sem escrever é possível. Mas é uma possibilidade que não quero. Assim, busco um texto que seja pouco... visível, um texto que seja discreto. Numa autoanálise que pode estar incorreta, atribuo a pouca extensão de meus textos ao desconforto que sinto quando sou visto. Não que eu acredite haver trilhões de pessoas dando-se conta de quando estou nas proximidades. A questão não está na quantidade, mas no simples ato de ser visto.
Desde quando comecei a escrever, tenho tido o anseio de escrever textos que fossem mais longos do que os que escrevo, sejam eles ensaios, sejam poemas, sejam contos. Contudo, todas as minhas tentativas foram infrutíferas. Mesmo assim, continuo insistindo em textos maiores, apesar de conviver com uma voz a me sussurrar que é mais sensato polir o que sei fazer, em vez de ansiar pelo que não sei.
Quando comecei a escrever, optei por textos curtos. Penso que isso se deve às leituras de fim da infância e de começo da adolescência. Meu pai lia um jornal chamado Boletim Informativo. Era muito comum o periódico veicular frases do Millôr. Depois, passei a ler os epigramas da seção Dito e Feito, que fazia parte da Superinteressante. Por fim, a coleção O Pensamento Vivo (leitura da adolescência), publicada pela Martin Claret, realçava epigramas dos biografados.
Tudo isso é teoria. A essas cogitações, é preciso acrescentar uma vergonhosa e farta dose de indisciplina. Ao mesmo tempo em que eu realizava o tipo de leitura mencionado no parágrafo anterior, eu lia romances, ensaios e biografias. Como leitor, nunca tive problemas com escritos de maior fôlego; como quem escreve, sempre tive. Por isso mesmo, já passou da hora de eu terminar este texto.
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domingo, 26 de abril de 2015
SINTONIA FINA — EDIÇÃO 33
Pessoas, no ar, mais uma edição do Sintonia Fina, programa musical que apresento.
The Cult — She sells sanctuary
Pitty — Na sua estante
John Lennon — Mother
Douglas Borsatti — Sweet child o’ mine
Kings of Leon — Manhattan
Finis Africae e Renato Rocha — Eu sei
Capital Inicial — Belos e malditos
Video Kids — Woodpeckers from space
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sexta-feira, 24 de abril de 2015
SATÂNICA É A IGNORÂNCIA
Segundo o Pragmatismo Político, Lúcia Fernandes Santana, durante encontro evangélico, teve crise asmática. O redil que estava por perto supôs que ela estava “possuída”. Começaram a rezar, na intenção de livrá-la do diabo. Lúcia continuou passando mal.
Chamaram um pastor. Não sei se ele tentou fazer com que o demônio saísse do corpo de Lúcia. Ainda assim, o religioso fez o que qualquer pessoa com algum senso deveria ter feito quando Lúcia começou a passar mal: chamar uma ambulância.
A mulher morreria no Hospital de Base, em São José do Rio Preto/SP. A asma causou um AVC. Não tendo sido socorrida a tempo, Lúcia perdeu a vida.
Há uma lição gritante: se por um lado somos, em maior ou em menor grau, ignorantes, nem por isso podemos abdicar da busca pelo conhecimento (sei que ele pode ser usado malevolamente). Um pouco menos de burrice ou um pouco mais de ciência poderiam ter salvado a vida de Lúcia.
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Lúcia Fernandes Santana
quinta-feira, 23 de abril de 2015
CONTO 75
Ana Cláudia é sócia de restaurante. Recebe o pagamento dos clientes e anota o peso da comida consumida por eles. A visão de Ana Cláudia sempre foi elogiada; mesmo a balança estando a cinco metros de onde ela fica para receber o pagamento dos fregueses, ela conseguia anotar o peso com eficácia. Afirma até hoje que morrerá velha sem usar óculos. No primeiro dia em que Ana Cláudia não conseguiu enxergar o peso no visor da balança, não se rendeu. Apertou um pouco os olhos e fez a leitura. Numa ocasião, anotou o peso incorretamente. Ela soube disso depois de reclamação de cliente. Olhou ao redor; deu-se conta de que ninguém que trabalhava no restaurante percebera o erro dela. Com o passar dos dias, em dificuldade, tomou decisão: alegou que a balança do restaurante estava com defeito e comprou uma com visor maior.
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APONTAMENTO 244
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segunda-feira, 20 de abril de 2015
CERRADO AFORA
Ontem, domingo (19/04), estive novamente na fazenda que pertence à família do amigo Aldo. Sempre que vou para lá, tenho a oportunidade de vários registros, pois o lugar é pródigo em possibilidades para a fotografia. A região é conhecida como Córrego Rico. Mais uma vez, obrigado ao Aldo e à família dele pela recepção, que é sempre gentil e farta em delícias da roça, preparadas pela dona Elza, a mãe do Aldo.
Além do que oferece a natureza do lugar, tive a chance de fotografar uma galera que passou, com seus carros próprios para terrenos acidentados, dentro da fazenda; é comum passarem por lá, mas foi a primeira vez em que houve a coincidência de eu estar presente quando da passagem deles. Obviamente, eu não poderia deixar de registrar a passagem dos aventureiros.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
EM PÂNICO
Que tecnicamente o Emílio Surita é um baita locutor, até as
tarântulas sabem. Acompanhei a carreira dele até à primeira metade da década de
noventa. Depois disso, talvez por já estar ficando velho, fui perdendo o
interesse em escutar a Jovem Pan FM, uma rádio voltada em essência para o
público adolescente.
Ontem, após assistir a um vídeo, fiquei surpreso com a
consciência político-social do Emílio Surita. Ao entrevistar a Rachel
Sheherazade, que trabalha para a Jovem Pan e para o SBT, Surita revelou uma
sensatez que eu desconhecia. Não que eu o julgasse destemperado: é que
simplesmente eu não tinha conhecimento do que ele pensa sobre questões como,
por exemplo, a redução da maioridade penal.
É sempre bom quando se tem a chance de saber o pensamento,
concordando-se ou não com ele, de profissionais que estão em destaques nos
grandes meios de comunicação. No caso do Emílio Surita, não deixa de
surpreender a moral que ele tem, por ter dito o que disse numa rádio cujas
pautas estão em sintonia com as demandas da atual direita no Brasil.
Não raro, mandachuvas são boçais; chega a ser um mérito para
o Tutinha, dono da emissora, permitir na rádio dele, num dos programas de maior
audiência do rádio brasileiro, um locutor transmitir ideias que não são as do
veículo em que ele trabalha. Digo isso partindo do princípio de que ou o Emílio
Surita tem carta branca para dizer o que pensa ou não sofrerá retaliação pelo
que disse.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
FIM DA PENA DE MORTE É DEBATIDO NOS EUA
Matéria veiculada na excelente revista The New Yorker discorre sobre debate que há nos EUA: o fim da pena de morte. Os que defendem a extinção da pena capital têm vários argumentos. Um deles é racial. Diz a matéria da revista: “Muitos estudos têm mostrado que é muito mais provável que um transgressor que tenha matado uma vítima branca seja sentenciado à morte, principalmente se o transgressor for negro”.
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sexta-feira, 10 de abril de 2015
CONVITE
Logo mais, no Sweet Home Rock Bar, aqui em Patos de Minas, música ao vivo com a banda Blackbird, num tributo aos Beatles. Antes e depois do show, vou estar como DJ, executando pérolas do rock.
Bora curtir?...
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quinta-feira, 9 de abril de 2015
ED MOTTA
Dos tempos do sacana PL 4.330: a elegância, o charme e a sofisticação de Ed Motta também são terceirizados.
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Projeto de Lei 4330
terça-feira, 7 de abril de 2015
SOBRE OS REBELDES
A expressão “rebelde inteligente”, do modo como encaro a
rebeldia, é redundante. O espírito rebelde, tal qual o concebo, é sagaz, não
destrutivo. A rebeldia constrói ideias, instiga, inspira, entusiasma.
O verdadeiro rebelde quer o bem comum. Para quem não sabe
entendê-lo, o rebelde é visto como mero arruaceiro, desses que tolamente saem
por aí fazendo tolas pichações. Nada mais distante de um rebelde do que um
arruaceiro.
O verdadeiro rebelde luta por conquistas coletivas. Nessa
sua luta, pode se enganar, é claro, mas ele não se predispõe a enganar os
demais. Pode ser visto como encrenqueiro ou como individualista. Com
frequência, é banido, mas as coisas pelas quais luta são atemporais.
O verdadeiro rebelde incomoda os conservadores por quebrar a
pasmaceira, por questionar, por ter noção de seus direitos e por cumprir os
deveres. Por natureza ou em essência, o rebelde é um idealista, um sonhador, um
utópico. Suas atitudes são consequência desse espírito.
O sonhador incomoda por mexer no estado em que as coisas se
encontram. O que para ele é simples afirmação pode ser visto como balbúrdia por
aqueles que têm interesse em conservar o astral como ele está. O mundo melhora
graças aos rebeldes, não graças aos que estão interessados mais em si mesmos do
que na evolução de uma coletividade.
O rebelde professa, quer ensinar, quer mostrar, quer contar.
Ele quer dizer a todos sobre uma outra possibilidade; uma possibilidade livre,
menos pesada, menos opressora. Ele se cansa, ele desiste; contudo, para
apoquentação de muitos, o rebelde volta. Se não em pessoa, voltam suas ideias,
as quais, a rigor, nunca vão embora.
O rebelde incomoda quando age. Sua beleza é tal que ele continua incomodando mesmo depois de ter ido embora. Às vezes, mesmo sem intenção, o rebelde desestrutura, agita, faz vibrar.
O rebelde sabe que nunca terá a seu lado os mais poderosos. Mas ele não anseia pelas bênçãos de quem está no poder. O rebelde se sente à vontade é com aqueles que não têm oportunidade para se manifestarem. Ou que não se manifestam por temerem retaliações.
O rebelde sabe que nunca terá a seu lado os mais poderosos. Mas ele não anseia pelas bênçãos de quem está no poder. O rebelde se sente à vontade é com aqueles que não têm oportunidade para se manifestarem. Ou que não se manifestam por temerem retaliações.
Poderosos caretas não entendem a beleza da rebeldia. No
entanto, reconhecem o perigo que pode haver num grupo quando nele há um
rebelde. Sempre haverá um não conformado sendo proscrito. Por um lado, isso é
ruim; por outro, se sempre há um rebelde sendo exilado, sinal de que a pujança
da rebeldia não nos abandona.
O rebelde não seduz os preconceituosos; é desprezado pelos
que, por migalhas ou por carros, bajulam os poderosos; pode causar inveja nos
que morrem de vontade de ser como ele. Ainda que sem querer, o rebelde
perturba. Por isso mesmo, não raro, é espezinhado.
Os inteligentes não ressentidos, os de mente aberta, ainda que não concordem com alguma ideia dos rebeldes, nem por isso deixam de constatar: os rebeldes são mais do que necessários — eles são encantadores.
Os inteligentes não ressentidos, os de mente aberta, ainda que não concordem com alguma ideia dos rebeldes, nem por isso deixam de constatar: os rebeldes são mais do que necessários — eles são encantadores.
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Rebeldia
DO TRIBUTO A PAUL WALKER
Alguém escreveu que “morrer é dobrar a esquina”. Sempre tive comigo que essa frase é do Guimarães Rosa, mas não estou certo disso. Ontem, ela me ocorreu novamente. Explico por quê.
Não assisti a nenhum dos filmes da franquia “Velozes e furiosos”. Independentemente disso, é claro, fiquei sabendo da morte do Paul Walker; ontem, fiquei sabendo do tributo que há para ele no mais recente filme da série.
Assim que conferi o tributo no Youtube, a frase entre aspas do primeiro parágrafo me veio à mente. É que a homenagem a Paul Walker acaba sendo uma materialização ou concretização do conteúdo que citei.
A sequência que homenageia Walker, a qual se valeu de computação gráfica, é bonita e eficaz. Tanto que nem é preciso ter assistido aos filmes da série para que ela seja compreendida, para que se tenha noção do que é sugerido.
O João Cabral costumava dizer que palavras concretas são mais úteis para a poesia do que as abstratas. Nesse pensamento, a palavra “cadeira”, por exemplo, seria mais eficiente para a linguagem poética do que, por exemplo, a palavra “solidão”.
Talvez por isso eu goste de “morrer é dobrar a esquina”. “Esquina” é um elemento concreto, palpável. Talvez por isso eu tenha gostado da sequência que homenageia Paul Walker. Afinal, talvez, a morte seja tomar outro caminho. Sendo ou não, tal sugestão é bonita.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
FINANÇAS
Não fazer de contas —
fazer as contas.
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NO BOTECO COM LÍVIO SOARES DE MEDEIROS — EDIÇÃO 4
No ar, mais uma edição de No Boteco com Lívio Soares de Medeiros. Desta vez, bato um papo com o músico Alexandre Rosa. Na conversa, ele fala de sua convivência com a música, bem como de sua associação com a fotografia.
domingo, 5 de abril de 2015
MANIFESTOS CONTRA A GLOBO
No começo de março, Angélica, que trabalha na Globo, não conseguiu gravar matéria na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela e a equipe que a acompanhava foram recebidas com o tradicional “abaixo a Rede Globo”. Acabaram desistindo de gravar a matéria.
Ontem (04/04), uma equipe da Globo News foi hostilizada e expulsa quando cobria manifestação no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Atos recentes contra a Globo foram realizados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília.
O Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, publicou no dia dois de abril uma frase contundente: “Um macaco teria erguido um império nas condições dadas a Roberto Marinho pela ditadura em troca de apoio político”. Não é segredo que a Globo teve convivência asquerosa com a ditadura, a despeito da retórica de bons mocinhos dos Marinho.
Manifestações não violentas contra a Globo são imprescindíveis. Ela é perigosa. A emissora tem no cerne uma ideologia malévola, travestida numa estética bonita e numa grande competência técnica. Contudo, visual bonito e recursos técnicos e humanos não conseguem esconder o quanto a Globo é daninha e perniciosa.
Mesmo assim, é preciso que os profissionais dela tenham condições de trabalhar. À parte o espectro ideológico que tenham, eles estão exercendo suas profissões. Que escutem protestos, que escutem palavras de ordem — mas que possam trabalhar.
De algum tempo para cá, notícias de quedas de audiência da Globo têm sido veiculadas. Todavia, o poder deles é ainda incontestável. Tenho a impressão de que assim vai continuar por muito tempo. A maior retaliação contra a Globo é não sintonizá-la.
URT SE MANTÉM NA PRIMEIRA DIVISÃO; MAMORÉ CAI
Do mesmo modo que Atlético e Cruzeiro já se ressentiram do poder político exercido na CBF por times do Rio e de São Paulo, times do interior de Minas Gerais já se ressentiram do poder exercido pelo Galo e pela Raposa na Federação Mineira. Também por isso, achei bom que dois times do interior tenham se classificado para as semifinais do campeonato mineiro.
Na sequência do torneio, Cruzeiro e Atlético vão se enfrentar, bem como Tombense e Caldense. Isso significa que já há uma equipe do interior garantida na decisão do campeonato. Também como consequência da rodada deste domingo, ou Cruzeiro ou Atlético não estará na final.
No futebol patense, a URT se mantém na primeira divisão do futebol de Minas Gerais; o Mamoré caiu para a segunda. Desse modo, Patos de Minas não terá seus dois times na primeira divisão do campeonato mineiro no ano que vem.
Os campeonatos estaduais, no todo, têm como característica a monotonia. Contudo, não foi o que ocorreu nesta última rodada do campeonato mineiro. Tanto foi assim que, só mencionando os times locais, antes do início dos jogos de hoje tanto URT quanto Mamoré tinham chances de permanecer na primeira divisão, bem como poderiam cair os dois.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
APONTAMENTO 243
Nem todo silêncio é de sabedoria, mas toda sabedoria aprende a fazer silêncio.
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A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (82)
Há um tempão tenho “paquerado” os pardais que vêm bebericar dos pingos que saem da torneira do tanque, aqui em casa. Eu ficava adiando a foto. Hoje, finalmente, eu a fiz. Nem precisei esperar muito para que um deles viesse se refrescar.
_____
F/5.6
1/250
ISO 800
Sem "flash"
Lente Canon EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS USM
Câmera Canos EOS 60D
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A história por trás da foto,
Fotografia,
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quarta-feira, 1 de abril de 2015
(DES)APONTAMENTO 23
O que o cantor Beck poderia dizer quando voltasse a fazer show onde já havia estado: “Hello, I'm Beck once more”.
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Beck
O GESTO DE HUDEA
A foto que retrata a menina Hudea, de quatro anos, correu o mundo. O autor é Osman Sağırlı; o registro é de dezembro do ano passado, embora só tenha se tornado conhecido mundialmente de uma semana para cá. Sağırlı tirou a foto na Síria; Hudea é uma das vítimas da guerra civil no País.
O fotógrafo explicou que ao apontar a câmera para a menina, ela levantou os braços, supondo que câmera e lente fossem alguma arma. A imagem é impressionante. Tudo nela assusta. A espontaneidade infantil de Hudea, no caso da foto, depõe contra nós e mostra a feiura do que somos capazes.
Se estamos aptos a causar uma reação dessas numa criança, de quantas provas ainda precisaremos para assumirmos que não demos certo? A foto de Sağırlı revela um momento que deveria servir para que parássemos o mundo.
O que torna a imagem mais impressionante é que não há sangue nela, não há vísceras, não há sinais aparentes nem visíveis de destruição, de violência. Já conspurcada por nós, adultos, a garota imita um gesto que é nosso. Esse não é o tipo de coisa que Hudea deveria ter aprendido conosco.
Sem querer, a menina de quatro anos esfrega na nossa cara o fiasco do mundo que fizemos para nós. Ela encara a lente, que na cabeça dela é algo que pode tirar a vida, mesmo sem ela ter ainda uma dimensão maior do que é a vida. Hudea olha a lente, Hudea nos olha. Parece estar a um átimo do choro.
Em 1972, Huynh Cong “Nick” Ut tirou a foto de Kim Phuc, que, aos nove anos, fugia de um vilarejo no Vietnã, após sofrer ferimentos causados por explosivos. A imagem de Kim Phuc e de outras crianças fugindo das consequências de uma guerra não foram o bastante para que tentássemos um novo caminho. Não satisfeitos, produzimos o gesto e a expressão de Hudea.
Vergonhoso já é nós, adultos, destruirmo-nos dia a dia, às vezes de modo sutil, às vezes com violência de feras. Não temos nem a “honradez” de fazer com que sejamos as únicas vítimas de nosso ridículo e pífio torvelinho. Incapazes de nos entendermos, temos de fazer com que crianças paguem pela nossa indecência.
Brás Cubas tentou se esquivar: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Pelo menos na frase seguinte, não vou me eximir. Hudea, Kim Phuc ou João Hélio Fernandes são o legado da minha miséria, da sua miséria, da miséria de quem é gente. Todavia, amanhã é um novo dia. Tenho a convicção de que acordarei pronto para nada mudar.
APONTAMENTO 242
Desinteligências barulhentas atraem mais gente do que inteligências sutis. Aprendamos com os discretos e os silenciosos.
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