Já escrevi anteriormente sobre um sonho que tenho: o dia em que os torcedores, cansados de todos os desmandos da Globo, da CBF e da Fifa, decidam não ir ao estádio. Imagine um clássico decisivo entre, por exemplo, Flamengo e Corinthians em que os torcedores não compareçam. Ou então deixem de ir a uma partida importante da seleção brasileira.
Sei que isso é utópico, mas na rodada de ontem do Campeonato Brasileiro houve algo emocionante: na partida entre São Paulo e Flamengo, no Novelli Júnior, os jogadores de ambos os times entraram em campo com uma faixa em que se lia: “Amigos da CBF: e o bom senso?”
Havia sido combinado que após dado o apito para o início da partida, os jogadores ficariam de braços cruzados por um minuto. Foi quando o árbitro Alício Pena Júnior ameaçou dar cartão amarelo para os vinte e dois atletas. No centro de campo, os jogadores argumentaram com o árbitro, sem sucesso.
Numa sacada brilhante, decidiram então que, após o apito, eles ficariam, por um minuto, “apenas” tocando a bola de um campo para outro — o que foi feito. Afinal, nesse caso, não haveria como o árbitro punir os jogadores, pois a bola estava sendo tocada, e o atleta tem a prerrogativa de tocar a bola como queira.
A cena é emblemática, bonita, inspiradora. Na Globo e no Sportv, os locutores explicaram o que é o movimento Bom Senso F.C., empreendido por alguns jogadores da primeira divisão do futebol nacional. Dentre outras reivindicações, pedem reformulação do calendário do futebol brasileiro, comandado pela Globo.
Outra bonita reação foi a do pessoal da ESPN. A emissora, sem meias-palavras, apoia o movimento. Ontem, no Bate Bola, Rodrigo Rodrigues, Gustavo Hofman, Alexandre Oliveira e Paulo Calçade cruzaram os braços depois de terminado o programa. Mais tarde, no Sportscenter, em texto narrado por Paulo Soares, a emissora dizia apoiar o movimento. O próprio Paulo Soares cruzara os braços na bancada do programa.
Depois de terminada a partida contra o Flamengo, Rogério Ceni criticou a Rede Globo. De modo fleumático, as críticas de Ceni foram rebatidas por Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. A emissora já havia também sido publicamente criticada pelo craque Alex, do Coritiba (“link” aqui:).
É alentador presenciar gente como Ceni e Alex criticando o esquema Globo/CBF. O calendário do futebol brasileiro é infame; além disso, partidas às 22h são um desrespeito aos torcedores, que se tornam reféns dos ditames da CBF e da Globo. Daí o meu sonho, o de os torcedores se cansarem de toda essa patuscada e se recusarem a ir aos estádios.
A nota triste da madrugada ficou por conta da imbecilidade de alguns torcedores do Cruzeiro, que saquearam lojas, incendiaram motos e depredaram loja do Atlético em Belo Horizonte. Foi a “comemoração” deles. Ridículo. Também por causa de gente assim o futebol não melhora.
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