O Olavo de Carvalho já enviou recado para o Bolsonaro, dizendo em que orifício anatômico ele pode enfiar a tal condecoração a ele, Carvalho, concedida. Se ela foi enfiada ou se ainda será (afinal, é ordem advinda de um guru), não se sabe. Carvalho, sobre o qual pesam acusações judiciais, queixou-se de não ter sido ajudado por Bolsonaro quanto a elas, como se o presidente tivesse de ajudar Olavo de Carvalho nos processos que há contra ele. O tom da “revolta” do escritor é movido mais por questões pessoais do que cívicas.
O “filósofo” disse ainda que Bolsonaro “vê bandidos cometendo crimes em flagrante mas não faz nada contra”. Volto à minha tese: até os gambás sabiam que o governo Bolsonaro seria o que está sendo; só um gamo ingênuo e saltitante flanando em verdejantes bosques engoliria a balela da luta contra a corrupção e o engodo de que haveria um modo inovador de fazer política. Olavo de Carvalho, a exemplo de outros, vem agora se dizer decepcionado.
Insisto, volto à questão, reitero, escrevo novamente: é cinismo, seja de quem for, seja de que meio de comunicação for, dizer que era esperado um governo que fosse diferente do que está havendo. Insisto, volto à questão, reitero, escrevo novamente: Bolsonaro não pode ser acusado de estar sendo diferente do que ele sempre deixou claro que já era. Ninguém é ingênuo a ponto de supor que um sujeito como ele faria um governo com teor diverso do que tem havido. O que já existia não deixou de existir. A essência de alguém não se dissolve em função de uma roupa que se veste ou de um cargo que se assume.
Olavo de Carvalho “avisou” Bolsonaro: “Continue inativo, continue covarde e eu derrubo essa merda desse seu governo”. Não sei se haveria nessa fala uma estratégia de Carvalho para que Bolsonaro seja ainda mais truculento (adjetivo brando) do que tem sido ou se, de fato, o “guru” acredita ter o poder de derrubar o presidente. Se for o caso de ele realmente crer que tem o poder de fazer Bolsonaro cair, caso isso ocorra (no que não acredito), não terá sido por causa da atuação de Olavo de Carvalho, que, nesse hipotético cenário, não deixaria de se vangloriar de sua suposta atuação em caso de queda do mandatário.
Moro já foi chamado de comunista. Olavo de Carvalho, pelo menos momentaneamente, está no rol em que está o ex-juiz desde que ele rompeu com Bolsonaro. No futuro, seja por que razão for, Carvalho e Bolsonaro podem voltar a ser amiguinhos se isso for de interesse de ambos. Enquanto isso não ocorre (se é que vai ocorrer), não se sabe do paradeiro da condecoração, que já pode estar nos... anais da política brasileira.
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