Qualquer um que tenha tido interesse em ler o que o Jessé Souza tem publicado, falado e divulgado já sabia quem são Moro e similares. Todavia, mesmo quem nunca tinha lido nem escutado Jessé Souza já podia deduzir, pelos fatos em si, que Moro e os satélites dele não são exemplos de ética no trabalho. Só os ingênuos acreditavam nisso; os mal-intencionados, por conveniência, fingiam acreditar, concentrados muito mais em interesses próprios do que em algo parecido com bem-estar coletivo.
Bastaria prestar atenção nos excessos e descaminhos da Lava-Jato para se saber que a operação estava sendo conduzida não em concordância com a (bela) teoria do direito, mas em sintonia com desejos de um grupo de pessoas, que tiveram no jornalismo brasileiro a interpolação dos descalabros da operação. Um jornalismo canalha, que sempre tratou Moro como herói. Houve quem ingenuamente tenha acredito nisso, apesar das evidências que sempre houve de que ele não é confiável. Não foram somente livros que divulgaram isso; a imprensa independente e até alguns jornalistas de maior alcance já escancaravam quem era Moro e o que é a Lava-Jato nos moldes como ela vinha sendo conduzida.
A leitura de livros nem seria necessária para se chegar a conclusões assim. Agora, o pouco ou o não destaque que a chamada grande imprensa ou o chamado grande jornalismo não dão ao que foi divulgado ontem pelo Intercept é só mais um sintoma de que não temos, nos grandes meios de comunicação do país, empresários comprometidos com o bem público. Nesse escaldado indigesto e fétido, Bolsonaro não tem colhões para demitir Morno nem este tem a hombridade de abrir mão do cargo; tanto este quanto aquele são vaidosos e arrogantes demais. A grande imprensa seguirá atendendo aos interesses dos barões que a detém e o judiciário seguirá piando fino e fazendo de conta que não houve nada demais. Amanhã é terça-feira; depois, quarta. Na quinta, Moro já estará incólume (a bem da verdade, está e sempre esteve). Os fãs já estão loucos para vestirem a camisa da CBF.
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