A editora Abril, que publica, dentre outras revistas, a Veja, dá, agora, prova de sua desonestidade não somente em seu carro-chefe, mas também em não pagar os direitos dos profissionais que demitiu recentemente. Cerca de oitocentas pessoas foram recentemente mandadas embora pela família Civita. Dessas oitocentas pessoas, cento e cinquenta são jornalistas.
É direito da editora contratar e demitir quem ela quiser, quando quiser. O direito que ela não tem é o de dar o cano nos que trabalharam para ela. Desonesta com o país, qualquer um sabe que a Abril sempre foi. O que eu não sabia é que ela é desonesta na hora de pagar direitos trabalhistas de quem ela demite.
Os jornalistas que foram dispensados criaram um comitê, que por sua vez emitiu comunicado em que tornaram público o vilipêndio da Abril na recusa da editora em pagar o que a lei ainda assegura a trabalhadores. O vexaminoso comportamento da família Civita me remete a Balzac, para quem “por trás de toda grande fortuna há um crime”.
A Veja, a despeito de não fazer jornalismo, vai continuar tendo um séquito à disposição, leitores que seguirão acompanhando o semanário, ainda que a revista abandone o papel e se torne disponível somente em telas eletrônicas. Quanto aos processos que receberá por parte dos profissionais que demitiu, a família Civita sabe que está do lado mais forte na disputa que terão contra ela.
Os que dizem que a Veja abandonou o jornalismo e passou a se dedicar a outro tipo de coisa, do modo como vejo, erram no julgamento: não há como abandonar o que nunca se fez. Outra frase do Balzac se aplica também à revista da Abril: “Se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”. A Veja vai continuar existindo.
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