O silêncio dele é imbecil.
O barulho é burro.
A voz é gritante.
Os textos são em caixa alta.
O ódio é maiúsculo.
A ignorância é em negrito.
Não sabe que é tolice
o nome do que se orgulha.
Desconhece matizes, nuanças,
sutilezas, semitons.
A disciplina que o excita
é fardada, bate continência.
Ele não sabe que não sabe quem é.
Quando sofre,
a culpa é do outro.
Quando o sexo não se eleva,
a culpa é do outro.
Quando é rico,
tem nojo de pobre.
Quando é pobre,
tem nojo de pobre.
Tosquiaram-no, mas ele não sabe.
Está nu, mas é bufante.
Inchado e doente,
bafeja a morte,
alicia os iguais,
alija os diversos.
Ama o país;
quer construir um muro para dividi-lo.
Ama o estado;
quer construir um muro para dividi-lo.
Ama a cidade;
quer construir um muro para dividi-la.
De tijolo em tijolo, faz ruir.
De tijolo em tijolo, está ruindo.
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