sábado, 29 de outubro de 2016

O terrível encontro

Em sentido amplo, a afinidade musical não é imprescindível para que artistas se juntem e façam música. Nesses casos, quando se tem alma de artista, a música, por si, é o elo. Sendo linguagem universal, ela faz com que o encontro flua: o repentista e o roqueiro podem conviver num mesmo palco.

Isso, é claro, não quer dizer que não haja afinidades musicais. Se, por um lado, o encontro pode se dar entre artistas que não as têm, por outro, essas mesmas afinidades podem motivar a celebração.

Caso se leve em conta os trabalhos musicais de Luiz Salgado e de Alan Delay, Ciro Nunes e Lucas de Paula (que fizeram parte da banda O Berço), a princípio, poder-se-ia dizer que Luiz Salgado tem a vertente do cancioneiro popular, ao passo que Alan Delay, Ciro Nunes e Lucas de Paula estariam numa vertente mais voltada para o rock.

Todavia, um olhar mais aproximado revelaria que há entre esses artistas afinidades instigantes. Em Luiz Salgado, existe a pesquisa da cultura popular e o diálogo com sonoridades contemporâneas — sonoridades essas que são evidenciadas em seu mais recente trabalho, “Quanto mais meus óio chora, mais o mar quebra na praia”. Já os ex-integrantes da banda O Berço, em que pese a pegada roqueira que têm, deixam claras em seus trabalhos musicais as influências da cultura popular.

Tem-se, pois, diferentes abordagens diante do fazer musical. De um lado, um cantor popular que bebe nas novas sonoridades; do outro, artistas sintonizados em tendências contemporâneas bebendo em fontes populares. Partindo de pontos diferentes, as produções deles acabam chegando a resultados com mais semelhanças do que diferenças.

Tal sintonia poderá ser conferida no Teatro Municipal Leão de Formosa, hoje e amanhã, quando Luiz Salgado, Alan Delay, Ciro Nunes e Lucas de Paula farão um show. No repertório, além de canções deles, releituras de trabalhos de outros artistas. Haverá participação de convidados.

“O Terrível Encontro” será o nome do espetáculo. Segundo Lucas de Paula, esse nome é uma homenagem a um cantador violeiro que conhecem; ainda de acordo com Lucas, sempre que o cantador chega, diz: “É um prazer terrível estar aqui”. Sei que será um prazer terrível conferir esse show. 

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