Há que se ler “A dupla chama: amor e erotismo”, do Octavio Paz. Num texto de rara elegância, o escritor discorre sobre sexo, erotismo e amor, analisando como a humanidade os tem exercido ao longo dos séculos, tanto no ocidente quanto no oriente. Tratado do amor que recebeu tom poético, “A dupla chama: amor e erotismo” é de leitura saborosa.
O livro é um ensaio de rara lucidez lírica. Tem o rigor do gênero, sem todavia se entregar a uma linguagem emproada, o que não é raro nesse tipo de texto. Paz traça uma linha histórica que evidencia como a humanidade tem lidado com o amor e suas manifestações, desde os gregos clássicos até a modernidade. Nesse passeio temporal, a antiguidade greco-latina e Molly Bloom podem conviver numa mesma página, numa escrita que tem critério e graciosidade.
História, antropologia, literatura, psicanálise, teologia e filosofia compõem o arcabouço de que Octavio Paz se vale, diferenciando o sentimento amoroso da ideia do amor que é adotada por uma sociedade e uma época. O livro alega que o sentimento amoroso tem existido em todos os tempos e em todos os lugares. O que varia é o modo como determinada sociedade, em determinado contexto, vive esse sentimento, produzindo, a partir daí, uma ética e uma estética amorosa que é modificada ao longo do tempo.
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