Sempre tive a maior dificuldade em lidar com laços, com nós, com fitas. Sabem aquelas borrachinhas que usam para prender dinheiro? Nunca consegui manejá-las para prender dinheiro. Tenho quarenta e cinco anos; até hoje, peno quando tenho de amarrar os cadarços dos calçados que uso. Há todo um ritual metódico que tenho de seguir; se não fizer assim, eu não consigo dar o laço nos calçados. Eu fico impressionado quando observo as pessoas amarrarem os cadarços rapidamente, com destreza, com graça, com naturalidade, como se estivessem respirando. Quem me dera ter essa habilidade.
Minha mãe e meu padrasto vieram almoçar aqui em casa no dia primeiro de janeiro. Somente hoje é que lavei as louças, os copos e os utensílios que foram usados nesse dia. Foi então que se deu o milagre: quando fui colocar o avental, consegui, sem a ajuda de ninguém, dar o laço a fim de deixar a vestimenta presa em meu corpo. Com as mãos para trás, na altura da cintura, manejei as fitas, guiei-me pelo tato e consegui fazer o laço! Desfazê-lo foi fácil também. Depois dessa, descobri-me capaz de realizar grandes feitos.
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