Meu pai fazia certas brincadeiras em tom muito sério. A seriedade me convencia de que a brincadeira era verdade pétrea. Numa dessas pilhérias, ele disse algo assim: “Estamos em fevereiro; as mulheres conversam menos neste mês”. O impacto dessa “informação” foi imenso; fiquei intrigado. Na minha cabeça, era como se o mês de fevereiro tivesse alguma propriedade “mágica” que fizesse com que as mulheres conversassem menos.
Uma outra brincadeira foi assim: estávamos eu, ele e mais alguém de que não me lembro nas imediações da cidade, num carro. Do nada, meu pai apontou para um poste solitário num pasto e comentou algo mais ou menos assim: “Olha ali, Lívio: aquele poste ali é para marcar que aquele lugar é o meio do mundo”.
Pirei. Fiquei me perguntando: “Como assim?! O meio do mundo é em Patos de Minas e ninguém sabe disso?!”. Não bastasse meu assombro, fiquei indignado com a falta de informação no lugar. Ora, se lá era o meio do mundo, deveria haver na área placas explicando algo tão importante! Em minha concepção, o meio do mundo não poderia ficar sem indicação alguma, solitário num ermo do Cerrado.
2 comentários:
Lívio,
achei um barato os dois relatos!
Aliás, digo de passagem um fato observado por mim: todas as historietas que você vez ou outra aqui, ou em sala de aula (na época em que foi meu professor), lembra terem sido contadas por seu pai, me agradam e me divertem. Fico com a impressão (literária) de que seu pai foi uma pessoa bastante agradável, simpática e sagaz.
E belo gesto o seu de tornar os relatos dele histórias, perpetuá-los na forma escrita.
Um abraço.
Ele era divertido, Bruna; de vez em quando me lembro de alguma história.
Obrigado pelo comentário.
Abraço.
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