quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CRONOLOGIA DE UM ÊXTASE

Gosto de músicas e de canções com crescendos. Neste instante, o exemplo que me ocorre é “Talking out of turn”, da banda The Moody Blues. Refiro-me a crescendos a título de pretexto para falar mais uma vez de “Breakthrough”, do Tony Anderson, sobre quem escrevi em postagem de ontem.

Por natureza, trilhas sonoras criam um clima, uma atmosfera. Ainda assim, podem ser escutadas à parte, descontextualizadas dos filmes ou dos documentários para os quais são produzidas. Não conheço “Finding home”, o documentário para o qual “Breakthrough” foi composta; mesmo assim, tenho escutado, sem parar, a música.

Ela começa com um teclado sutil; aos dezessete segundos, vem a primeira nota de um piano (ou de um outro teclado). O teclado inicial continua fazendo o fundo, já dando um certo corpo ao clima. Aos cinquenta e cinco segundos temos o primeiro vocal (masculino). Com um minuto e catorze, um violão se junta ao arranjo; com um e trinta e quatro, vozes (femininas).

Com dois minutos e doze segundos, a bateria chega com peso; ao mesmo tempo, os violoncelos. Aos dois e vinte, o primeiro ataque do baterista. A essa altura, o som já é robusto, tem peso. O crescendo vai se aproximando do auge, que, aos dois e cinquenta, já pulsa forte nas veias. É quando corpo e mente se entregam numa explosão de prazer.

Alucinados e plenos de energia, usufruem dele; saciados, gozam do tempo que resta para que a música termine. Aos três e quarenta e oito, tem início o diminuendo. Corpo e mente descansam, pois não suportariam se o astral durasse demais. Quatro minutos e cinquenta e dois segundos depois, o êxtase está consumado. 

Nenhum comentário: