sexta-feira, 21 de novembro de 2014

FADADO A FINGIR

Como é que é?! Eu não deveria escrever por ter tomado algumas cervejas?! Eu deveria escrever por ter tomado algumas cervejas. Nem de mais. Nem de menos. Pelo menos para mim. Estou no ponto. E quando a gente está no ponto a gente quer sexo ou quer mais uma ou quer música. Ou quer tudo ao mesmo tempo.

Não terei sexo por estar em casa sozinho. A geladeira tem cervejas; escuto música. Tenho dois terços do que tornaria minha madrugada perfeita. Não é mau negócio. Claro, poderia ser melhor... Você sabe: a gente sempre quer mais. Querer mais não é ruim. Eu quero mais. Neste momento, querer mais seria ter uma mulher aqui. Não há. O lado bom é que me sinto feliz com as músicas e com as cervejas. Sim: seria melhor se houvesse uma mulher agora; todavia, não está ruim sem mulher aqui.

Posso, com razão, concluir que, neste momento, eu me basto. Ei, isso não é pouco! Pelo menos não me parece ser pouco. Ah, quer saber?... Ainda que seja pouco, eu me basto. Isso pode ser ilusão, pode ser efeito do álcool, pode ser engano. Sim, pode. Sim, ode. Eu só quero dizer que estou em paz comigo. Eu só quero dizer que eu me basto. Eu só queria dizer que se você estivesse dançando e pulando na sala comigo, seria uma farra.

Você não está. Eu pulo sozinho. Ao som de “Time to pretend”. Finjo que estou introspectivo diante de uma multidão. A gente finge o tempo todo. Alguns fingimentos são agradáveis; os desagradáveis são aquelas máscaras que a gente põe o dia inteiro a fim de ficarmos suportáveis para colegas de trabalho. Não há nenhum colega de trabalho aqui. Posso pular e dançar.

Um corpo é melhor com música. Eu sou melhor de madrugada. Enquanto isso, melodias corporais e movimentos musicais preenchem a casa. Em minha imaginação, estou num palco. Eu e a multidão, um som. O clima é de comunhão. Nisso, uma fresta de luz passa pela janela e pousa sobre a escrivaninha. O Sol acordou. Vou dormir. 

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