quinta-feira, 31 de julho de 2014

O CENÁRIO DA MÚSICA LOCAL

A popularização da tecnologia influenciou também o modo de se fazer música. Há trinta ou quarenta anos, um artista que morasse em Patos de Minas teria muita dificuldade em registrar seu trabalho musical. Se quisesse uma qualidade melhor, ver-se-ia obrigado a gravar fora da cidade.

Hoje, é possível fazer o registro por aqui. Além do mais, e novamente graças à tecnologia, o intercâmbio de informações e o acesso a novidades e ao passado é bem mais fácil. O resultado desse contexto é que muita gente, em muitos lugares, tem produzido. A cena local não é diferente.

A internet é uma baita ferramenta de divulgação. Entretanto, o artista, no mais das vezes, continua atrelado a um esquema de divulgação que passa por gravadoras, rádios e TVs para que seu trabalho reverbere em escala maior. Para quem não é conhecido, a divulgação via internet, salvo exceções esporádicas, é pulverizada: um escuta daqui, outro escuta dali, mas não há, de modo efetivo, um alcance que leve a turnês lucrativas ou a execuções em rádios. Mesmo com a internet, o esquemão gravadora/rádio/TV ainda impera.

Em contrapartida, se o artista se vê contente em realizar seu trabalho de modo independente, sem intenções de arrebanhar turbas, o cenário que se tem hoje é perfeito. O acesso a tecnologias é fácil e o custo de gravação em estúdios é viável. Essa conjunção tem feito com que mais artistas gravem seus trabalhos musicais.

O que Patos de Minas tem de melhor não são seus políticos provincianos, os dois grupos que há décadas se revezam no poder. O que a cidade tem de melhor são seu povo e seus artistas. Musicalmente, a cidade tem vivido um belo momento.

Há uma leva de gente jovem e criativa que tem se valido das facilidades proporcionadas pela tecnologia para criarem trabalhos autorais, criativos, contemporâneos e cosmopolitas. Sintonizados e talentosos, esse pessoal tem sido os protagonistas de uma bela página da música que tem sido feita na cidade.

Aqui e ali, é possível detectar as influências de que alguns deles se valem. Contudo, essas influências são diluídas, mesclam-se e formam trabalhos que têm identidade e brilho próprios. Não bastasse isso, os artistas não estão preocupados em soar, por assim, patenses, o que faz com que acabem fugindo de um bairrismo pueril. Não se trata, contudo, de negar quem se é; trata-se, sim, de ser artista, de procurar uma linguagem que seja pessoal e musical. 

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