Gabriel García Márquez já disse em algumas entrevistas que um dos truques de que ele se valeu em “Cem anos de solidão” (1967) foi o de contar as coisas mais incríveis como se algo banal estivesse sendo narrado. Esse jeito de contar as coisas é também um dos truques de “Quero ser John Malkovich” [Being John Malkovich] (1999), do diretor Spike Jonze. O roteiro é de Charlie Kaufman.
Não que o filme tenha características do que a crítica chama de realismo mágico (não tem); entretanto, as coisas mais imponderáveis são encenadas como se fossem algo trivial. Esse jeito de narrar, não raramente, conduz ao humor. Não bastasse isso, é quase inevitável (ou pelo menos deveria ser) que acabemos refletindo sobre a imponderabilidade da vida que levamos, a imponderabilidade do que chamamos de realidade.
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