Maísa, no fundo, nutria uma dor que ela fingia querer esquecer. Não era uma dor lancinante; Maísa mal se apercebia dela. Por isso mesmo, era suportada e candidamente mantida. Uma dor presente como canção que fica de leve na cabeça enquanto se executa uma tarefa qualquer. Num vinte de julho, sem que Maísa se desse conta, a dor, por fim, foi embora. Não por decisão de Maísa, mas, sim, porque, ela, a dor, quis partir.
2 comentários:
Lívio,
estes trechos abaixo - que tomo a liberdade de reproduzir do seu conto -, são umas das melhores representações do estado de dor que já li:
"Maísa mal se apercebia dela. Por isso mesmo, era suportada e candidamente mantida. Uma dor presente como canção que fica de leve na cabeça enquanto se executa uma tarefa qualquer".
Há impressões que somente a literatura consegue expressar com tanta beleza e precisão, essa da dor de Maísa, descrita por você, é uma delas. Incrível o trecho.
Abraços.
Ei, Bruna, muito obrigado pelo comentário!
A ideia para o texto me veio quando elaborei a primeira frase; fico muito contente em saber que você gostou.
Grande abraço.
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