sábado, 11 de maio de 2013

CONTO 63

Maísa, no fundo, nutria uma dor que ela fingia querer esquecer. Não era uma dor lancinante; Maísa mal se apercebia dela. Por isso mesmo, era suportada e candidamente mantida. Uma dor presente como canção que fica de leve na cabeça enquanto se executa uma tarefa qualquer. Num vinte de julho, sem que Maísa se desse conta, a dor, por fim, foi embora. Não por decisão de Maísa, mas, sim, porque, ela, a dor, quis partir. 

2 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Lívio,
estes trechos abaixo - que tomo a liberdade de reproduzir do seu conto -, são umas das melhores representações do estado de dor que já li:

"Maísa mal se apercebia dela. Por isso mesmo, era suportada e candidamente mantida. Uma dor presente como canção que fica de leve na cabeça enquanto se executa uma tarefa qualquer".

Há impressões que somente a literatura consegue expressar com tanta beleza e precisão, essa da dor de Maísa, descrita por você, é uma delas. Incrível o trecho.

Abraços.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Ei, Bruna, muito obrigado pelo comentário!

A ideia para o texto me veio quando elaborei a primeira frase; fico muito contente em saber que você gostou.

Grande abraço.