sexta-feira, 24 de maio de 2013

ASSOVIANDO

Da série cultura inútil (algo em que sou especialista). Algumas músicas com assovio no arranjo:

• Angus Stone — Wooden chair

• The Silencers — Bulletproof heart (pelo menos acho que é um assovio mesmo, mas não me espantaria caso seja um teclado)

• John Lennon — Jealous guy

• Scorpions  Wind of change

• Guns and Roses — Patience

• Maroon 5 — Moves like Jagger

• Bob Sinclair — Love generation

• The Bangles — Walk like an Egyptian

• Bruno Marz — The lazy song

• Mike + the Mechanics - Over my shoulder (contribuição da leitora Chris)

terça-feira, 21 de maio de 2013

JOHN LENNON, YOKO ONO, MARK CHAPMAN

O John Lennon disse que conheceu a Yoko Ono numa exposição que ela e outras figuras descoladas da época estavam realizando em Londres. De acordo com ele, na exposição dela, havia uma escada que dava acesso a uma pintura pendurada no teto. Segundo John, parecia uma tela preta com uma corrente e um binóculo pendurado na ponta. Ele subiu a escada, olhou pelo binóculo e leu a inscrição “Yes” em letras miúdas. Ele disse que gostou disso, a ponto de sentir um grande alívio ao olhar pelo binóculo e não ver escrito “não”, “f...” ou algo assim.

A história deles começou com um “sim”. O “não” ficaria por conta de Mark Chapman.

DIA

Como está o dia em ti?
Jubiloso como lá fora?
Se não estiver, que o dia lá fora
amanheça também em ti.
Ou que tu busques o dia lá fora.
Que teu dia reflita o dia lá fora.
Ou que aches em ti o teu dia.
Que o dia lá fora e o dia em ti
vibrem em mesma frequência.
Ou que o dia lá fora e o dia em ti
dialoguem em diário recíproco.
Amanhece o dia: amanhece!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (73)


Esta foto foi tirada hoje à tarde, às 15h19. Quando saí de casa, a intenção inicial não era fotografar maritacas: um dia desses, indo fotografar o jardim da casa de uma colega de trabalho, passei perto de uma toca de corujas. A intenção era fotografá-las. Mas não deram as caras. 

Como eu tinha algum tempo livre, resolvi dar uma volta pela área, lá no bairro Copacabana. Foi quando escutei as maritacas. A princípio, estavam distantes uma da outra, mas logo se entenderam. Uma das fotos do entendimento é esta.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

(DES)APONTAMENTO 3

O medonho pensamento a seguir me ocorreu há pouco, enquanto eu tomava leite: se o Mário Henrique, o “Caixa” da Itatiaia, trabalhasse em FM, em vez de falar “caixa!”, ele falaria “Ke$ha!”.

(Isso foi atroz. Será que leite causa essas coisas na gente?)

FAZER BEM

Um dia desses escutei uma entrevista que Paul McCartney concedeu, via telefone, para uma rádio de Belo Horizonte. O início do diálogo foi mais ou menos assim:

— Hello, Paul; how are you?
— Hi, I’m terrific.
— I’m terrific too, specially talking to you.

A conversa prosseguiu; Paul falou sobre a turnê que está realizando e sobre sua carreira. De cara, o que me chamou a atenção foi o impecável inglês do locutor.

Essa história é pretexto para que eu fale do privilégio que é presenciar algo benfeito. Assim que o locutor emitiu as primeiras palavras, logo me ocorreu o longo caminho percorrido por ele para que ele chegasse a tamanha excelência ao lidar com uma língua estrangeira, tenha o profissional morado no exterior, estudado no Brasil ou as duas coisas.

Fazer bem demanda esforço, leva tempo, dá trabalho. O regozijo de valorizar detalhes é compensador porque, assim, temos a experiência de saber valorizar e reconhecer a excelência alheia: ter a oportunidade de apreciar a maestria do outro engrandece a alma; estar diante de seu talento enobrece; presenciá-lo, escutá-lo ou decodificá-lo edifica. Quando o talento alheio incomoda, isso pode ser indício de ressentimento ou de inveja. 

A importância dada aos detalhes pode ser encarada como preciosismo por muitos. Esses desavisados às vezes se expressam com mais vigor do que aqueles que percebem as mais de dez mil sutilezas que compõem um trabalho refinado. Mas isso não significa que não haja gente escutando; não quer dizer que não haja gente prestando atenção; não significa que você não tenha, sem saber, feito alguém ascender.

De resto, ainda que você nunca tenha recebido notícia de que seu trabalho tenha feito alguém melhor, isso não é motivo para que você deixe de fazer o que faz; não é razão para que você abandone a busca pelo esmero. Primeiro, porque você pode, por diversas vezes, ter deixado de manifestar o quanto o trabalho de alguém enlevou você; segundo, porque não há como sabermos de que modo nem quando nosso trabalho chega ao outro. Esse outro pode estar a seu lado ou distante, seja no tempo, seja no espaço.

Não há como sabermos nem quando nem como nosso trabalho vai reverberar no outro. Tanto é assim que o locutor lá de Belo Horizonte nem suspeita de que o inglês dele foi uma das inspirações para que eu escrevesse este texto. O que importa é a busca pela excelência, não a preocupação com as consequências disso. Se por um lado o reconhecimento é sempre bom, por outro, não deve ser o motivo condutor das realizações. 

domingo, 12 de maio de 2013

"SOMOS TÃO JOVENS"

“Somos tão jovens” (Brasil, 2013) é uma obra de ficção inspirada na juventude de Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo. O diretor é Antonio Carlos da Fontoura. Thiago Mendonça, que interpretou o Luciano, da dupla Zezé di Camargo e Luciano, no filme “Dois filhos de Francisco”, é Renato Russo em “Somos tão jovens”.

Devido a uma birra boba, raramente assisto a cinebiografias. Por causa dessa bobeira, entrei no cinema sem botar muita fé em “Somos tão jovens”. Contudo, logo na abertura, deixei-me levar pelo belo arranjo de “Tempo perdido”, canção de que extraíram o título do filme.

Antonio Carlos da Fontoura achou o tom ao contar, na visão dele, como o jovem Renato tornar-se-ia o Renato Russo: o filme está cheio de piscadelas para os fãs mais inveterados, sem ao mesmo tempo deixar de elucidar para os não iniciados a trajetória juvenil do vocalista do Legião Urbana.

O filme teve a colaboração de Carmem Manfredini, irmã do Renato (logo no começo, depois que ele cai da bicicleta, ela aparece rapidinho,  socorrendo--o). Ainda no começo, ele, de cama, vítima de epifisiólise, mergulha em leituras, discos e devaneios. Tais mergulhos mostrar-se-iam profícuos no futuro.

Algumas pessoas me disseram que não gostaram do modo como retrataram o primeiro show da Legião, que foi realizado aqui em Patos de Minas, no dia cinco de setembro de 1982. Philippe Seabra, ex-integrante da Plebe Rude, está na pele do prefeito local, que era Dácio Pereira da Fonseca.

As cenas desse primeiro show foram rodadas em Paulínia/SP. Os que não gostaram como Patos foi retratada alegam que a cidade teria sido mostrada de modo caipira e caricato. Contudo, suponho que era essa a impressão que a cidade deveria causar naquele tempo (e talvez ainda cause). As cenas, breves e de enquadramentos fechados, não me incomodaram.

No filme, em companhia do prefeito durante o show, há uma atriz que interpreta, suponho, a Rainha do Milho (concurso de beleza realizado anualmente no mês de aniversário de Patos de Minas) da época — Denise de Oliveira Braz. Contudo, mesmo isso não tendo importância, levando-se em conta que é uma história de ficção, ainda que inspirada num personagem real, preciso confirmar se o prefeito e a Rainha do Milho estiveram presentes no show.

Marcos Bernstein é o responsável pelo roteiro, que teve a consultoria de Carlos Marcelo, autor do livro “Renato Russo — o filho da Revolução”. “Somos tão jovens” tem pitadas de humor e acerta em não endeusar a figura de Renato Russo. Quanto ao contexto, é um barato ver retratados, de um lado, a efervescência dos jovens roqueiros burgueses de Brasília naquela época, e, de outro, o tédio de que padeciam, num país assolado pela ditadura militar. “Somos tão jovens” é verossímil e tem atuação primorosa de Thiago Mendonça.

sábado, 11 de maio de 2013

CONTO 63

Maísa, no fundo, nutria uma dor que ela fingia querer esquecer. Não era uma dor lancinante; Maísa mal se apercebia dela. Por isso mesmo, era suportada e candidamente mantida. Uma dor presente como canção que fica de leve na cabeça enquanto se executa uma tarefa qualquer. Num vinte de julho, sem que Maísa se desse conta, a dor, por fim, foi embora. Não por decisão de Maísa, mas, sim, porque, ela, a dor, quis partir. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

CONTO 62

Diante do palco em que Paul McCartney estaria em instantes, João Paulo acabou se lembrando do Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão: certa vez Bruno disse em entrevista que ele e a esposa, antes de se conhecerem, estiveram no primeiro show que Paul fez no Brasil. Num devaneio, João Paulo imaginou se sua futura esposa estaria em meio às cinquenta e três mil pessoas que assistiriam ao show, prestes a começar. João Paulo casar-se-ia com Naiara, que curte MPB. E não estava no show do Paul.

terça-feira, 7 de maio de 2013

FOTOPOEMA 313

CENI

Somente ontem vi o quanto Rogério Ceni se adiantara na cobrança de pênalti do Pato: Rogério Cênico. Isso até faz com que eu me lembre daquela canção do Sempre Livre: 

“Mas quando você chega cínico
“Sorrindo e cheio de jogo cênico
“Eu erro o passo
“Perco o compasso”...

CAMPUS DA UFU EM PATOS DE MINAS

A localização definitiva da UFU em Patos de Minas ainda não foi definida. Em novo capítulo da história, foi sugerida a instalação do campus local da universidade num terreno que fica próximo à Escola Agrícola. Minha sugestão é que tal campus seja instalado em Paris. Afinal, por aqui, é comum dizerem: “É Patos ou Paris”...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

POR QUE ME TORNEI UM IMBECIL

Tornei-me um imbecil porque tenho perdido a capacidade de me emocionar. O ápice disso foi no sábado, quatro de maio. Eu estava a poucos passos de um artista que faz parte de minha vida desde a infância. Quando Paul McCartney anunciou oficialmente o fim dos Beatles, em março de 1970, eu não havia nascido ainda (eu nasceria em outubro daquele ano). Mas ele faz parte do lado musical da minha vida.

Ainda é nítido na lembrança eu pedir para meu pai colocar uma das músicas da carreira solo de McCartney. Como eu não sabia falar o nome dela, eu falava mais ou menos assim: “Pai, coloca aquela do ‘rô’, ‘rê’, ‘rô’”. Sim, eu me referia a “Mrs. Vanderbilt”. Ela foi uma das faixas executadas no show realizado por McCartney no Mineirão, em Belo Horizonte.

Também me lembro de um baile a que fui no Ponte de Terra, em Carmo do Paranaíba, na segunda metade da década de 80. O Evandro Fontes, que na época era locutor de rádio por lá, foi quem me convidara para a festa, que contaria com show da banda de baile Phendas. Ao fazer a abertura do evento, o Evandro disse que tocaria uma música; achei estranho, pois não havia nenhum instrumento com ele. Foi quando então retirou uma gaita do paletó e tocou “Let it be”, que, claro, também fez parte do repertório do show em BH.

Lembro-me também de ter escrito à mão, ainda adolescente, várias letras dos Beatles em folhas de caderno. Dentre elas, “Get back”, que McCartney também cantou no Mineirão... Quando ele cantou “Your mother should know”, lembrei-me do Pedro Paulo Niffinegger Silva, um amigo que certa vez me disse que gosta dessa canção.

Lembro-me de meu pai comentar comigo, enquanto ele me levava de bicicleta a algum lugar, quantas vezes o “na na na... Hey, Jude” é repetido na gravação original (ele disse que contara). Obviamente, a canção foi executada durante o show.

Eu poderia escrever todo um texto sobre minhas várias lembranças com o universo dos Beatles. Mas esta crônica é sobre minha incapacidade de ter me emocionado durante o show de McCartney em BH. Eu deveria ter pulado, gritado e chorado, exatamente tal qual fez a adolescente que estava a meu lado, que cantou to-das as letras.

Para não dizer que passei incólume pelo show, fiquei emocionado não devido a uma canção, mas quando ele disse pela primeira vez “trem bão, sô” (ele voltaria a repetir a expressão posteriormente).  Além da emoção que senti, foi engraçado olhar para a cara que ele fez ao dizer a expressão, bem como escutá-la cheia de sotaque.

É estranho: essa minha tola apatia esteve comigo mesmo antes de eu entrar no Mineirão: não houve expectativa, eu não estava vibrante como deveria estar. Terminado o espetáculo, saí sem compartilhar do óbvio entusiasmo no ambiente. Se o show tivesse sido um fiasco, eu teria razão para a indiferença.

Deixei o local preocupado com meu crescente embotamento, por ser algo que vem se insinuando cada vez mais. Para os amigos que perguntaram, acabei dizendo que gostei, para não cortar o barato nem ter de explicar por que não gostei. Se eu tiver a oportunidade de conferir um show dos Rolling Stones, coisa que eu sempre quis, que eu seja ou esteja menos tolo.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

AO TELEFONE (peça teatral em um ato)

Ela — Que saudade...

Ele — Eu só queria te dizer que eu te...

(A ligação cai neste momento: toda história de amor tem começo, meio e Tim.)

TRAJETÓRIA

Ah, aqueles dois.
Vivem mais uma história.
E toda história de amor
tem
começo,
veio
sim. 

FOTOPOEMA 312

IRMÃS GALVÃO

Certa vez, as Irmãs Galvão concederam entrevista para o Jô Soares, quando ele ainda estava no SBT. Conversa vai, conversa vem... Num determinado momento ele pergunta:

— Vocês são casadas?

Uma delas responde prontamente:

— Não: irmãs... 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

SÃO PAULO 1 x 2 ATLÉTICO

O que é o futebol: o São Paulo, jogando principalmente pela direita, mandava na partida que terminou há instantes, no Morumbi: um acuado e tímido Atlético era bombardeado pelo time paulistano, que perdeu várias oportunidades de gol no primeiro tempo; marcou um.

Aos trinta e quatro minutos, o zagueiro Lúcio, do São Paulo, foi expulso, após falta sobre Bernard. A partir daí, o concentrado e aguerrido São Paulo foi se desfazendo. Aproveitando o momento, o próprio Bernard bateu escanteio e Ronaldinho escorou de cabeça, assinando o empate da equipe mineira.

No começo do segundo tempo, conseguindo ficar com a bola nos pés, talvez por finalmente ter achado alguma calma, o Atlético cadenciou a partida, que no primeiro tempo teve um veloz São Paulo. A tática funcionou: a virada viria aos treze.

Foi um belo jogo. No primeiro tempo, domínio do São Paulo; no segundo, do Atlético, que ainda não perdeu jogando no reformado Independência. Isso enche de otimismo o torcedor preto-e-branco.

UMA PONTE


Ponte sobre o Rio Paranaíba, em Patos de Minas/MG. 

A HISTÓRIA POR TRÁS DA FOTO (72)

A intenção era tirar uma soneca durante o fim da tarde. Quanto me deitei, percebi que o sol, passando pela janela, projetava sombras na parede. Mas antes de passar pela janela, ele passava pelos galhos de algumas árvores que ficam num lote próximo daqui. Achei curioso, o “desenho” que sol, galhos e folhas lançavam sobre a parede. Cancelei a soneca e fiz a foto.