quinta-feira, 14 de março de 2013

FOTOGRAFIA E ÁGUA

A ideia de que a fotografia “congela” um instante que não mais se repetirá é clichê — mas que não deixa de ser rico. A rigor, nenhum instante jamais se repetirá: o futuro é feito de inexoráveis ineditismos.

Entretanto, sempre que fotografo a água, é como se o caráter único de cada instante fosse ainda mais retumbante. É como se eu percebesse tal ineditismo com mais vivacidade quando “congelo” o movimento dela. Num átimo anterior, a “escultura” feita por ela era uma; num átimo posterior, estaria modificada. A unicidade desta “escultura” é o que fica, registrada na imagem...

Tirei essas fotos quando vi que um cano se rompera, na Olegário Maciel, de modo que a água jorrava com profusão. Passando pelo local depois de ter saído do trabalho, corri aqui em casa e peguei a câmera. Ao voltar para lá, o jorro prosseguia. Antes de chegarem para consertar o vazamento, pude tirar umas dez fotos.




2 comentários:

Bruna Caixeta disse...

Lívio,
gostei bastante de como as suas lentes capturaram a água - as formas que ela assumiu durante o processo.

Mas, mais além, gostei do seu texto, de saborear a consciente escolha de cada palavra e vê-las compor o que seria uma justificativa poética para o ato de fotografar um elemento, tão rapidamente mutável, como a água. Muito bonito e eloquente o texto.

Bela postagem!
Abraços.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Olá, Bruna, muito obrigado pelo seu comentário.

Sim, de certo modo, o texto é uma justificativa para as imagens. Sempre gostei de teorizar sobre as coisas; com a fotografia não seria diferente.

Obrigado pelos elogios - tanto às imagens quanto ao texto.

Grande abraço.