quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"MEMÓRIA DE MINHAS PUTAS TRISTES"


Um dia desses, perguntaram-me se eu havia lido o “Memória de minhas putas tristes”, do Gabriel García Márquez; a tradução é de Eric Nepomuceno. Eu disse que li quando foi lançado, mas que não havia me entusiasmado com o trabalho. A pessoa que me perguntou sobre minha leitura disse que havia gostado muito.

Fiquei com isso na ideia e decidi reler o livro recentemente. Só digo: não sei onde eu estava com a cabeça quando não vi a beleza que há no escrito. Eu havia gostado pouco. Antes da releitura eu não poria “Memória de minhas putas tristes” no panteão das obras do autor. Agora, mudei de ideia.

A temática do amor na velhice não é novidade no escritor colombiano; mesmo assim, nem enredo nem personagens soam como mais do mesmo. Narrado em primeira pessoa, procedimento que não é regra em García Márquez, “Memória de minhas putas tristes” é a história de um velho que decide se dar de presente, no dia em que completaria noventa anos, uma noite de amor com uma adolescente virgem.

Em tempos de engajamento contra a pedofilia, o anúncio de um enredo assim pode sugerir algo insidioso. Entretanto, não é o que exala das páginas do livro, que é um hino à vida, ao amor. Com seu usual senso de humor, García Márquez vai narrando as mudanças pelas quais passa um velho que se vê, de repente, louco de amor.

No que poderia haver repugnância, há uma história tocante, engraçada, lírica e reveladora das coisas que só o amor, e mais nada, leva-nos a fazer. História bonita, a qual mostra que ele, o amor, embora seja sempre o mesmo, não tem regras.

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