A campainha tocou. Reginaldo abriu a porta. Era Maria Lúcia. Olharam-se por instantes. Dentro de cada um, a história de ambos se agitou. Ele fez sinal para que ela entrasse. Maria Lúcia, já acomodada no sofá, disse que ele não parecia surpreso, mesmo ela tendo chegado sem avisar, após tanto tempo. Ele argumentou dizendo que embora ciente de que treze anos, sete meses e vinte e um dias haviam se passado, surpreso ele estaria se não estivesse esperando.
2 comentários:
Lívio,
o episódio da espera - tão bela e sucientamente representado neste conto - me evocou outro tão igualmente belo: o da espera de Penélope por Ulisses, presente na "Odisseia".
Desde que conheci a história, o gesto da espera, sobretudo se por uma pessoa amada (seja filho, pais, amigos ou mesmo namorados) passou a ser visto como poético, nobre e digno de respeito.
Seu conto nos convida a colocar, inevitavelmente, a espera ao lado da surpresa e constatar que o primeiro gesto é mais forte e valioso que o segundo, pelo menos se postos em confronto. Talvez isso seja assim porque a espera é um gesto mais nobre, por ser trabalhado há tempos e mais exigente de dedicação das pessoas.
Abraço.
Bruna, mais uma vez, obrigado pelo gentil, atencioso e inteligente comentário.
De fato, pode haver algo de poético e/ou amoroso na espera. E concordo: ela é sempre digna de respeito.
No caso do conto, Bruna, legal você ter tido a impressão que a espera foi nobre. Isso não havia me ocorrido. Pensei mais na paciência - o que não descarta, claro, a possível nobreza.
Um grande abraço e muito obrigado.
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