domingo, 3 de janeiro de 2010

ACORDEMOS

A tarde quente,
a tristeza queimante,
a despedida cabal:
a morte não sabe
que é primeiro de janeiro.

4 comentários:

Gabriela Maria disse...

Penso que se a morte tivesse a noção dos dias, ela perderia o ímpeto de exercer seu papel.

Acordemos, perdoemos a morte e, quem sabe... durmamos. Ela é só uma operária da natureza que faz o que tem de ser feito.

Lívio Soares de Medeiros disse...

É isso mesmo, Gabriela. Ela "apenas" está fazendo o que tem de ser feito.

Gabriela Maria disse...

Lívio, hoje reli um poema do Mário Quintana, "Olho as minhas mãos" e logo me lembrei deste seu poema. Então resolvi passar por este post de novo. Aqui vai um trecho:

"(...)
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos?
Quem faz - em mim - esta interrogação?"

Lívio Soares de Medeiros disse...

Poxa, Gabriela, gostei demais! Gostei mesmo, saiba.

Quem faz - em nós - estas perguntas?