segunda-feira, 29 de junho de 2009

APONTAMENTO 59

O futuro está escrito no passado. Está em cada letra escrita, em cada gota que cai, em cada estrela que morre... O futuro está em nossas mãos e fora delas. A história de tudo está diante, dentro e fora de nós, num código que tentamos decifrar, em mais uma daquelas obviedades que, quando elucidadas, deixam-nos pasmos.

sábado, 27 de junho de 2009

FOTOPOEMA 111

NOVO ÁUDIO EM MEU SITE

Pessoas, há áudio novo em meu site. Caso queiram conferir, gentileza acessar.

SÁBADO NO PARQUE

Dedico as fotos abaixo ao Breno e à Marcela, pela tarde divertida que tivemos hoje lá no Parque do Mocambo. Anteriormente, foram meus alunos; agora, são amigos. Estive passando para os dois algumas dicas de como lidar com velocidade e abertura no ato de fotografar. Abaixo, algumas das fotos tiradas hoje à tarde.







FOTOPOEMA 110 / CLÉVERSON LIMA

Os dedos e o violão acima pertencem a Cléverson Lima, músico local sobre quem já escrevi neste blogue. Embora a foto deixe claro, ainda assim digo que a imagem foi registrada enquanto ele executava “Everybody wants to rule the world”, do Tears for Fears. Já o texto acima (bem como o texto da postagem anterior) foi extraído de meu primeiro livro, Leve poesia, publicado em 2000.

Abaixo, vídeo feito por mim durante performance de Cléverson, que não sabia que eu estava filmando (ele gentilmente me concederia autorização para que eu publicasse foto e vídeo). Releve a qualidade ruim, pois eu estava um tanto longe do artista. Além disso, o registro foi feito com equipamento amador, assim como amador é o “cinegrafista”. Por fim, considere o fato de que já era madrugada e eu estava num bar... No solo, Cléverson está executando a parte final de “‘Índios’”, do Legião Urbana. Há ainda a alusão a Jimi Hendrix.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

FOTOPOEMA 109

HERE, THERE AND EVERYWHERE

Tenho acompanhado desde ontem, pela CNN, o trabalho de cobertura sobre a morte de Michael Jackson. Nas reportagens ao vivo que têm sido feitas nas grandes metrópoles do mundo, os supostos fãs, como era de se esperar, assim que vêem o repórter falando, ficam ao fundo pulando, fazendo gracinhas bobas, dando tchauzinho para a câmera... Panis et circenses.

FOTOPOEMA 108

quinta-feira, 25 de junho de 2009

APONTAMENTO 58

Dos mitos aos sonhos, passando pelo artista todo maquiado no circo, tudo é contar história. Cada um conta a sua como consegue, sabendo disso ou não; todo mundo é personagem, sabendo ou não. Nessa história toda, que pode ser triste ou feliz, monótona ou vivaz, somos todos autores e personagens, escrevemos e somos escritos. Poder-se-ia simplesmente dizer: “Como somos estúpidos”. Ora, mas isso é pobre. Quando se cria uma história, nem por isso deixamos de ser estúpidos, mas somos, em contrapartida e ao mesmo tempo, criativos, e entendemos melhor nossa estupidez. Do buquê enviado à ofensa proferida, tudo é um contar de história. Queremos, talvez em vão, entender o que somos e o que são as demais coisas. E nosso jeito de fazer isso é contar histórias.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

CONTO 35

João queria achar o que escrever no cartão. Algo que expressasse o quanto a namorada está presente na vida dele. Pensou em dizer que a presença dela é epidérmica. Depois, cogitou escrever que ela corre nas veias. Por fim, relatou um sonho: “Sonhei que eu precisava fazer algo que exigiria muito esforço (não lembro o quê), mas que seria bom pra mim. De tão difícil e longo que era, eu quis desistir. Contudo, ainda sonhando, pensei: ‘Não vou desistir, pois será bom pra mim. Além do mais, a Anabela vai achar ótimo eu não ter desistido’”.

LEGIÃO URBANA EM LAGOA FORMOSA

Em minha postagem sobre o livro “Renato Russo – o filho da revolução”, mencionei duas fotos tiradas num lugar chamado Lagoa Formosa. Eu soube, pela leitura, que não era a cidade aqui perto de Patos de Minas, mas em contrapartida não sabia onde precisamente fica a Lagoa Formosa mencionada no livro.

Entrei então em contato com Carlos Marcelo, o autor da obra; ele gentilmente me respondeu: “Sobre Lagoa Formosa, na verdade não se trata da cidade mineira, mas de uma área de lazer próxima à lagoa que batizou a cidade goiana de Formosa e, pelo fato de ser próxima ao Distrito Federal, logo se tornou uma opção de passeio para os moradores da capital”. Em sua resposta, Carlos Marcelo enviou também um link com informações sobre o lugar – caso queira, confira aqui.

Meu obrigado ao autor pela gentileza e rapidez na resposta a meu e-mail.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

FOTOPOEMA 106

APONTAMENTO 57

Algum ente por aí vê todas as coisas? Se vê, vê todas as ruelas, esquinas e não-esquinas do mundo. Se vê, ele me vê agora; ele te vê agora. Ele me viu ontem e viu tudo o que houve antes de mim, bem como verá tudo o que virá depois de nós. Humanamente, vejo, em andares diferentes, um elevador que se fecha e outro que se abre. Pessoas entram e saem. Se algum ente vê tudo, ele vê todos os elevadores do mundo.

domingo, 21 de junho de 2009

RENATO RUSSO - O FILHO DA REVOLUÇÃO

Terminei de ler hoje o excelente livro “Renato Russo – o filho da revolução” (Editora Agir), do jornalista Carlos Marcelo, nascido em 1970.

Certa vez, em entrevista, Renato Russo, nascido no dia 27 de março em 1960, disse que às vezes se sentia como uma espécie de irmão mais velho da juventude brasileira. Carlos Marcelo, nascido na Paraíba mas tendo feito carreira profissional em Brasília, é um desses “irmãos” mais jovens.

No fim do livro, o jornalista comenta que a ideia de escrever sobre Renato Russo já existia desde quando esteve no fatídico show realizado no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia 18 de junho de 1988. A banda deixou o palco antes que o show completasse uma hora; houve quebradeira e gente ferida no estádio.

Um dos grandes méritos do livro é a contextualização histórico-política que o autor faz do Brasil nas décadas de 60 e 70. Enquanto a ditadura descia a lenha, jovens burgueses de famílias ricas iam construindo o rock feito na capital do País.

O show aqui em Patos de Minas, no dia 5 de setembro de 1982, por ter sido o primeiro da Legião Urbana, é mencionado no livro. Curiosamente, há duas fotos tiradas num lugar identificado como Lagoa Formosa. Segundo a publicação, uma das fotos é de 1983 (a outra parece ter sido tirada no mesmo dia – não há a data no livro; uma das fotos está na pág. 5; a outra, na 238).

Consultei no saite do IBGE. A única cidade com o nome de Lagoa Formosa é a que fica perto daqui, o que me leva a crer que Lagoa Formosa devia ser (ou ainda é) o nome de algum lugar em Brasília. (Caso alguém aí saiba, gentileza dizer.)

O livro de Carlos Marcelo é rico em material iconográfico. Há várias fotos de Renato Russo em diferentes fases da vida, bem como fac-símiles dos cadernos do artista, que continham desde rascunhos de letras de música a projetos musicais. Numa das anotações, há a referência ao show aqui em Patos de Minas.

Também é curioso acompanhar os pareceres dos censores do regime militar quando impediam a veiculação de obras musicais, não somente do Legião Urbana. Apesar da tragédia que foi a ditadura, a empáfia e o discurso empoado dos censores soam hoje engraçados e ridículos – o livro tem fac--símiles de alguns pareceres e trechos de outros.

Percebe-se que o livro é fruto do trabalho de um jornalista que é também fã. Por outro lado, os defeitos de Renato Russo não deixam de ser mencionados. A biografia tem o mérito de esmiuçar o ser humano que havia por trás do publicamente atribulado roqueiro. 

FOTOPOEMA 105

sexta-feira, 19 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

AINDA "AS RELAÇÕES PERIGOSAS"

Assisti a uma das adaptações do livro “As relações perigosas” para o cinema. A trama de Choderlos de Laclos já esteve nas telas em 1959, sob responsabilidade do diretor Roger Vadim; em 1989, pelas mãos do diretor Milos Forman; em 1999, em trabalho do diretor Roger Kumble; e em 1988, sob direção de Stephen Frears.

“As relações perigosas” foi o primeiro filme que Frears dirigiu em Hollywood. Os cenários são suntuosos e o figurino é impecável – a película levou Oscar de melhor figurino e melhor roteiro adaptado, escrito por Christopher Hampton. Esse roteiro cinematográfico é adaptação de peça teatral escrita pelo próprio Hampton.

É importante ressaltar que no poderoso livro de Laclos, a trama vai se desenvolvendo por intermédio de cartas. Trechos dessas cartas compuseram a base dos diálogos no roteiro de Hampton. Como sempre, as comparações entre livro e filme são inevitáveis, mesmo tendo-se em mente que cinema e literatura são diferentes meios de expressão.

Antes mesmo de começar a assistir ao filme, fiquei pensando nas saídas que diretor e roteirista teriam pensado ao levar para a tela o universo de Laclos. Eu estava curioso para saber como confeririam densidade aos personagens do livro.

É que Laclos não tem pressa. As seduções a que se dedicam a Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont são lentas, calculadas, malévolas e devastadoras. Eu não diria que eles não têm a capacidade de amar. São capazes de amor (contudo, o próprio Laclos escreveu em carta para uma amiga que a Marquesa de Merteuil era incapaz de amar), embora a própria marquesa vaticine, na tradução de Carlos Drummond de Andrade: “Aonde nos conduz, pois, a vaidade! Tem toda a razão o sábio, quando diz que ela é inimiga da felicidade”.

O Visconde de Valmont e a Marquesa de Merteuil frequentam requintados ambientes e têm um diabólico poder de sedução. Ambos sabem jogar, exercem com elegância e inteligência o encanto que sabem que têm. Conhecem suas qualidades e conhecem o sexo oposto. Tramam, mentem.

Já Cécile Volanges é adolescente, ingênua demais. Presa fácil nas teias do conde e da marquesa. Outra personagem, a Presidenta de Tourvel, casada e fervorosa católica, bem poderia ser a redenção do amor, mas também sucumbe à perversidade dos dois. O próprio Laclos escrevera a uma amiga: “O quadro que eu pinto é entristecedor, concordo, mas é verdadeiro”.

Frears levou para a tela a personalidade dos atores principais. Contudo, as duas horas de filme obrigam o diretor a condensar, a cortar, a ser rápido. Em alguns momentos, chegou a me ocorrer que eu acharia a trama confusa caso não tivesse lido o livro, que nos oferece maior possibilidade de tempo de convivência com os personagens e com o enredo. Sou naturalmente lento ao acompanhar enredos intrincados, e por vezes achei meio confusa a trama no filme – o que não me ocorreu no livro.

Nada sei da peça teatral que foi adaptada para que o filme fosse realizado. Mas como se trata de uma produção rodada em Hollywood, penso ter havido uma série de pressões por parte de estúdio, produtores etc para que a história se tornasse um pouco mais palatável.

No filme de Frears, há uma espécie de discurso do visconde (John Malkovich), já no fim, que me soou muito redentor. O destino da marquesa (Glenn Close) no filme, embora vexatório, é menos trágico do que o destino que lhe cabe no livro.

Claro que tenho em mente que adaptações e ajustes têm de ser feitos, pois que cinema e literatura são linguagens diferentes. À parte isso, o filme não alcança a perversidade e a amarga ironia que o livro tem. Quando os créditos começaram, fiquei pensando no fim comportadinho, digamos assim, do filme, mesmo levando-se em conta o destino trágico de uma personagem virtuosa como a Presidenta de Tourvel.

Com outras palavras: terminado o filme, fica-se com aquele pensamento simplista, a que me referi em postagem anterior sobre o livro de Laclos, de que os maus serão punidos. A despeito dos destinos trágicos da marquesa e do visconde, insisto na ideia de que o livro é profunda e tristemente irônico e sarcástico.

Não somente por causa do personagem Prévan (a que também fiz referência na postagem sobre o livro), que está ausente do filme, mas também pelo prefácio fictício que compõe a obra de Laclos. Nesse prefácio, um editor afirma que falta verossimilhança às cartas, chegando a escrever: “Com efeito, muitas personagens postas em cena têm tão maus costumes que é impossível supor hajam vivido em nosso século; neste século de filosofia, em que as luzes [o livro foi publicado no século XVIII, o século do Iluminismo], espalhadas por toda parte, tornaram, como se sabe, todos os homens tão honestos e todas as mulheres tão modestas e reservadas”.

Tudo muito cínico e tragicamente hilariante. Seria o mesmo que eu criar personagens com "tão maus costumes", valendo-me das palavras do prefácio, vivendo em Patos de Minas e inventar eu mesmo um prefácio dizendo que obviamente o autor se engana, pois que numa cidade tão civilizada como a Patos de Minas de hoje não há maus costumes, não há vaidade. Faltou ao filme esse cinismo.
Ainda no elenco, Michelle Pfeiffer (que faz a Presidenta de Tourvel), Uma Thurman (no papel de Cécile Volange) e Keanu Reeves (como o Cavaleiro Danceny).

terça-feira, 16 de junho de 2009

www.liviosoares.com

Pessoas, há material “novo” em meu site. Digito a palavra novo entre aspas pelo seguinte: é que na verdade regravei parte dos textos em inglês que estavam lá e deletei um ou outro. Caso queiram, gentileza conferir em www.liviosoares.com.

Mais uma vez, muito obrigado a Rusimário Bernardes pela gentil atenção e pelo competente trabalho.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

"AS RELAÇÕES PERIGOSAS"

Terminei de reler hoje o estupendo e imprescindível “As relações perigosas”, de Choderlos de Laclos.

Pierre-Ambroise Choderlos de Laclos nasceu em Amiens, na França, no dia 18 de outubro de 1741. Morreu em outubro ou novembro de 1803 (há divergências entre os biógrafos quanto ao mês).

Durante boa parte de sua vida foi oficial do regimento francês. Envolveu-se com política – foi preso por causa disso. Construiu fortificações. Segundo biógrafos, teria sido excelente marido. Hoje, não é lembrado por nada disso. Tornou-se conhecido por conta de “As relações perigosas”.

O livro foi publicado em 1782. Antes, o autor já se aventurara em versos de ocasião e numa peça teatral, “Ernestine”, que foi um fracasso.

A trama do romance de Laclos se desenvolve por intermédio de cartas. À medida que vamos lendo as missivas, vamos tomando conhecimento do caráter pérfido de dois dos personagens centrais: o Visconde de Valmont e a Marquesa de Merteuil.

A edição que tenho do livro tem a tradução de Carlos Drummond de Andrade. Em posfácio, o poeta escreve um breve relato sobre a vida de Laclos, bem como faz alguns comentários sobre “As relações perigosas”. Escreve Drummond que o livro “depõe contra o tempo, mas principalmente depõe contra a natureza humana”.

De fato. Em linguagem extremamente elegante e requintada, as peripécias cruéis do Visconde de Valmont e da Marquesa de Merteuil vão sendo executadas. Não há um único palavrão no livro, que, ainda assim, explicita a conduta sexual dos personagens, bem como seus hábitos. A linguagem é primorosa, mas o que é narrado é reles.

É um livro cruel e sem amor. Poder-se-ia argumentar que a boa moral e os bons costumes prevalecem, levando-se em conta o que ocorreu com o Visconde de Valmont e com a Marquesa de Merteuil. Parece haver no fim uma moral bastante clara: os maus serão punidos.

Contudo, não vejo assim. Não concordo com o pensamento de que o livro se insere na dialética do mal contra o bem e que este vai triunfar. A obra é mais relativa e tênue do que isso. O fim do livro, em meu entendimento, é de um cinismo absoluto.

Laclos quase faz com que caiamos na armadilha de que o livro “prova” que a maldade será punida, seja de que modo for. Contudo, há um personagem que pouco aparece, mas que em minha opinião destroi a ideia de que “As relações perigosas” é um livro moralista: trata-se do personagem Prévan.

Ele é tão canalha quanto o Visconde de Valmont. Tão pérfido quanto a Marquesa de Merteuil. Lá pelo meio do livro, Prévan aparece, muito rapidamente, e é logo vítima de mais um dos ardis da marquesa. É então ridicularizado nos salões aristocráticos, sendo por fim banido da sociedade. Já nas últimas páginas, volta e é ovacionado.

O retorno triunfal de Prévan dá ao livro um tom profundamente sarcástico, zombeteiro e triste. Ao trocar o Visconde de Valmont por Prévan, a sociedade estava trocando um canalha por outro. Ou ao trocar a Marquesa de Merteuil por Prévan, essa mesma sociedade estava trocando a vileza pela vilania.

Recomendo com fervor a leitura de “As relações perigosas”. Leiam esse livro. Pelo brilhantismo da linguagem (segundo o próprio Drummond, “como escrevia bem esse danado”, referindo-se a Laclos), pelas finas e sofisticadas observações sobre o amor e sobre as diferenças entre o homem e a mulher, pelo teatro social, pelo mesquinho jogo de sedução empreendido pelo Visconde de Valmont e pela Marquesa de Merteuil. E pela atualidade. Sim: pela atualidade.

Se fosse escrito hoje com a mesma estrutura, penso que não haveria cartas na trama, mas, certamente, e-mails. Contudo, as mesmas paixões, encantos, decepções, maldades, sonhos, tramas, amores e mentiras estariam presentes nesses e-mails.

Entretanto, minhas recomendações estão obviamente aquém do que é o livro. Como todo livro necessário, ele não se esgota, ele se mostra mais rico com o passar do tempo, mais profundo. Há onze anos eu o li pela primeira vez; hoje terminei uma segunda leitura. Quero que outras venham.

É minha intenção comentar em breve uma das adaptações para o cinema de “As relações perigosas”.

O DEGREDADO

Ninguém percebeu,
mas você escutava o mundo.

Ninguém percebeu,
mas você carregava o mundo.

Ninguém percebeu,
mas você não era louco.

Ninguém percebeu,
mas você era feliz.

Ninguém percebeu,
mas você tinha o dom da amizade.

Ninguém percebeu,
mas você não era chato.

Todos perceberam
quando você sumiu por um dia.

Poucos perceberam
quando você sumiu por dois dias.

Quase ninguém percebeu,
mas você não está mais entre nós.

MATERIAL NOVO EM LIVIOSOARES.COM

Pessoas, há material novo em meu site – textos gravados por mim. A rigor, a única coisa recente é a gravação. É que os textos foram escritos na primeira metade da década de 90.

Aqui e ali, pode-se escutar um carro passando, uma palavra lida incorretamente... Para piorar, eu estava gripado quando gravei os textos... Ainda assim, caso tenha um tempinho, gentileza conferir.

Aproveito e agradeço a meu amigo Rusimário Bernardes pelo caprichoso e excelente trabalho na publicação dos textos. O material pode ser conferido em
www.liviosoares.com.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

THE CORRS - UNPLUGGED

Ganhei o DVD “The Corrs – Unplugged”, mais um da série da MTV. Hoje, eu o assisti. Antes de assisti-lo, eu vinha conferindo o trabalho da banda. O lado pop é conhecido (chegou a tocar em novela). É um pop polido, muito bem executado.

Mas o que mais me chamou a atenção, e que já pode ser percebido na faceta pop da banda, é um toque folclórico que algumas músicas têm. Caso, por exemplo, das instrumentais “Lough Erin Shore” e “Toss the feathers”, músicas tradicionais irlandesas gravadas pelos quatro irmãos.

Ainda nessa linha, menciono a deliciosa “I know my love” (não está no DVD). É uma canção tradicional, gravada pela banda The Chieftains, com a participação de The Corrs. Melodia e letra são lúdicas, leves. Nesse mesmo astral, não deixe de conferir a também instrumental “Old hag” (do CD "Home").

Os integrantes do grupo The Corrs são Jim Corr (violão, piano), Andrea Corr (vocal principal, flauta irlandesa), Caroline Corr (bateria, percussão, vocais de apoio) e Sharon Corr (violino e vocal de apoio).

No DVD, a banda também apresenta releituras de “Little wing”, de Jimmi Hendrix, “Everybody hurts”, do REM, e “Dreams”, do Fleetwood Mac. Na regravação de “No frontiers”, os vocais ficam por conta de Caroline e Sharon. “The Corrs – Unplugged” foi gravado no dia 5 de outubro de 1999, na Irlanda.

FIAT LUX

LIVRO SOBRE RENATO RUSSO

Pessoas, recebi ontem o livro "Renato Russo - o filho da revolução", de Carlos Marcelo. Assim que o ler, deixo comentário por aqui.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

FOTOPOEMA 95

NASI E MARCELO NOVA

Recentemente, comentei aqui sobre o show do Nasi (que foi vocalista da banda Ira) no Paiolão, durante a Fenamilho.

Na sexta-feira passada, ele e Marcelo Nova (que foi vocalista do Camisa de Vênus) fizeram show em Belo Horizonte. A tônica da apresentação era uma homenagem a Raul Seixas, além de clássicos do Ira e do Camisa.

No show em Patos, Nasi já comentara que o espetáculo tinha a intenção de homenagear Raul Seixas, que morreu há vinte anos.

Estivesse eu em BH, não teria perdido esse show. Gosto demais do trabalho do Camisa de Vênus, bem como do trabalho do Ira. Não bastasse isso, tanto Nasi quanto Marcelo Nova têm algo imprescindível para o rock: pegada.

Nada mais apropriado para homenagear Raul Seixas. (Aliás, é bom lembrar que Seixas e Marcelo Nova gravaram juntos.) Deve ter sido um showzão.

EQUAÇÃO

domingo, 7 de junho de 2009

FOTOPOEMA 94

CONSELHO DE MÃE

Em minha última postagem, eu disse que iria atrás de material da banda The Corrs. Pois bem: há pouco, eu estava escutando com eles a regravação de “Everybody hurts”, do REM. Minha mãe, que está deitada no sofá, no cômodo ao lado, disse: “Que música bonita”.

Devo mesmo escutar The Corrs.

THE CORRS

Com um atraso imperdoável, somente agora estou descobrindo apropriadamente a banda irlandesa The Corrs, formada por quatro irmãos – três mulheres e um homem. Quando trabalhei em rádio, cheguei a rodar músicas da banda, mas confesso que não prestei atenção na época.

Contudo, num bar em que eu estava nesta madrugada, havia um DVD do grupo sendo executado. A princípio, não reconheci que se tratava de The Corrs. Contudo, gostei demais de uma regravação de “Little wing”, do Jimmi Hendrix. Fiquei de pegar um DVD na segunda-feira; cheguei aqui e vi algo no Youtube. Quero escutar The Corrs. Penso que voltarei a falar sobre eles por aqui.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ENIGMA

Revirando velhos arquivos, eu me deparei com a canção “Sadeness”, do Enigma. O título é um trocadilho com sadness (tristeza) e Sade, o famoso marquês. Em inglês, o sufixo -ness forma substantivos. Na época, a crítica disse que o trabalho do Enigma era chato e afetado; fez a alegria das FMs.

Que eu me lembre, é a única canção pop com trechos em latim (e canto gregoriano) a frequentar paradas de rádio. A letra tem também trechos em francês. Como o título já indica, os versos são sobre o marquês de Sade. Em determinado trecho, uma voz pergunta: “Sade, és diabólico ou divino?”.

O Enigma, que logo ficaria conhecido por misturar sensualidade e religião, é um projeto do romeno Michael Cretu. Ele se escondeu por trás do pseudônimo Curly M.C. ao assinar as canções de que era autor. De pouco adiantou: devido ao estrondoso sucesso, rapidamente se ficou sabendo quem era mesmo o tal do Curly M.C.

Além do Enigma, ele também esteve por trás dos sucessos da cantora Sandra, na década de 80. O grande sucesso dela foi “(I’ll never be) Maria Magdalena”, que também tocou demais nas rádios. Cretu e Sandra se casaram em 88.

Abaixo, o original da letra de “Sadeness” e uma tradução liviana do trecho em francês. A parte em latim foi traduzida pelo professor Frederico Sousa, a quem agradeço pela ajuda e paciência.

Sadeness – Enigma

Procedamus in pace
In nomine Christi
Amen

Cum angelis et pueris
Fideles inveniamur

Attollite portas, principes, vestras
Et elevamini, portae aeternales
Et introibit rex gloriae
Qui est iste Rex gloriae?

Sade, dit moi
Sade, donne moi

Procedamus in pace
In nomine Christi
Amen

Sade, dit moi
Qu’est ce que tu vas chercher?
le bien par le mal?
la vertu par le vice?
Sade, dit moi, pourquoi l'evangile du mal?
quelle est ta religion où sont tes fideles?
Si tu es contre Dieu, tu es contre l'homme
Sade, es tu diabolique ou divin?

Sade, dit moi
Hosanna
Sade, donne moi
Hosanna
Sade, dit moi
Hosanna
Sade, donne moi
Hosanna

In nomine Christi
Amen
_____

Prossigamos em paz
Em nome de Cristo
Amém

Na companhia de anjos e crianças
Que se achem os fiéis

Erguei vossos portões, oh, principais
E sede elevadas, oh, portas eternas
E entrará o rei da glória
Quem é este Rei da glória?

Sade, me diz
Sade, me concede

Prossigamos em paz
Em nome de Cristo
Amém

Sade, me diz
O que é que procuras?
o bem por meio do mal?
a virtude por meio do vício?
Sade, me diz: por que o evangelho do mal?
qual é tua religião? onde estão teus fiéis?
Se és contra Deus, és contra os homens
Sade, és diabólico ou divino?

Sade, me diz
Hosana
Sade, me concede
Hosana
Sade, me diz
Hosana
Sade, me concede
Hosana

Em nome de Cristo
Amém

quarta-feira, 3 de junho de 2009

ADRIANA CALCANHOTO E RENATO RUSSO

Fui até o Youtube a fim de assistir a uma gravação feita ao vivo de "Andrea Doria", do Legião. Antes mesmo de conferir o vídeo, dei uma olhada nas demais opções. Uma delas dava conta de Adriana Calcanhoto e Renato Russo cantando “Esquadros”, canção de que sempre fui fã. Muito curioso, cliquei logo para assistir. Afinal, era a chance de conferir, juntos, dois artistas que admiro demais – o vídeo está logo abaixo.

Em 1992, tive o privilégio de assistir a um show do Legião em Uberlândia. Cheguei à cidade ainda de manhã, para comprar o ingresso. Garantida a entrada, fui até um dos grandes hoteis da cidade para perguntar se a banda ficaria hospedada lá. Ficariam num outro. Fui até esse outro e perguntei a que horas chegariam.

Como o pessoal da recepção disse que não sabia, fiquei aguardando. Fui até uma papelaria em frente ao hotel e comprei papel e caneta, com a intenção de conseguir um autógrafo. O Legião chegaria umas quatro horas depois.

Assim que entraram, um segurança barrou o acesso dos fãs. Ficamos esperando, enquanto Renato assinava papeis na recepção. Um garoto de uns 12 anos passou por baixo do segurança. Se fosse trazer o garoto de volta, os demais fãs entraríamos...

Da entrada, pude ver Russo autografando os discos do garoto. Depois que terminou de autografá-los, o cantor veio até nós, que ficamos abobalhados de verdade, sem saber o que dizer. Ele então tomou a iniciativa:

– Oi, gente.

Aí, foi aquela loucura: todos queriam autógrafo.

Chegada minha vez, perguntei para ele:

– Renato, você se lembra de ter tocado em Patos de Minas?

Ele, frágil e baixo, olhou para cima, fazendo cara de surpreso, e me perguntou:

– Lembro. Cê tava no show?!

– Não. Na época eu tinha onze anos.

– Pô... Tô ficando velho...

Saí feliz do hotel por ter conseguido pegar um autógrafo. Sobre o show, escrevi na época. Caso queira, confira no site liviosoares.com.


terça-feira, 2 de junho de 2009

SILÊNCIO E VOZ

Melhor nem escutarem meu grito.
Grito melhor quando escrevo.
O que não se pode,
é deixar de achar a própria voz,
o próprio grito, o próprio silêncio.
Por piores que sejam.
Por melhores que sejam.

A(S) HISTÓRIA(S) POR TRÁS DA(S) FOTO(S) (53)

Geralmente não gosto de fotografar animais domésticos. Contudo, quando vi o cachorro acima, logo tive vontade de registrar.

Nada entendo de cães, de modo que não sei a que raça o espécime pertence. Eu estava lá no bairro Copacabana, lugar a que frequentemente vou para fotografar. Prestando atenção no ambiente, em busca de algum animal selvagem, eu me deparei com o cachorro acima. A foto foi tirada hoje (2/6).

E já que o assunto está canino, aproveito para postar a imagem abaixo. Foi feita no dia 7 de setembro de 2006. Na ocasião, eu havia sido contratado para fotografar o primeiro Festival de Teatro Universitário de Patos de Minas.

Os organizadores fizeram pelas ruas uma caminhada performática que contou com a participação de alguns dos grupos teatrais que vieram de outras cidades. Enquanto eu fotografava o pessoal do teatro, vi o cachorro passando, lá na Getúlio Vargas. (Também não sei a que raça pertence.)


Em tempo: enquanto eu digitava o texto acima, eu me lembrei de uma outra foto que tirei de um cachorro, nessas minhas andanças. Nada me recordo dos bastidores da imagem, que vem a seguir. A única coisa que posso afirmar é que o registro foi feito no dia 20 de setembro de 2005 (a informação é registrada no arquivo digital). Quanto à raça, parece-me ser um vira-lata.

FOTOPOEMA 92

APONTAMENTO 56

A falta de tato e a truculência de alguns médicos me faz pensar que deveriam ler um pouco de Oliver Sacks. Em seus livros, ele passa a sensação de realmente se importar com os pacientes. Poderia ser argumentado que Sacks estaria, por assim dizer, fazendo um personagem em seus livros; que no dia-a-dia com os pacientes talvez ele nem se importe tanto assim. Ainda que seja o caso (não sei se é), pelo menos os livros dele exibem um personagem que de fato inspira. A profissão de médico é mesmo belíssima. Mas há profissionais que conseguem fazer dela uma das mais feias.

LETRA DE MÚSICA (9)

Filho, tivesse eu a receita
Não sei nem de mim, meu amigo
Mal chegaste e já sou outro
Sou abnegação e zelo

Torço para que sejas menos tolo do que eu
Tivesse eu feito para mim o que quero para ti
Que eu saiba te dar chão e estrelas
Sou abdicação e cuidado

Olho tua fragilidade, tua pequenez
Que mundo herdarás, serás feliz?
Que tua estrada te conduza à velhice
Sou dedicação e ternura

O mundo inventou muita bobagem
Tem cuidado e lapida o coração
Faz teu caminho, escala tuas montanhas
Sou agora amor próprio e o próprio amor

LETRA DE MÚSICA (8)

Ter de me virar com a saudade
Agir como se eu tivesse força que não tenho
Invento o que fazer, exerço talento
Por dentro, o fogo; por fora, a calma

No silêncio do quarto, no agito da madrugada
Na rua aqui perto, na cidade distante
Eu viajo, eu converso, eu desconverso
Começo, rio, passo, tropeço, vitória

Eu me guio pela fartura das estrelas
Campos de girassóis douram meu caminho
Arrebóis me acompanham em andanças
Falta tua luz para que eu brilhe como tudo

segunda-feira, 1 de junho de 2009

FOTOPOEMA 91 / HAICAI 18

(Em recente comentário neste blogue, o leitor e amigo Manoel Almeida me perguntou se para a série de fotopoemas já ocorrera de eu produzir uma foto para determinado texto. Respondi que não. Mas, pensando bem, Manoel, isso não deve ser verdade. Por certo, já produzi uma imagem para ilustrar um texto específico, embora não me lembre. Digo isso porque a imagem abaixo foi feita hoje para ilustrar o haicai, escrito no ano passado.)