terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CONTO 30

Trilhando caminho empoeirado, Fabiana arranca de velha árvore um galho seco. A terra é fofa, não vê água há meses. Com o galho, Fabiana imprime no chão: “Eu te amo”. Tira então uma foto da inscrição e a envia para o namorado. Ele, professor, somente a partir de então compreende claro que tudo o que se escreve, é como se sobre a lousa estivesse escrito, seja uma declaração de amor publicada na poeira, palavras digitadas em máquina ou cartão que se envia. Chegado o dia do fim das coisas, tudo será mesmo apagado. Mas é preciso escrever.

2 comentários:

Anônimo disse...

isso me deixa triste, porque as vezes não consigo encontrar motivação pra "escrever", sabendo que fatalmente vai ser apagado.

Lívio Soares de Medeiros disse...

Quanto a isso, Gabriela, sou mais "teimoso" e "cara-de-pau": sigo escrevendo.

Acho que no fundo estou seguindo um "preceito" do Jorge Luis Borges. Não me lembro das palavras exatas, mas a idéia é a de que tudo se edifica sobre a areia, mas temos de edificar como se edificássemos sobre pedra.