“Dar o peixe não funciona. É preciso ensinar a pescar”, dizem os que usurparam todas as águas.
terça-feira, 28 de junho de 2022
Pescaria
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quinta-feira, 23 de junho de 2022
Irmandade
A corrupção vinda de pastores, no governo Bolsonaro e fora dele, é a prova de que deus é mesmo um bom negócio.
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Culto
Ministro abre o MEC para dois pastores.
Aleluia, irmão!
Ministro manda inserir a cara dele em impressão de Bíblias.
Aleluia, irmão!
Só recebendo ouro, pastor libera recurso.
Aleluia, irmão!
Só abrindo igreja, pastor libera verba.
Aleluia, irmão!
Só recebendo dinheiro, pastor libera obra.
Aleluia, irmão!
Ciente, mandatário não demitiu ministro.
Aleluia, irmão!
Enquanto isso, mandatário torra grana com cartão corporativo.
Aleluia, irmão!
Deus proverá inocência.
Aleluia, irmão!
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"Podem correr a sacolinha"
Em suma, tem-se: o Milton Ribeiro, que foi ministro da educação de Bolsonaro, por quem ele, Bolsonaro, disse que colocaria a cara no fogo, deixou os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura negociarem, no MEC, distribuição de verbas para as prefeituras. Em troca, uma igreja aqui, outra acolá, um quilo de ouro aqui, R$ 15 mil acolá... Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luis Domingues/MA, e Luciano Almeida (União Brasil), prefeito de Piracicaba/SP, mencionaram as contrapartidas com que teriam de arcar para conseguir verbas. Quando ministro, Milton Ribeiro não foi dispensado por Bolsonaro — na tentativa de livrar a pele, Ribeiro pediu para sair do governo. Faz sentido Bolsonaro não o ter mandado embora: dentre outras “pérolas”, o então ministro disse que a universidade deveria ser um espaço “para poucos”. Exatamente por pensar coisas desse naipe é que ele se tornou ministro de Bolsonaro. Aleluia, irmão!
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domingo, 12 de junho de 2022
Fome
O Brasil foi construído sobre as bases da degradação, exterminando índios, escravizando africanos e descendentes. Oligárquico em essência, o Brasil do século XXI tem uma elite tão nefasta quanto a dos cidadãos que defendiam o comércio escravagista. Hoje, trinta e três milhões de brasileiros passam fome. O bolsonarismo é elitista, cruel. Se o presidente perder as eleições, não será por mudança de mentalidade de parte da classe média e da elite. Além do mais, há pobres que, mesmo sendo as maiores vítimas do bolsonarismo, apoiam o chefe do executivo federal. A elite vai continuar comendo bem, parcela da classe média vai tolamente continuar se orgulhando de perder poder aquisitivo. Só que o bolsonarismo é especialista em matar pobres, de cujos votos precisa também. Embora tendo o voto de milhões desses pobres, milhões deles estão com fome. Como no velho ditado, “saco vazio não para em pé”. Mortos (de fome) não votam.
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sexta-feira, 10 de junho de 2022
Bulgákov e Drummond
O russo Mikhail Bulgákov é autor de uma novela intitulada Morfina. O narrador, um médico, está a trabalho num ermo russo, numa pequena localidade. Convive com pacientes e com colegas de trabalho. O médico se envolve com uma enfermeira. Escreve ele: “Anna K. tornou-se minha amante. Não podia ser diferente, de jeito nenhum”. Posteriormente, o Drummond escreveria: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”.
Limite
A extroversão, quando não exercida com inteligência, facilmente descamba para a inconveniência.
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Bradesco
Depois do estúpido vídeo elogiando o exército, gravado por Octavio de Lazari Junior, diretor-presidente do Bradesco, algumas pessoas anunciaram boicote contra a empresa ou instaram os clientes dela a encerrarem as contas que têm. O boicote e o pedido têm boas intenções, mas são ineficazes. Levando-se em conta a beligerância e a ignorância, que supõem que prestar continência e impor disciplina tacanha implicam lisura e patriotismo, arrisco: o período de cinco de junho a cinco de julho deste ano terá aumento no lucro do Bradesco de pelo menos trinta por cento em relação ao mesmo período do ano passado. O vídeo de Lazari fará com que o banco passe a ter mais clientes.
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Octavio de Lazari Junior
Não país
O rico finge falar inglês ou ser europeu.
A classe média finge ser rica.
O país que nunca foi finge que é
enquanto o pobre, sem fingir,
cata comida no lixo.
O Brasil, arremedo de país,
feito de um arremedo de consciências,
louva um arremedo de estadista
com base num arremedo de jornalismo.
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Haicai
Orgulho na chacina.
Matar pobres e pretos,
consideram faxina.
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Que nada
Saúde? Educação? Que nada!: as prefeituras contratam shows de artistas com fama nacional, uma estratégia eficaz. A multidão sai do espetáculo se sentindo curada e alfabetizada, não se dando conta de que está enferma e ignorante.
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